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Capital

Vamos sempre "olhar e lembrar", diz viúvo sobre casa onde incêndio matou esposa

Idosa, de 72 anos, morreu carbonizada durante incêndio em residência na última quarta-feira

Paula Maciulevicius Brasil e Bruna Marques | 09/07/2021 13:56
Família em foto de 2014, na comemoração de aniversário do neto. Filha Isabela que estava no momento do incêndio, o marido Marco e a idosa que morreu, Iva. (Foto: Reprodução/Facebook)
Família em foto de 2014, na comemoração de aniversário do neto. Filha Isabela que estava no momento do incêndio, o marido Marco e a idosa que morreu, Iva. (Foto: Reprodução/Facebook)

O marido de Iva Maria Ferreira Stuani, de 72 anos, a idosa que morreu no incêndio dentro de casa, na Rua Spipe Calarge, em Campo Grande na última quarta-feira (7), falou hoje sobre a esposa.

Afirmando que os dois estavam casados sim, mas moravam separados, porque ele é funcionário público em São Paulo, Marco Stuani, de 66 anos, diz que a mulher gostava das coisas simples da vida e acredita que o incêndio tenha começado no ateliê.

"Minha mulher é artesã, pinta quadros, faz obras de madeira, panos, coisas em pallets. Ali no fundo era esse ateliê que ela tinha tinta para quadro, pintura, compressor e pirógrafo", descreve Marco. O marido ainda conjuga os verbos no presente ao se referir à esposa.

Questionado se o fogo teria começado por uma vela deixada acesa, o marido diz que não pode confirmar, e que a esposa tinha o hábito de acender vela no cemitério junto ao túmulo do filho, não em casa.

Imagens da casa na manhã seguinte ao incêndio. (Foto: Henrique Kawaminami)
Imagens da casa na manhã seguinte ao incêndio. (Foto: Henrique Kawaminami)

Apesar de vizinhos dizerem que Iva andava depressiva e muito triste depois da morte do filho, cirurgião dentista que faleceu em abril deste ano, Marco diz que era a tristeza normal da perda, mas nada fora do esperado.

"Eu falo com ela, falava com ela todo dia. Até o dia anterior, eu estava em São Paulo, nós conversamos, demos risada normal lembrando de momentos. Lógico que a tristeza era imensa, mas em nenhum momento ela tinha estado de depressão ou qualquer coisa assim", assegurou Marco.

O incêndio começou por volta das 20h de quarta-feira. Dona Iva estava na casa com a filha de 29 anos e um neto. Os três moravam juntos. Segundo o boletim de ocorrência, a jovem contou que estava no quarto quando o filho avisou do fogo.

Mãe e filha tentaram apagar as chamas usando baldes de água e mandaram que a criança ficasse dentro do banheiro, com o chuveiro ligado. Como as chamas estavam muito altas, a filha também foi para o banheiro e, conforme depoimento dado à polícia, chamou Iva para ir junto, mas a idosa continuou tentando apagar o fogo.

Fogo começou nos fundos de casa, em ateliê e chegou a atingir carro da família. (Foto: Henrique Kawaminami)
Fogo começou nos fundos de casa, em ateliê e chegou a atingir carro da família. (Foto: Henrique Kawaminami)

Em São Paulo, Marco diz ter sido avisado ainda durante à noite e conseguiu pegar um voo logo nas primeiras horas da manhã de ontem. Foi ele quem liberou o corpo da mulher no IML. A filha e o neto foram socorridos pelos bombeiros.

Na noite do incêndio, os bombeiros relataram dificuldade em abrir a porta da casa, porque um sofá estava encostado obstruindo a passagem. Marco explicou que a entrada na casa se dava pela porta da varanda e a da sala ficava mesmo fechada.

"A gente tem o hábito, como tem criança pequena, de não entrar direto da rua na sala. Usamos a porta da cozinha, até porque tem a varanda grande, onde a gente ficava mais lá sentado mesmo", fala.

Como a entrada se dava pela porta da cozinha próximo ao fundo da casa onde começou o incêndio, se dona Iva tentou fugir por ali, não conseguiu. O corpo encontrado pelos bombeiros carbonizado.

O filho que morreu em abril, Marco também esclarece que não foi de covid, e sim um tumor no pâncreas. O rapaz tinha 41 anos, ficou internado 50 dias na UTI, era casado e deixou dois filhos.

Bombeiros foram acionados e tiveram de arrombar porta da frente para salvar jovem e filho. Idosa já estava sem vida. (Foto: Adriano Fernandes)
Bombeiros foram acionados e tiveram de arrombar porta da frente para salvar jovem e filho. Idosa já estava sem vida. (Foto: Adriano Fernandes)

Sobre continuar vivendo na casa onde tudo aconteceu, o marido diz que ainda é uma coisa que não dá para prever. "Serão lembranças... Ela morreu lá, caiu no fundo do quintal e lá ela morreu. É uma coisa que você vai sempre olhar e lembrar. Tenho que arrumar um lugar para morar, mas isso aí é outra coisa, nem pensamos nisso", diz.

Tanto ele como a filha e o neto estão na casa de amigos.

"Como mãe, avó e esposa ela era excepcional. Sempre alegre, tinha um amor grande pelos filhos, netos, uma bondade muito grande. Era uma pessoa da terra, que gostava aqui do nosso Mato Grosso do Sul", diz.

Os dois estavam casados há 40 anos, segundo Marco. "Agora a família vai diminuindo. Eu não posso morrer, preciso cuidar deles da forma que eu posso", finaliza.

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