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Empregos

Vítimas da crise passam o Dia do Trabalhador pensando nas contas

Ricardo Campos Jr. | 01/05/2016 08:11
Denilson sequer recebeu os direitos trabalhistas depois de demitido (Foto: Alcides Neto)
Denilson sequer recebeu os direitos trabalhistas depois de demitido (Foto: Alcides Neto)
Denilson está procurando emprego e pensa em fazer bicos como serviços gerais (Foto: Alcides Neto)
Denilson está procurando emprego e pensa em fazer bicos como serviços gerais (Foto: Alcides Neto)

Com a crise econômica, várias empresas fecharam as portas ou demitiram funcionários nos últimos quatro meses em Campo Grande. Além de aumentar o desemprego, muitos patrões nem sequer pagam os direitos trabalhistas dos funcionários, que precisam recorrer à justiça. São pessoas que passaram o feriado de 1º de Maio pensando em como manter as contas em dia e garantir o sustento das famílias.

O resultado dos problemas econômicos reflete na Justiça do Trabalho, que recebeu 11.179 novos processos trabalhistas no primeiro trimestre deste ano, o que representa alta de 12,6% em relação ao mesmo período do ano passado, ao passo que o órgão também sofre com redução de 31% no orçamento.

Denilson Ferreira Mariano, 33 anos, está incluído nesta triste estatística. Ele trabalhava com carga e descarga no depósito da Daron, loja de móveis e eletrodomésticos que realizou cortes no pessoal. Inicialmente, segundo ele, foram os vendedores as primeiras vítimas, mas em determinado momento, funcionários de outros setores também foram afetados.

“Eu acho que a gente não deveria comemorar o Dia do Trabalho, não tem como. Tem gente que está passando necessidade. Ficou feio pra gente. Ninguém tem mais consideração do trabalhador”, afirma.

A notícia da demissão veio de forma inesperada, ao fim da jornada de trabalho, sem aviso prévio. “Fui um cara que nunca esperei ser vítima da crise. Foi um choque. A gente pensa nos filhos, temos que manter a casa, comprar um leite, uma fralda, comer. Isso não vai acabar agora, vai prejudicar mais gente. Quem acaba sempre se lascando é o pobre”.

O problema é que a empresa queria pagar os direitos dele e dos colegas em parcelas e um processo foi aberto na Justiça para resolver o impasse. Denilson tem em torno de R$ 3 mil para receber. “É um direito nosso receber o acerto.

Não faltam exemplos de estabelecimentos que não suportaram a recessão. No fim de 2015, o grupo Walmart anunciou o fechamento de algumas unidades na Capital. Naquele mesmo mês, a unidade de vestuário da marca Luigi Bertolli fez o mesmo.

Em janeiro, a rede de açougues Casa de Carnes Regional fechou cinco unidades na Capital e 20 trabalhadores sequer receberam as rescisões por inteiro, parte deve ser repassada mediante ação judicial.

Um dos maiores grupos do setor de materiais da construção de Mato Grosso do Sul entrou em recuperação judicial com dívida que ultrapassa os R$ 54 milhões, incluindo bancos, fornecedores e funcionários.

Neste mês, foi a vez do Lojão do Povo, que fechou as três últimas unidades que tinha no estado. A crise começou a afetar a companhia há três anos. Desde então 200 funcionários foram demitidos.

Também fechou várias unidades a Suprimac, especializada em produtos de escritório e informática, e que tem dívida que passam de R$ 12 milhões.

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