Vitória mesmo é de mãe que levou filho autista para assistir à Seleção em bar
Davi tem resistência em ficar em ambiente muito cheio

Muito além da felicidade registrada nas imagens durante os gols marcados pela Seleção Brasileira no jogo de estreia na Copa do Mundo, a esteticista Ivonete Dias, 43 anos, conseguiu vitória quiçá muito maior do que ocorreu em campo: tirou o filho de casa. E não, não se trata de um adolescente que prefere passar os dias trancado no quarto. Davi Dias Mello, 15 anos, tem TEA (Transtorno do Espectro Autista) e embora seja em grau leve, tem resistência em permanecer em locais com muitas pessoas.
Mesmo assim, seguindo o coração de mãe que (quase nunca) se engana, Ivonete conseguiu convencer o filho a ir assistir ao jogo no Bar Olé, nos altos da Afonso Pena, e deu certo. O adolescente não só aceitou bem o ambiente como conseguiu aproveitar a partida com direito a dois gols de seu jogador preferido, o atacante Richarlison.
“Estou quase chorando aqui. Estou muito feliz por tudo que estou vendo”, comemorou ao ver que a experiência deu certo. “Porque é quase impossível tirar ele de casa, não gosta de muvuca”, contou. Ela relata que Davi não é muito ligado ao esporte, mas quando o assunto é a Seleção, o jogo vira.
Com memória boa, o menino, que tem altas habilidades, elegeu seu preferido quando assistia a um amistoso entre Brasil e Gana em que Richarlison tentou fazer um gol de bicicleta e não conseguiu. Ivonete, na ocasião, comentou que o jogador não deveria insistir no movimento e foi repreendida pelo filho. “Ele está treinando”, respondeu.
E Davi estava praticamente certo. Nome absoluto da partida, Richarlison marcou o segundo gol ensaiando a posição. Enquanto a reportagem conversava com a esteticista, ele fez questão de falar no ouvido dela “e os dois gols foram dele”.
Dificuldade – Mas nem sempre ver a Copa fora de casa é o melhor dos mundos. A mãe conta que devido ao transtorno do filho não ser visível, há dificuldade em conseguir atendimento prioritário.
“Hoje eu consegui prioridade para entrar aqui, mas nem sempre é assim. Em muitos casos eu tenho que explicar repetidas vezes, e ele (Davi) tem um limite mais curto de tolerância para esperar por exemplo, então acabo desestimulada”, disse ela que ainda não sabe se vai repetir a dose nos próximos jogos do Brasil.