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Interior

Balsa no APA vai garantir abastecimento a 20 mil paraguaios "ilhados"

Lidiane Kober | 13/01/2014 13:54
Autoridades fecharam acordo para garantir alimentos a paraguaios (Foto: Toninho Ruiz)
Autoridades fecharam acordo para garantir alimentos a paraguaios (Foto: Toninho Ruiz)

Para socorrer cerca de 20 mil pessoas praticamente ilhadas, o prefeito de Porto Murtinho, Heitor Miranda dos Santos (PT), e o intendente do distrito paraguaio de San Lazaro, Celso Ovelar Daspett, vão assinar, na quarta-feira (15), protocolo de emergência para garantir o funcionamento de uma balsa que fará a travessia do Rio Apa entre a Colônia Ingazeira e a localidade de Vallemi. A embarcação constitui a única opção de abastecimento para os moradores de regiões de San Lazaro, duramente castigados por fortes chuvas e inundações desde os primeiros dias do ano.

As chuvas, que atingiram 700 milímetros de precipitação, provocaram o desabamento de uma ponte sobre o Arroyo La Paz e afetaram a rodovia que está sendo pavimentada entre Vallemi e a cidade de Concepción, isolando boa parte da região. No sábado passado (11), Heitor recebeu em seu gabinete uma comitiva de autoridades e lideranças sociais de Vallemi, Horqueta e Concepción, que foram pedir o apoio brasileiro para operar a balsa.

“Não temos outra alternativa. Porto Murtinho é a cidade mais próxima e mais estruturada para fornecer o que nossas comunidades precisam. Estamos sem abastecimento há 15 dias. Ficamos sem víveres, principalmente leite, carne, iogurte, verduras e frutas, além de outros artigos de primeira necessidade”, relatou Ovelar.

Heitor disse que vai buscar soluções mais duradouras com os governos estadual e federal, sobretudo para dar suporte às transações comerciais, já que os paraguaios deverão adquirir mantimentos no Brasil. Mas, de antemão, o prefeito disse que não se poder aguardar por trâmites burocráticos diante de um caso de extrema necessidade humanitária.

“Acredito que com esta ação emergencial possamos estar dando um passo muito maior para aprofundar a cooperação na fronteira. Vamos tomar todas as providências para fazer o acesso para a balsa na Colônia Ingazeira. E ao mesmo tempo revitalizar a mobilização para a construção da ponte sobre o Rio Apa, ali mesmo naquela região”, disse.

Mais ações - Do lado paraguaio, as providências emergenciais já foram tomadas, sobretudo a construção da balsa e a autorização da Marinha para operá-la. A embarcação está quase pronta, com 13 metros de comprimento e capacidade para suportar 45 toneladas, apta para fazer o transporte de pessoas, veículos e cargas em geral.

O prefeito de Murtinho sugeriu que o governo brasileiro tenha igual precisão e rapidez para consolidar a habilitação legal da operação dentro das normas que regulam o transporte aquaviário e o comércio. “Porém, o clamor humanitário é o que determina agora a celeridade da providência a ser tomada”, reforçou.

Quem analisar o mosaico de distâncias nesta parte da fronteira entenderá o drama dos paraguaios e porque pedem socorro aos brasileiros. O distrito de San Lazaro está a 180 km do departamento paraguaio mais próximo, o de Concepción. E Vallemi, o centro urbano de San Lazaro, dista de Porto Murtinho apenas 60 km por terra ou cerca de 45 minutos de barco, pelo Rio Paraguai. Por terra, são 10 km até o ponto de travessia do Rio Apa, na Colônia Ingazeira, e daí mais 50 km por estrada estadual até à cidade murtinhense.

Neste período, as chuvas fortes que interromperam as ligações entre Vallemi e Concepción são normais na região. A situação é alarmante, segundo a conselheira departamental Joaquina Azuaga. “Não dá mais para esperar. São vidas humanas padecendo, entregues à própria sorte e isso precisa mudar, precisa de respostas rápidas”, desabafou. Há seis meses, o intendente Celso Ovelar Daspett alertou o presidente da República, Horácio Cartes, o vice-presidente, Juan Alfara, e o Vice-Ministério de Obras sobre o problema.

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