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Capital

Só praças "adotadas" por moradores não estão abandonadas e têm lazer

Helton Verão | 19/08/2013 08:21
Seu Ari teve seu nome batizado à praça por cuidar muito bem dela (Foto: Marcos Ermínio)
Seu Ari teve seu nome batizado à praça por cuidar muito bem dela (Foto: Marcos Ermínio)

Abandonadas pelo poder público, as pequenas praças espalhadas pelos sete setores do Conjunto Aero Rancho, o bairro mais populoso de Campo Grande, são adotadas pelos moradores. A cidadania acaba garantindo a preservação dos espaços verdes e mantendo áreas de lazer para as comunidades. Só o trabalho voluntário para superar o descaso e a escuridão ao cair da noite.

Entre as praças, a mais famosa é a do "senhor Ari". Isso mesmo, a praça leva o nome do ex-comerciante, que cuida dela há 25 anos. “Criei meus filho aqui, construi esses bancos, plantei essas árvores, pago todo mês para trabalhadores fazerem a limpeza, aqui é uma extensão da minha casa”, responde o Ari Flores.

Ele desembolsa um valor alto para manter a praça. Além de ceder a energia da própria residência para iluminar esta que parece a mais verdadeira “praça” de todas visitadas. “Gasto todo mês R$ 250 reais para a limpeza e a energia da praça é por minha conta, vocês podem ver que toda a fiação sai da minha casa”, mostra Flores.

Sobre todos no bairro chamar a praça pelo seu nome, Ari é humilde na avaliação. “Acho que só chamam ela assim porque já tive um comércio em frente a ela”, avalia.

Diferente das demais praças, essa seu Ari garante que é bem frequentada aos fins de semana pela vizinhança pelos atrativos, como bancos, árvores, sombras e uma atenção digna.

Praça onde já existiu um campo de areia, bancos e iluminação, hoje tem penas as mudas da dona Neraci (Foto: Marcos Ermínio)
Praça onde já existiu um campo de areia, bancos e iluminação, hoje tem penas as mudas da dona Neraci (Foto: Marcos Ermínio)

Outra moradora, sem aguentar esperar pela assistência das autoridades, colocou a mão na massa. Neraci Ferreira, 53 anos é uma das primeiras moradoras do bairro, há mais de duas décadas. Ele mora em frente a praça da rua Audax Camargo César com travessa Ricky Nelson e, de uns meses para cá, plantou 27 mudas de diversas espécies.

“Plantei ipês, goiabeiras, jabuticabeiras, meu sonho é ver toda essa quadra com sombras. Se pensarmos em praça aqui na região as únicas dignas estão dentro do Parque Ayrton Senna”, comenta a moradora.

“Praça” localizada na esquina das ruas Aziz Salamene com Audax Camargo César não possui  um banco sequer (a não ser do ponto de ônibus), além de terra e postes com luzes queimadas
“Praça” localizada na esquina das ruas Aziz Salamene com Audax Camargo César não possui um banco sequer (a não ser do ponto de ônibus), além de terra e postes com luzes queimadas

O outro lado - Moradores dizem que há anos onde deveriam existir traves, redes e bancos, para a pratica de esportes e lazer, existe apenas um espaço vazio sem nada. Um dos piores exemplos é a “praça” localizada na esquina das ruas Aziz Salamene com Audax Camargo César.

No local não existe um banco sequer (a não ser do ponto de ônibus), apenas terra e postes com luzes queimadas. “Moro aqui há oito anos, já fazem três anos que a praça não tem iluminação, as luzes ficavam ligadas o dia inteiro até que queimaram e não funcionaram mais”, comenta o borracheiro José Aparecido Matos, 53 anos.

De acordo com Matos, em razão da escuridão que toma conta do local quando anoitece, o espaço vira área de consumo de droga. “É só o dia acabar que o cheiro forte de droga cresce”, conta o borracheiro. José lembra que a melhor fase da praça foi quando havia um trailer de lanches e os proprietários cuidavam da estética do bairro.

Na rua Pedro Corrêa da Silva, com a Ivete Vargas, um playground e um campo de areia estão instalados na praça, sem manutenção
Na rua Pedro Corrêa da Silva, com a Ivete Vargas, um playground e um campo de areia estão instalados na praça, sem manutenção

Algumas quadras dali, na rua Pedro Corrêa da Silva, com a Ivete Vargas, um playground e um campo de areia estão instalados na praça. Mas depois de muitos anos, a areia do campo quase toda se foi e o parquinho está com brinquedos danificados. “Desde que mudei para cá, há três anos a praça está nesta situação, naquela época as pessoas frequentavam bastante ela, mas agora ninguém pisa nela e não querem deixar as crianças brincarem” revela o fiscal de lojas, Marcelo Soares, referindo-se aos inúmeros riscos de doenças na areia frequentada por animais.

O morador ainda conta que a vizinhança colabora para a depredação da praça. “Jogam lixo, além de termos que esperar o enorme tempo para a prefeitura vir limpar ainda jogam lixo”, ressalta Soares.

O Campo Grande News entrou em contato com o secretário de Infraestrutura, Transporte e Habitação, Semy Ferraz, para saber de algum projeto de revitalização para o bairro.

Semy diz atravessar um momento de criação e avaliação de projetos para os bairros. E prometeu avaliar as situações das praças do Aero Rancho. “Iremos analisar os casos onde possamos instalar campos de esportes, academias ao ar livre e playground às crianças”, respondeu Ferraz.

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