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Cidades

Estigma da violência transtorna moradores de Sapucaia

Redação | 30/03/2010 18:31

O estigma de ser considerada pelas estatísticas como a cidade mais violenta de Mato Grosso do Sul e a 5ª do Brasil causa desconforto e revolta aos moradores de Coronel Sapucaia, localizada a 394 quilômetros de Campo Grande. Quem vive na cidade considera a "fama" injusta e causa maior da estagnação econômica do município.

Em janeiro de 2008 um estudo divulgado pelos ministérios da Justiça e Saúde colocou a cidade de apenas 13 mil habitantes, localizada na linha de fronteira com o Paraguai, na lista das mais violentas do País. Dois anos após a divulgação, comerciantes e moradores da cidade reclamam que o rótulo fez a economia estacionar e afugentou investidores.

"Nós não temos uma indústria aqui", reclama o radialista Paulo Branco. Segundo ele, os moradores sofrem até mesmo com preconceito quando seguem para as cidades vizinhas. "Eles vêem que a placa é de Coronel Sapucaia e já ficam cuidando", reclama.

O presidente da Associação dos Empresários de Coronel Sapucaia, Marco Antony Bordão, afirma que a cidade, que já é carente de investimentos públicos, ficou estigmatizada. "Não só desencoraja novos empreendedores de investirem aqui como faz quem está aqui resolver partir", afirma, ressaltando que muitos moradores deixaram a cidade.

Para o comerciante Clair Eringer, não cabe mais à cidade o título de mais violenta. "Este ano tivemos dois homicídios, temos vários outros municípios muito mais violentos", afirma. Estabelecido há 30 anos no município, o comerciante reclama que a população também ficou rotulada. "Quando há operação policial especial na cidade olham para a comunidade como se todos fossem bandidos", lamenta.

"Essa fama é coisa da mídia, da reportagem. Como qualquer cidade, aqui também tem assalto, roubo. Tudo isso está mudando e a imprensa não vê. Quase não se vê morte aqui. Era comum na época do Morel e Beira Mar. Mas como todo mundo morreu ou foi preso, acalmou", explica Clair.

Eringer se refere à suposta disputa de poder entre João Morel e Fernandinho Beira Mar. Segundo informações da Polícia Federal, a partir de 2000 os grupos iniciaram uma guerra pelo controle do tráfico na região de fronteira, que culminou com chacinas e prisões.

Segundo o "ranking" as cidades mais violentas do país são Juruena (MT), com 139 homicídios por 100 mil habitantes; Nova Tebas (PR), com 132; Tailândia (PA), com 128,4; Guaíra (PR), com 106,6 e Coronel Sapucaia, com 103,6 homicídios para cada 100 mil habitantes. A cidade sul-mato-grossense também é lembrada pelos recentes conflitos entre índios e fazendeiros.

A lista também apresenta Viana (ES), recentemente citada na Organização das Nações Unidas (ONU) por conta da violência e das péssimas condições que os presos enfrentam na Casa de Custódia, com 99 mortes por 100 mil. A primeira capital no ranking da violência é Maceió, que aparece em 8º lugar, com 97,4 mortes por 100 mil habitantes. Em seguida vem Recife, em 19º lugar, com 87,5, seguida de Vitória, que ocupa a 34ª posição, com 75,4 homicídios por 100 mil habitantes

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