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Cidades

De 8 testemunhas, apenas 1 viu briga que matou Rogerinho

Redação | 25/11/2009 16:47

Das oito testemunhas que prestaram depoimento à Polícia Civil, apenas uma disse ter visto a briga de trânsito que resultou na morte de Rogério Mendonça, o Rogerinho, de apenas dois anos, ocorrida na última quarta-feira (18), em Campo Grande.

Um estudante da escola Neon, cujo nome e idade são preservados pela Polícia, estava na avenida Mato Grosso no momento em que Aldemir Pedra Neto, que conduzia a caminhonete L-200 onde Rogerinho estava, discutiu com o jornalista Agnaldo Ferreira Gonçalves.

Ele confirmou à Polícia a versão do avô do menino, João Afonso Pedra, de 51 anos, que foi contada também por Aldemir, de que não houve agressões a Agnaldo, como ele havia alegado à Polícia.

De acordo com a testemunha, o que ocorreu durante a briga foi um empurrão de Aldemir, depois que Agnaldo foi para cima dele.

Além do aluno, foram ouvidos dois ocupantes de um veículo que estava à frente da caminhonete, no qual Aldemir bateu após os disparos; uma estudante da Funlec; o aluno do Neon, único que disse ter presenciado a discussão; uma senhora que tem um carrinho de pipocas na avenida; e o passageiro de um veículo que estava próximo.

Nenhuma dessas testemunhas esclareceu detalhes da discussão. Os ocupantes do veículo que estava à frente disseram apenas que ficaram apavorados com os disparos, e que no carro havia crianças.

Por isso, o delegado Márcio Rogério Faria Custódio, que investiga o caso, não teve elementos suficientes para confirmar a versão de Agnaldo de que o outro motorista o teria agredido.

"A versão do acusado de que o Aldemir teria fechado ele no trânsito não foi confirmada nos autos", completa o delegado que, além das testemunhas, ouviu a avó, a mãe, o avô e o tio do menino baleado.

Os depoimentos do pecuarista e de Neto, condutor da caminhonete, foram semelhantes, e divergentes da versão do jornalista que disse ter sido agredido, e que não sabia da presença das crianças no veículo.

Além de ouvir as testemunhas, o delegado pediu o histórico dos dois motoristas no Detran (Departamento Estadual de Trânsito). O documento aponta apenas algumas multas de trânsito aplicadas em Agnaldo, além da suspensão do direito de Aldemir dirigir por um mês. Nenhum dos dois nunca se envolveu em acidente de trânsito.

Ontem (24), o delegado recebeu os laudos de corpo de delito feitos no jornalista, e estes não confirmaram a agressão que ele disse ter sofrido. "Não tinha nenhuma lesão", diz o delegado.

O inquérito será concluído nesta sexta-feira (27), com o indiciamento de Agnaldo pelos crimes de homicídio doloso (quando há intenção de matar) cometido contra Rogerinho, três tentativas de homicídio, contra os ocupantes do carro, e pelo porte ilegal de arma.

Esta última pena não foi absorvida pelo homicídio porque, segundo o delegado, o jornalista já saiu de casa armado, e cometeu a infração antes mesmo de se envolver na discussão de trânsito. De acordo com o delegado, Agnaldo pode pegar até 30 anos de prisão pelos crimes.

O tio do menino não irá responder a nenhum processo criminal. O Detran foi procurado para saber como ficaria a situação dele, mas não há nenhum procedimento previsto, apesar dele ter se envolvido em discussão de trânsito que resultou na morte de uma criança mesmo estando com CNH (Carteira Nacional de Habilitação) suspensa.

Detalhes - O delegado esclarece que após a briga no semáforo da avenida Mato Grosso, onde começou a discussão dos motoristas, Agnaldo seguiu a caminhonete, e os dois trocaram ofensas.

Depois disso eles pararam os veículos, cada um de um lado da rua, e Aldemir atravessou a pista para discutir com o jornalista, que o teria provocado. Durante a discussão houve um empurrão, e o pecuarista interferiu para acalmar os ânimos.

Ele mandou o filho voltar para a caminhonete, e os condutores seguiram seus trajetos. Contudo, no cruzamento com a rua Rui Barbosa, o jornalista se aproximou do veículo e começou a atirar.

O primeiro disparo atingiu o pecuarista; o segundo, na lateral do carro atingiu Rogerinho de frente, que segundo o avô gritou e começou a chorar; e o terceiro e quarto disparos foram feitos na lataria e vidro traseiro depois que Aldemir havia acelerado o carro.

Ele não descarta a possibilidade de fazer uma reconstrução do crime, mas não quer divulgar detalhes do dia nem do horário em que ela será feita para evitar aglomeração no local.

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