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Capital

Um mês depois, defesa e vítimas de PRF vivem tempo de espera e feridas

Aline dos Santos | 31/01/2017 10:46
Caminhonete de Adriano foi levada para delegacia no Centro em 31 de dezembro. (Foto: Alcides Neto)
Caminhonete de Adriano foi levada para delegacia no Centro em 31 de dezembro. (Foto: Alcides Neto)

Um mês depois de o comerciante Adriano Correia do Nascimento, 32 anos, ser morto por um policial rodoviário federal após briga de trânsito, o tempo é de espera e cuidar das feridas. Esperam a defesa de Ricardo Hyun Su Moon, 47 anos, preso após uma Justiça com efeito bumerangue; e as vítimas.

“Estou esperando pela Justiça, aguardando o resultado. A gente está superando devagar”, diz Agnaldo Espinosa da Silva, 48 anos, amigo de Adriano, que estava na caminhonete Hilux em companhia do enteado de 17 anos. Ele conta que as primeiras horas de 31 de dezembro, o último dia de 2016 e quando a confusão de trânsito na avenida Ernesto Geisel virou assassinato, teimam em voltar à memória em formato de flashes.

Ao passo que a fratura no braço melhora, mas ainda dói, o sono só é garantido com medicamentos. “Vou começar a fisioterapia e ainda dói muito. E vem na mente, toda hora, aquela barbaridade, aquela covardia”. Após ser baleado, o condutor perdeu o controle do veículo e a caminhonete bateu em um poste.

Agnaldo conta que viu a sua perda e dos familiares de Adriano ressoar na sociedade. “A gente recebeu bastante solidariedade nas redes sociais e pessoalmente. È um fato que marcou muito a vida da gente. Todo mundo ficou chocado com o que aconteceu. Não só a família da gente, nossos familiares”, diz. Segundo ele, os restaurantes, legado de Adriano, seguem em frente sob comando da mãe do empresário e seu sobrinho.

Depois de ser preso e solto no período de quatro dias e pelo mesmo juiz, o policial Ricardo Moon segue atrás das grade desde 5 de janeiro. No dia 11 de janeiro, ele participou da reconstituição do crime. A avenida Ernesto Geisel, em Campo Grande, foi interditada entre 5h e 8h20 e a imprensa foi mantida à distância dos trabalhos.

Em tempo de espera, a defesa do policial ainda aguarda documentos antes de qualquer tentativa de libertá-lo. “Falta exame de alcoolemia, reconstituição, que não está no processo. Vamos mexer quando estiver tudo em mãos. Não posso requerer faltando documentos”, diz o advogado Renê Siufi.

Na versão do policial, que é lotado em Corumbá e seguia em um Mitsubishi Pajero para a rodoviária, o condutor da Hilux provocou suspeita pela forma que dirigia e fez a abordagem após ter sido fechado. Nos depoimentos, ele reforçou que sempre se identificou como policial.

Rircardo Moon foi denunciado por homicídio doloso contra Adriano e tentativa de homicídio contra Agnaldo e o enteado. A denúncia do MPE (Ministério Público Estadual) chegou dia 23 à 1ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande. O promotor Eduardo José Rizkallah avalia que até maio o juiz decida se manda o réu a júri popular ou não.

“Não veio mais nada depois que ofereci a denúncia, mas requeri muitas diligências”, diz. Os próximos passos incluem citar o preso, notificar a defesa, ouvir as testemunhas de acusação e defesa, além do interrogatório do réu. “Como é um caso de réu preso, acredito que ele [juiz] vai encerrar em três, quatro meses no máximo”, afirma o promotor.

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