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Interior

Após carta, temor de suicídio de índios em MS provoca comoção

Aline dos Santos | 24/10/2012 11:17
Cinco mil cruzes foram expostas em protesto na Esplanada. (Foto: Wilson Dias/Agência Brasil)
Cinco mil cruzes foram expostas em protesto na Esplanada. (Foto: Wilson Dias/Agência Brasil)

Recurso novo para tentar resolver uma questão histórica, um abaixo-assinado recolhe assinaturas na internet em nome de um apelo: “Salvemos os índios guarani kaiowá”.  A mobilização teve início após a divulgação de uma carta, em que índios de Mato Grosso do Sul, prometem resistir até a morte contra a liminar da Justiça Federal determinando a reintegração de posse de uma área em Iguatemi.

“Já aguardamos esta decisão da Justiça Federal, Assim, é para decretar a nossa morte coletiva Guarani e Kaiowá de Pyelito Kue/Mbarakay e para enterrar-nos todos aqui”, afirma o documento que repercutiu nacionalmente e, via internet, se espalhou pelo mundo.

“Nada parece comover a ‘civilização brasileira’ de que o extermínio desse povo é um crime imperdoável e o sangue de suas crianças recai sobre todos nós. Dói na alma ler a carta da comunidade Pyelito kue-Mbarakay, de Iguatemi (MS)”, escreveu a ex-senadora Marina Silva, que assina coluna na Folha de São Paulo. Na sexta-feira, cinco mil cruzes cobriram o gramado da Esplanada dos Ministérios, em Brasília. A ação foi de protesto pela morte de indígenas.

A liminar para que os índios deixem a fazenda Cambará foi concedida em 17 de setembro pelo juiz federal Sérgio Henrique Bonachela. De acordo com Armando Albuquerque, advogado do proprietário da fazenda, um rio divide a aldeia e a propriedade rural.

“Os índios passaram para a terra do meu cliente, invadiram. Eles querem ampliar a aldeia”, afirma o advogado. A invasão foi em novembro de 2011. De acordo com ele, os índios permanecem na área, porém, a decisão será cumprida.  Em caso de descumprimento, a Funai (Fundação Nacional do Índio) terá que pagar multa diária de R$ 500. A Funai e o MPF (Ministério Público Federal) recorreram ao TRF3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) para derrubar a liminar.

Resitência - Segundo o coordenador da Funai em Ponta Porã, Silvio Raimundo da Silva, os índios reafirmam que vão resistir e permanecerão na terra.  Ele afirma que o acesso as 40 famílias, sendo 70 crianças, é difícil e que a comunicação por celular é precária.  À Justiça, a fundação informou que o proprietário impede o acesso de técnicos ao acampamento, que só podem prestar assistência social, como atendimentos médicos e distribuição de cestas básicas, na estrada, do lado de fora da fazenda.

Em nota oficial, a Funai nacional esclarece que não há intenção de suicídio, mas determinação de não se deixar o local.

“A situação é complexa”, salienta o coordenador regional do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), Flávio Machado. Para ele, a carta dos índios demonstra a intenção de resistir, de permanecer na terra até o fim. “Mas o suicídio não é estranho para eles, que em função da situação territorial é um dos grupos que mais se suicida no mundo”, salienta.

Conforme o coordenador do Cimi, os índios já sofreram três ataques. A área em disputa é objeto de estudo antropológico desde 2008, mas ainda sem resultado.  “O principal culpado é o próprio governo federal. Falta vontade política em resolver a situação”. A campanha contra o despejo é realizada no Link.

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