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Interior

Bandidos amarram e amordaçam idosos por 2 dias, 3º caso em 7 dias

Aline dos Santos | 01/05/2013 11:29
Filho das vítimas, Gilberto conta que pais passaram por momentos de horror. (Foto: João Garrigó)
Filho das vítimas, Gilberto conta que pais passaram por momentos de horror. (Foto: João Garrigó)

Amarrados e amordaçados por dois dias, um casal de idosos viveu momentos de horror dentro da própria casa, na zona rural de Terenos, a 25 quilômetros de Campo Grande. As vítimas moram na colônia Várzea Alegre, mais conhecida como Jamic, tradicional na produção de ovos.

A violência começou na noite da última quinta-feira, dia 25. Às 22h20, Miyo, de 66 anos, estava trabalhando no galpão quando um ex-funcionário temporário disse que queria falar com seu esposo. A mulher foi até a casa para acordar o marido, Kazuo, de 72 anos, que já estava dormindo.

“Quando ela pisou no corredor, o homem imobilizou minha mãe e entraram outras duas pessoas, encapuzadas”, conta Gilberto, que mora em Campo Grande e ouviu dos pais o relato da ação dos bandidos.

O casal logo foi amarrado com fios de cobre, amordaçado com toalha e meia e jogado na cama. A cada barulho ou tentativa de olhar para os ladrões, a idosa apanhava. Os bandidos vasculharam a casa, levando dinheiro, cerca de mil reais conforme a polícia, um Honda Civic, e joias. Para trás, deixaram objeto de valor, como televisão 32 polegada de tela led.

Na noite da sexta-feira, com os idosos amarrados há 24 horas, eles voltaram. Desta vez, o alvo foram os documentos. A mulher relatou ter ouvido barulho de teclado e ruído de scanner. Foram levados escritura de terrenos, comprovante de compra e venda de carros, certidão de casamento, certidões de nascimento dos dois filhos do casal. Parte da documentação foi localizada perto de uma oficina mecânica, na região urbana.

Apesar de ter várias casas no entorno e estarem todo dia no trabalho, nenhum vizinho deu por falta das vítimas. “É estranho”, relata o filho. O casal só foi encontrado na manhã do sábado.

Sem água, alimento e com ferimentos provocados pelo fio de cobre, que era aquecido pelo sol, ambos estavam em péssimas condições de saúde. Com histórico de pressão alta, diabetes e sete AVCs (Acidente Vascular Cerebral), Kazuo está internado na Santa Casa. Ele corria risco de perder o braço. No rosto, expressão de vazio. “Não sei se está chorando, com raiva ou feliz”, desabafa o filho.

A mãe, ainda em estado de choque, recebeu alta, mas teve que ir para uma clínica geriátrica para tratar das feridas do trauma. O caso foi registrado no sábado na delegacia de Polícia Civil de Terenos. Eles nasceram no Japão e viram para o Brasil na juventude. “Compraram tudo com tanto esforço”, conta Gilberto.

Idoso sofreu muitos ferimentos e quase perdeu o braço.
Idoso sofreu muitos ferimentos e quase perdeu o braço.
Marcas dos fios de cobre usados para amarrar idosa.
Marcas dos fios de cobre usados para amarrar idosa.

Suspeita – Gilberto relata que o pai desconfiava de um funcionário pelo sumiço de gado. Além da área coletiva de 16 hectares da cooperativa, Kazuo é dono de 300 hectares onde cria bois. “Sumiram pelo menos 300 cabeças de gado. Principalmente bezerro, que ainda não pode ser marcado”, conta.

O capataz foi demitido no dia 19 de abril. O processo, segundo o filho, foi tumultuado. O pai errou a data e fez uma rasura num documento, que dificultou o recebimento de dinheiro pela demissão. Os nomes dos suspeitos foram repassados à polícia. Os citados serão chamados a prestar depoimento. Conforme a polícia, um adolescente se apresentou espontaneamente e negou envolvimento.

Tempo de violência – Tido pela polícia como incomum em Terenos, o crime de roubo marcou a última semana. Foram três casos similares.

No segundo, dois idosos também foram rendidos na zona rural e amarrados. O caso foi registrado pela PM (Polícia Militar), mas as vítimas não fizeram boletim de ocorrência.

O terceiro aconteceu na madrugada de terça-feira. Um senhor de 80 anos foi rendido e amarrado com fita. Nos outros assaltos, as vítimas relataram participação de três pessoas.

Os idosos, e o filho deles, tiveram somente o primeiro nome divulgado em atendimento a pedido da família.

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