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Cidades

Família aceita alta de paciente liberada pela Santa Casa

Redação | 29/10/2009 10:23

O destino de uma paciente de 77 anos colocou família e Santa Casa de Campo Grande em confronto. Júlia Vieira sofreu traumatismo craniano encefálico depois de ser atropelada em 11 de outubro, ao atravessar a avenida Costa e Silva. Diante do estado vegetativo da paciente, médicos decidiram pela alta hospital, o que revoltou parentes.

Na manhã de hoje, dia do aniversário da mãe, filhas e o esposo de Júlia foram até o hospital, mas não conseguiram manter a idosa internada.

Depois de muita conversa com assistentes sociais, a família ficou convencida de que não há outra saída a não ser o retorno para cuidados em casa. A tragédia familiar é um exemplo das sequelas deixadas pelo trânsito em Campo Grande, agravadas pelas deficiências no sistema de saúde.

A vida mudou depois do acidente, colocou irmãs em lados opostos, mas atingiu principalmente o marido, de 82 anos.

Entre as filhas, Valdete Vieira defendia a retirada da mãe do hospital, já a irmã Amélia chegou a dizer que acionaria o Ministério Público Estadual para evitar a alta hospitalar. "Nunca vi uma pessoa em coma, receber alta".

As duas só concordam em um ponto, dizem que Júlia nunca foi bem tratada. Depois de atropelada, "ela esperou 24 horas por uma vaga no CTI", lembra Valdete.

O caso foi noticiado pelo Campo Grande News, e a mulher só conseguiu uma vaga no setor depois de pressão da imprensa.

No dia do acidente, Amélia reclamava na porta do Pronto Socorro. "Falaram que estão dando preferência para jovens. Estamos vendo um monte de gente chegar e dizem que é urgência. O caso dela (Júlia) não urgente? Porque tem quase 80 anos pode morrer", questionava.

A irmã Valdete é quem cuida da mãe e do pai, e desde o primeiro momento aceitou a transferência do hospital. Amélia discordou por achar que a Santa Casa tem responsabilidade com o tratamento da mãe. A família só aceitou a saída depois da assistente social argumentar que a permanência no hospital poderia favorecer infecções.

Irene Vieira, outra filha do casal, chegou sem saber qual era a condição da mãe e acabou aceitando a justificativa apresentada pelo hospital.

Júlia tem quadro irreversível, não vai mais se recuperar e voltar a vida ativa que tinha,explicou a assistente social Alvina Gouveia.

Apaixonado - O acidente que mexeu com a família toda, debilitou ainda mais o marido Deucleciano Vieira, de 82 anos.

Ao recordar de como era a rotina ao lado da esposa, companheira por mais de 50 anos, o esposo chora. "Ela fazia tudo, cuidava de tudo e hoje está aí, machucada por causa da falta de atenção de uma motorista", lamenta.

Nas últimas semanas, ela ficou na Unidade de Neurologia. Agora, a Santa Casa garante que via Programa da Saúde da Família, do governo federal, será possível conseguir todos os equipamentos para que Júlia fique em casa, com visitas regulares de especialistas e treinamento para a família atender as necessidades da paciente.

"A veia faz muita falta. Não temos dinheiro para cuidar dela, mas se for preciso, vendo até a casa", diz o esposo.

Depois de ouvir o neurocirurgião Elias Paulo Fernandes, responsável pela paciente, as filhas assinaram os documentos para participarem do PSF. Valdete e o pai vão ficar responsáveis pelos cuidados da idosa. Eles vão participar do treinamento oferecido pelo hospital.

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