Distantes, moradores de MS vivem angústia com parentes nos EUA

Tensão, nervosismo e muita preocupação. Assim foi o final de semana de familiares de campo-grandenses que vivem na região por onde passou o furacão Irma, no sul do Estado da Flórida, nos Estados Unidos, deixando um saldo de quatro mortos em solo americano e 10 em Cuba, além de destruição e mais de 5,8 milhões de pessoas sem luz.
Adriane dos Reis disse que acompanhou por relatos de vídeos o drama da irmã Joselina dos Reis, há 10 anos nos Estados Unidos e atualmente morando em Plantation, distante 36 km de Boca Raton, na região de Miami, justamente no caminho do Irma.
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Até pela falta de experiência em furacão, por ser um fenômeno fora da realidade brasileira, a tensão pelo desconhecido só faz aumentar. Segundo ela, todos da família em Campo Grande ficaram muito preocupados com o que poderia acontecer com Joselina.
“Ficamos todos muito tensos. Ela ligava direto, várias vezes ao dia, para contar como estava lá, e ontem inclusive ligou para dizer que iria ficar sem energia elétrica. Ela me mandava vídeos relatando sobre o furacão. Foi tudo muito difícil”, disse Adriane.
Sônia Alice Cerri da Silva, que tem dois filhos – João Anderson da Silva, há dois anos, e Cleber Roberto da Silva (há 18 anos), além de quatro netos e noras, morando em Boca Raton, distante 75 km de Miami, contou ao Campo Grande News que se valeu do celular para se manter bem informada.

“Fiquei o tempo todo no celular, e nessas horas não basta trocar mensagens de whatsapp, a gente quer é ouvir a voz. A tensão só aumentou quando o meu filho João Anderson avisou que só estava com 30% de carga no telefone dele, a qualquer momento ficaria sem energia elétrica e não teria como recarregar”, comentou Sônia Alice Cerri da Silva.
Após passar pelo Caribe e Cuba, o furacão Irma atingiu o sul da Flórida entre a noite de sábado, 9, e a manhã de domingo, 10, mas a expectativa e a preocupação já tomava conta de moradores, turistas e familiares havia mais de uma semana.
“Agora estamos melhor, mais aliviados, mas esses últimos dias foram de muita tensão e preocupação. Fiquei o tempo todo no celular, tentando a todo momento saber se estavam bem, se estavam em algum lugar humanamente seguro, o que é difícil quando se trata de fenômeno da natureza”, disse Sônia.

Dos seus dois filhos, apenas João Anderson optou por permanecer em Boca Raton e se confinar em casa. Cleber Roberto da Silva preferiu pegar a estrada com a esposa e os três filhos, cruzou os estados da Georgia, Alabama e da Carolina do Sul, e foi parar em Nashville, no Tennessee, distante 1.401 km rota do furacão. Ele viajou de carro com toda a família e ainda teve que levar água e comida.
“Quem optou por ficar teve que se trancar em casa ou nos abrigos. Tivemos toque de recolher a partir do meio dia de sábado e ninguém podia mais se locomover. Antes da chegada do furacão a gente se preparou para que não faltasse nada, então armazenamos água e comida. Água não faltou, mas ficamos sem energia elétrica. O furacão chegou, entrou noite adentro, e por volta de meia noite não chovia mais, só ventava muito forte, mas agora já está bem tranquilo”, contou João Anderson.
O Irma chegou a ser um furacão de categoria 5, a mais alta da escala Saffir-Simpson, foi reduzido no início da tarde de ontem à categoria 3 com ventos de 195 km/h, e às 17 horas (horário de Mato Grosso do Sul) para a categoria 2, e nesta segunda-feira, o furação perdeu força e se transformou em tempestade tropical, segundo o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos.
“Graças a Deus agora está tudo bem. Agora vamos começar a pegar a estrada de volta, só que no momento tem muita tempestade, chuva e vento forte, mas a gente vai tentar ir. Provavelmente muitas estradas vão estar fechadas porque o governo fecha para poder retirar os destroços, tem muita árvore caída nas estradas, e a informação que a gente teve agora é de que está tudo fechado e ninguém pode entrar no estado da Flórida”, relatou Cleber Roberto da Silva nesta manhã de segunda-feira.