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Cidades

Hospitais beneficentes debatem falta de reajuste e atraso no repasse de verba

Aporte financeiro para hospitais filantrópicos não é atualizado há 5 anos, provocando caos na saúde em todo o estado.

Anahi Gurgel e Amanda Bogo | 05/05/2017 18:07
Encontro na Santa Casa de Campo Grande, nesta sexta (05), reuniu representantes de hospitais filantrópicos. (Foto: André Bittar)
Encontro na Santa Casa de Campo Grande, nesta sexta (05), reuniu representantes de hospitais filantrópicos. (Foto: André Bittar)

Representantes dos hospitais filantrópicos de Mato Grosso do Sul continuam criticando a defasagem no reajuste da contratualização firmada entre governos federal, estadual e municipal, além do atraso mensal no repasse dos recursos, o que tem levado gestores a buscar formas de quitar as dívidas e sanar o caos na saúde que afeta todo o estado. 

A situação alarmante foi debatida na tarde desta sexta-feira (05), na Santa Casa de Campo Grande, durante reunião da Febesul (Federação das Instituições Filantrópicas e Beneficentes do Estado do Mato Grosso do Sul). O encontro reuniu cerca de 18 gestores ligados à entidade e também que não integram a rede de filantropia.

O objetivo da reunião foi levantar o déficit referente à contratualização, que não tem reajuste desde 2012.

"Iremos montar uma planilha com as principais demandas de cada instituição, com seus problemas estruturais e dívidas, e encaminhar para Governo do Estado, para que possamos buscar uma solução o mais rapidamente possível", disse Esacheu Nascimento, diretor-presidente da Santa Casa de Campo Grande, que assumiu a presidência da Febesul na semana passada. Atualmente, 35 unidades hospitalares são filiadas à entidade.

Ele disse que a dívida da Santa Casa já chega a R$ 150 milhões, com déficit mensal de R$ 3,5 milhões.

“Estamos atendendo com muita dificuldade. Esperamos ainda uma negociação com a prefeitura, como garantiu a atual gestão do município e que ainda não está sendo feita”, cobrou. O hospital possui 660 leitos no total.

A contratualização busca formalizar a relação entre gestores públicos de saúde e hospitais integrantes do SUS, com o estabelecimento de compromissos entre as partes. A medida surgiu como instrumento auxiliar para sanar a defasagem da tabela do SUS, com vistas à qualificação da assistência e da gestão hospitalar, ampliação do financiamento e expansão do acesso aos serviços na saúde, de acordo com as diretrizes estabelecidas na Política Nacional de Atenção Hospitalar.

Presidente da Santa Casa, Esacheu Nascimento, que recém assumiu a presidência da Febesul, durante reunião na tarde de hoje (03) sobre déficit de hospitais. (Foto: André Bittar)
Presidente da Santa Casa, Esacheu Nascimento, que recém assumiu a presidência da Febesul, durante reunião na tarde de hoje (03) sobre déficit de hospitais. (Foto: André Bittar)

Precariedade no interior – A falta de reajuste e suas preocupantes consequências vão além da Capital. O coordenador administrativo do Hospital Auxiliadora - unidade referência para cerca dez municípios da região – revela que o déficit mensal da instituição chega a R$ 350 mil.

“Grande parte dessa insuficiência é referente aos gastos com a UTI (Unidade de Tratamento Intensivo), que totaliza R$ 300 mil. Para cada diária, o SUS paga R$ 478, mas o custo pode ultrapassar R$ 1.500”, explica Rangel Petterson. O hospital possui 164 leitos, sendo 10 na UTI para adultos.

Já o superintendente do Hospital Evangélico de Dourados, Públio Vasconcelos, afirma que a unidade de alta complexidade não é contratualizada e recebe recursos por meio da tabela do SUS.

“O prejuízo por mês é insustentável. Estamos até suspendendo aos poucos procedimentos como cirurgias oncológicas e cardiológicas. Os custos estão acima da inflação, já que não há reajuste da tabela e o custo com a manutenção só aumenta”, explica. A unidade possui 162 leitos e a dívida atual já está acumulada em R$ 800 mil.

A carência de aporte financeiro também atinje a Associação Benefciente Ruralista de Aquidauana. “Há cinco anos recebemos R$ 192 mil por mês, sendo que o gasto é de R$ 300 mil. A conta não fecha. Sobrevivemos da ajuda da população e das empresas que doam alimentos. A situação é caótica”, ressalta o presidente Eulálio Abel Barbosa.

O hospital tem 50 leitos, atende 17 mil pessoas por ano, entre consultas e exames e soma 1.800 internações pós-cirúrgicas. 

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