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Cidades

Entre chegadas e partidas, as lágrimas dos passageiros de Ano Novo

Flávia Lima | 04/01/2015 12:32
O estudante Rodrigo Kuninari abraça os pais depois de uma temporada nos Estados Unidos. (Foto:Alvides Neto)
O estudante Rodrigo Kuninari abraça os pais depois de uma temporada nos Estados Unidos. (Foto:Alvides Neto)

A cena emocionou quem estava perto. No Aeroporto Internacional de Campo Grande, um senhor de cabelos grisalhos e profundos olhos azuis esperava emocionado a mãe que não via há quatro anos. Sem conter as lágrimas, os dois pareciam querer recuperar os anos distantes com beijos e um longo abraço. Do outro lado da Capital, na rodoviária, um casal aguardava ansioso a chegada de um ônibus vindo do Rio de Janeiro, trazendo o filho que estava há um ano e meio estudando nos Estados Unidos. Ao vê-lo descer as escadas, as lágrimas também correram soltas pelo rosto dos pais.

Mais do que simples relatos de quem volta para casa após os passeios feitos durante os feriados de Natal e Reveillon, quem passa por esses lugares nessa época do ano também traz na bagagem, muita emoção e reencontros.

Foi o que aconteceu com a família da professora Aliz dos Santos. Moradora em Candiota (RS), ela chegou a Campo Grande em um voo direto de Porto Alegre na manhã deste domingo (4) acompanhada pela irmã, a também professora Rosemeire, pela mãe, a aposentada Doroti dos Santos e pela sobrinha Cecília. Todas residentes no município gaúcho.

A viagem foi um presente de Natal atrasado para a mãe, que não via o filho Ari Francisco dos Santos há quatro anos. Muito emocionada, dona Doroti mal conseguia conversar, se limitava a responder as perguntas apenas acenando a cabeça. “É muito difícil para ela essa distância”, disse a filha Aliz. Segundo ela, os compromissos profissionais dos filhos acabam dificultando os reencontros menos espaçados. “Mas se Deus quiser isso não vai acontecer mais e agora sou eu quem irá visitá-la no final do ano”, garante o filho Ari.

Quando perguntada sobre quais histórias querem conversar primeiro, a família diz que foram tantos acontecimentos ao longo dos últimos anos, que os 15 dias que ficarão juntos não serão suficientes para lembrar de tudo, mas só a oportunidade de voltarem a conviver sob o mesmo teto já garante a alegria da visita. “Cada dia será uma história nova, o que vale é viver a rotina”, ressalta Aliz.

A felicidade também tomava conta do casal Marisa Kuninari Nascimento e Raimundo Ferreira, que aguardava a chegada na rodoviária do filho Rodrigo Kuninari, que devido ao excesso de bagagem, teve que pegar um ônibus no Rio de Janeiro para terminar sua viagem de volta dos Estados Unidos. Mal a porta do veículo abriu e dona Marisa correu ao encontro do filho, com lágrimas nos olhos.

Ansiosa, ela esperou o abraço do pai para dizer ao filho sobre a saudade que sentiu no último ano.
Para ela, a volta de Rodrigo também foi um presente atrasado de fim de ano. “Sei que para ele foi uma experiência importante, mas agora espero que ele fique de vez aqui”, diz a mãe.
Estudante da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Rodrigo estava em Indiana concluindo o curso de Análise de Sistemas. “Conversava com meus pais só pelo Skype e telefone. Ainda estou me habituando com esse retorno, por isso prefiro não fazer planos. Por hora só quero curtir minha casa”, destaca.

Já a corretora de imóveis Juliane Oliveira dos Santos, que chegava de Cuiabá de ônibus para visitar a mãe, demonstrava uma certa decepção. Ela havia programado uma viagem de Ano Novo para a Chapada dos Guimarães, mas na última hora a turma de amigos mudou os planos e restou à ela passar a virada do ano em sua casa, na capital cuiabana, acompanhada de apenas uma amiga. “Agora só me resta curtir alguns dias na casa da minha mãe porque essa semana já volto para trabalhar”, diz.

Aventura em família

Mas os primeiros dias do ano não são feitos apenas de reencontros emocionantes. A expectativa de conhecer um lugar novo, onde esperam viver muitas aventuras para contar aos coleguinhas tomam conta das crianças que viajam com a família. É o caso dos irmãos Guilherme, 3 e Mateus, 5. Os dois mal conseguiam ficar sentados no saguão do aeroporto esperando o pai, o analista de sistemas Marcos Peschiara, concluir o aluguel do carro para seguirem viagem até Bonito.

A família paulistana conta que sempre busca passeios onde os filhos possam ter o máximo de contato com a natureza. “Moramos na capital paulista, em apartamento e fica difícil oferecer liberdade a eles”, conta a mãe dos pequenos, Tatiane Fernandes. Executiva de Compras, ela disse que conseguiu folga no final do ano e também nas primeiras semanas de janeiro para garantir o máximo de aventura aos filhos, tanto que a família também vai dar uma esticadinha ao Pantanal. Já os meninos só pensavam nos mergulhos que pretendem dar nos rios da região.“Eles volta a estudar só dia 26, então queremos aproveitar bem esses dias”, afirma.

Quem também levou o filho para curtir o contato com a natureza foi a publicitária Naiane Alves e o advogado Marcelo Ribeiro. Moradores em Cuiabá, eles levaram o pequeno Gabriel, 2 para conhecer Aracaju e desfrutar das belas praias da capital sergipana. “Ele viaja desde os cinco meses, mas agora aproveita melhor porque já está maiorzinho”, conta. A parada de dois dias em Campo Grande é para visitar a avó paterna de Gabriel, que não vê o neto há mais de um ano. “Assim a gente garante mais uns dois dias de descanso porque a próxima grande aventura agora não tem data”, lamenta.

Dona Doroti dos Santos não conteve as lágrimas e mal conseguia conversar ao rever o filho Ari depois de quatro anos. (Foto:Alcides Neto)
Dona Doroti dos Santos não conteve as lágrimas e mal conseguia conversar ao rever o filho Ari depois de quatro anos. (Foto:Alcides Neto)
A família paulistana escolheu Bonito como roteiro de férias para garantir aventura aos filhos Guilherme (esq.) e Mateus
A família paulistana escolheu Bonito como roteiro de férias para garantir aventura aos filhos Guilherme (esq.) e Mateus
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