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Cidades

Golpista muda versões durante 3 depoimentos já prestados

Redação | 19/03/2009 06:24

Nos três depoimentos que já prestou oficialmente desde a prisão no domingo, um à Polícia Civil e dois à Corregedoria, o golpista confesso Ademar Pereira Miranda demonstra estar perdido em meio ao "ninho de gato" que ele mesmo desenhou sobre venda de casas virtuais da Agehab.

Depois de garantir que tudo começou a mando do deputado federal Vander Loubet, para prejudicar o senador Delcídio do Amaral, Ademar mudou o foco dos ataques e passou a ter como alvo apenas a "equipe" da Segurança Pública, acusando policiais civis e militares, servidores da Sejusp e Agepen, e até o policial rodoviário federal que colheu as primeiras informações sobre o caso.

O primeiro depoimento assinado, registrado às 23h do dia da prisão, na Delegacia Especializada em Roubos e Furtos, Ademar começa apontando Paulo Barbosa da Luz como mentor da fraude. O servidor público da Procuradoria do Trabalho teria procurado ele para "começar um esquema" com o objetivo de denegrir a imagem de Delcídio.

Em troca das chaves da casa própria, as pessoas teriam de se filiar no PT e seguir o voto do senador na convenção deste ano. A intenção era que as vítimas se revoltassem após descobrirem a fraude e denunciassem o senador. A chance de ganhar dinheiro fácil teria levado a dupla a aumentar o negócio e cobrar de R$ 5 a R$ 10 mil de cada interessado no benefício. Paulo, segundo Ademar, conseguiu R$ 500 mil em quatro meses.

Também no 1º depoimento, ele diz que a delegada Molina ganhou R$ 30 mil de Paulo para não levar as investigações adiante, após as denúncias de vítimas, e depois recebeu outros R$ 50 mil das mãos do advogado José Roberto Rosa, contratado para tirar Ademar "do rolo".

Até um suposto funcionário da Brasil Telecom, chamado Leomar, teria comprado 10 casas de forma ilegal e comprado a delegada para não ter o nome envolvido no escândalo.

Segundo Ademar, a certeza sobre o acordo veio durante a exibição de uma entrevista da delegada, que declarou não ter elementos para pedir a prisão preventiva dos envolvidos, apesar de identificados os suspeitos e inúmeros depoimentos de vítimas registrados.

Armação - Já no dia 16, às 15h35, em depoimento à Corregedoria-Geral da Policia Civil, agora na presença de seu advogado , Fábio Brazilio da Rosa, Ademar tentou livrar o ex-advogado José Rosa da acusação de suborno e passou a atacar a PRF.

"De forma espontânea", segundo registrado Termo de Declarações, Ademar pediu para complementar o depoimento anterior, e mudou completamente o que havia dito na noite anterior.

Ele alegou que no dia da prisão foi pressionado pelo PRF Wolney Almeida, junto com o relações públicas da corporação, a gravar um depoimento em vídeo e acusar publicamente a delegada Rosely Molina, até então responsável pela investigação de estelionato contra interessados em furar a fila na Agehab.

Ademar conta que Wolney teria dito várias vezes que não tinha interesse em peixe pequeno e que "preferia peixe grande". Para justificar as primeiras acusações feitas em vídeo contra a delegada, e depois distribuídas pela PRF à TV Morena e TV Record, Ademar diz que foi Wolney quem "mandou ele contar" que Molina foi até a casa de seus pais em Aquidauna, junto com outros dois policiais, para cobrar propina de R$ 60 mil.

Ao fim da gravação, o PRF teria dado "pulos de alegria" dizendo "Peguei o secretário de Segurança". Ademar conclui dizendo que nunca autorizou que as imagens fosse divulgadas e que só aceitou gravar o depoimento por acreditar que depois seria liberado.

Ao contrário das primeiras declarações, Ademar contou que partiu dele a proposta de "comprar" a delegada, mas a sugestão foi refutada pelo advogado José Rosa. Nessa nova versão, o namorado de Ademar, Anderson Orras, teria entregue um cheque de R$ 50 mil ao advogado como pagamento de honorários. Como não tinha fundos, as partes fizeram um acordo e apenas R$ 12 mil foram efetivamente pagos.

No dia 17, o golpista voltou à Corregedoria, desta vez sem advogado e para detalhar o vídeo divulgado pela PRF, gravado no posto de Terenos. Questionado novamente sobre o motivo de aceitar o registro em imagens, Ademar disse "que estava empolgado, pois iria ser solto depois."

Em mais uma contradição, ele disse que na verdade inventou o pagamento de propina à delegada porque havia ouvido do advogado que outros comparsas fizeram tal acerto e voltou a comprometer seu ex-defensor.

Novamente disse que José Rosa propôs sim o pagamento de R$ 50 mil em propina por saber "como conversar" com Rosely Molina e mais R$ 2 mil para um escrivão da Delegacia de Crimes Fazendários "segurar a bronca". O ex-advogado teria tirado o valor "do próprio bolso" em fevereiro deste ano e pediu o ressarcimento.

No último depoimento, mais uma vez ele relatou que foi convidado por Paulo da Luz para organizar a 2ª fase do golpe, quando lucrou R$ 100 mil com a fraude envolvendo 150 casas. Ademar disse que gastou todo o dinheiro negociado nesse tempo

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