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Interior

“Uma dor angustiante”, diz pai sobre filhos que sumiram após ação do DOF

Claudinei reclama de falta de respostas da polícia sobre desaparecimento dos filhos, ocorrido em 12 de agosto de 2017

Helio de Freitas, de Dourados | 12/08/2018 10:40
Momento em que policiais abordavam os irmãos no pátio de um posto de combustíveis; depois disso, eles nunca mais foram vistos (Foto: Arquivo)
Momento em que policiais abordavam os irmãos no pátio de um posto de combustíveis; depois disso, eles nunca mais foram vistos (Foto: Arquivo)

Hoje, 12 de agosto de 2018, faz um ano que os irmãos Rodney Campos dos Santos, 27, e Edinei Bruno Ortiz Amorim, 20, desapareceram após serem abordados por policiais do DOF (Departamento de Operações de Fronteira). O desaparecimento ocorreu em Ponta Porã, a 323 km de Campo Grande. Um foi levado na viatura e o outro no carro deles, um Gol preto abandonado depois em território paraguaio.

As últimas imagens dos dois foram gravadas pela câmera de segurança de um posto de combustíveis na saída para Antônio João. No vídeo, os policiais aparecem pedindo documentos dos irmãos e do carro. Depois colocam Rodney na viatura e três policiais entram no Golf com Edinei. Em seguida eles deixam o local e os irmãos nunca mais foram vistos.

“É uma dor angustiante. Faz um ano que eu não sei o que foi feito com meus filhos. Eu e a mãe deles sofremos todos os dias sem saber onde nossos filhos estão. A polícia não fala nada, os policiais que assumiram as investigações nem atendem minhas ligações. Não podemos deixar cair no esquecimento”, afirmou ao Campo Grande News Claudinei Amorim dos Santos, o pai dos irmãos desaparecidos.

“Minha filha está em depressão por causa dos irmãos. Não sei mais o que faço. Não tenho dinheiro para ir atrás, por isso precisamos da ajuda de vocês [imprensa] para não deixar cair no esquecimento”, afirmou Claudinei, que é cadeirante.

Rodney e Edinei foram vistos pela última vez por volta de 11h30 de 12 de agosto de 2017 no posto de combustíveis. O desaparecimento foi registrado na Polícia Civil três dias depois. Rodney tinha passagens por tráfico de drogas e estava em liberdade condicional, enquanto Edinei não tinha registros policiais.

O Golf foi abandonado no bairro Defensores del Chaco, em Pedro Juan Caballero, a poucos metros da linha internacional, com o boné e os tênis de Rodney sobre o banco traseiro.

Aberto pela Polícia Civil em Ponta Porã, o inquérito foi transferido para a DEH (Delegacia Especializada de Repressão a Homicídios), com sede em Campo Grande e jurisdição estadual, mas não chegou a nenhuma conclusão. O DOF também abriu um inquérito policial militar e anunciou que os policiais que participaram da abordagem foram afastados.

“Arquivado”, limitou-se a responder o diretor do DOF, coronel Kleber Haddad Lane, ao ser perguntado na sexta-feira (10) sobre o desfecho do inquérito policial militar.

Informalmente, logo após o vídeo mostrando a abordagem cair nas redes sociais e grupos de Whatsapp, os quatro policiais militares lotados no DOF declararam que depois da abordagem liberaram os irmãos.

Ao Campo Grande News, Kleber Haddad Lane disse no dia 17 de agosto do ano passado que os policiais disseram, em declarações informais, que liberaram os irmãos logo em seguida.

“A princípio disseram que saíram dali da linha de fronteira, que atrapalhava até a comunicação, para fazer a checagem deles, para uma averiguação mais profunda, mais detalhada, em outro ponto e depois liberaram em função de outra ocorrência”, afirmou o coronel.

Segundo ele, a ocorrência não foi oficializada, já que os irmãos não teriam sido presos, mas apenas abordados. “Não foi registrada a ocorrência porque eles não foram presos, não houve voz de prisão para eles, não foram algemados. Foram conduzidos, de uma maneira errada”.

Entretanto, um novo vídeo ao qual o Campo Grande News teve acesso naquele mesmo dia, contrariou a versão informal dos policiais de que os irmãos foram liberados após a abordagem.

Gravado possivelmente pela câmera de segurança de uma empresa na margem da MS-164, o vídeo mostrou a viatura do DOF seguindo em direção ao distrito Nova Itamarati – antigo assentamento de mesmo nome. Logo atrás aparece o Golf preto.

Várias buscas foram feitas por familiares, amigos e homens do Corpo de Bombeiros em matas, lagos, rios e córregos na região do distrito, mas nada foi encontrado.

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