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Capital

Trabalho de faculdade se transforma em ação solidária na região do lixão

Viviane Oliveira | 12/01/2012 18:15
A associação fica na rua Lúcia dos Santos, no bairro Lageado. (Fotos: Simão Nogueira)
A associação fica na rua Lúcia dos Santos, no bairro Lageado. (Fotos: Simão Nogueira)

O que era para ser só mais um trabalho de faculdade se transformou em uma ação solidária, que beneficia famílias vizinhas ao lixão da saída para Sidrolândia, em Campo Grande. Há 5 meses, seis amigos se reúnem pelo menos três vezes por semana para exercer o voluntariado.

O Cidadão Feliz, nome dado ao projeto, surgiu em agosto, quando os amigos, ao desenvolver a atividade acadêmica no local, de cursos diferentes mas da mesma instituição, perceberam uma realidade que incomodou. “O pais iam trabalhar no lixão e as crianças iam juntas”, disse a diretora da associação Talita Faria Ferreira.

Foi criada, então, a Associação de Amparo as Mulheres e Crianças da região do Dom Antônio, que banca o projeto, por meio de doações.

Conforme Talita, o trabalho começa primeiro com os pais. Os voluntários visitam as casas para conhecer a história de cada criança e procuram ajudar no que eles mais precisam de imediato. “A gente explica que é tudo por meio de doação. Assim que vamos conseguindo as coisas a gente passa a ajudar as famílias também”, explica.

O foco da ação são as crianças de 5 a 10 anos. Atualmente 15 crianças estão cadastradas para atividades, três vezes na semana. No período oposto das aulas escolares, as crianças frequentam a associação. Lá, têm auxílio para as tarefas escolares, aula de informática, teatro, além do lanche, que os voluntários fazem questão de servir. Em um bairro tão carente, a refeição acaba funcionando como uma espécie de convite para o retorno.

“Nosso objetivo é trazer o maior número de crianças dos bairros Parque do Lageado, Dom Antônio Barbosa, Parque do Sol e Cidade de Deus. Nós sabemos que são crianças muito carentes e que a maioria delas têm problemas familiares”, afirma Talita.

Também voluntária do projeto, a acadêmica de pedagogia Valquíria Moreira Pereira disse que cada criança tem uma história diferente. "Queremos trazer essas crianças para associação, não é um trabalho fácil porque depende muito o incentivo dos pais", acrescenta.

Os voluntários visitam as casas para conhecer a história de cada criança e ajudam no que os pais precisam. Laida disse que quer fazer curso de cabeleireira.
Os voluntários visitam as casas para conhecer a história de cada criança e ajudam no que os pais precisam. Laida disse que quer fazer curso de cabeleireira.

Força de vontade - Por enquanto muita coisa ainda sai do bolso dos voluntários, como por exemplo, o aluguel do salão usado para o projeto. Só para essa despesa são R$ 500, além da água, da energia e do lanche para as crianças.

Talita conta que o serviço de telemarketing para pedir doações é feito pelo próprio grupo. “Nós temos alguns parceiros, mas por enquanto eles ajudam apenas com materiais”.

Outra dificuldade é conseguir voluntários para as atividades oferecidas. A diretora explica que a associação conseguiu um voluntário para dar o curso de informática, mas falta profissional para fazer a manutenção dos computadores.

Visitas - Como antídoto aos obstáculos, o diferencial do grupo é a força de vontade para mudar pelo menos um pouquinho a história dessas crianças que vivem em uma das regiões mais pobre e violenta de Campo Grande.

O Campo Grande News acompanhou na tarde de ontem (11) as duas voluntárias, Talita e Valquíria, nas visitas às famílias na região do Dom Antônio Barbosa.

Márcia Surubi, 58 anos, avó de uma das crianças atendidas disse que a iniciativa das meninas é ótima. “Acho bom porque elas não ficam na rua, além de ocupar a cabeça com coisas saudáveis”, afirmou.

Outra residência visitada foi a de Laida Andréia Samulha, 33 anos, mãe de seis filhos, de 16, 14, 10, 8, 3 e 1 ano. Talita contou que conheceu Laida pedindo comida nas casas dos vizinhos.

Outro trabalho das voluntárias é fazer um questionário para saber qual curso profissionalizante as mães tem intenção de fazer. “Nós vamos saber o que elas querem para ir atrás de voluntários e materiais para o curso da preferência da comunidade”, afirma Talita.

Laida mora no residencial José Teruel, na Cidade de Deus, ela disse que quer fazer um curso de cabeleireira para montar um salão.

Almoço beneficente - No dia 12 de fevereiro, os voluntários irão fazer um almoço para arrecadar dinheiro para associação.

O almoço será servido no centro comunitário do Parque do Sol, na rua Evelina Selingardi, 854. Quem quiser fazer doação para o almoço, cujo cardápio terá bobó de frango, pode entrar em contato com a Talita no telefone 9205-8004.

Márcia disse acha bom o projeto porque evita das crianças ficarem na rua.
Márcia disse acha bom o projeto porque evita das crianças ficarem na rua.
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