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Interior

Documento sobre morte de criança foi adulterado em UPA, diz delegado

Em buscas nesta quarta-feira, Polícia Civil confirmou denúncia de falsidade ideológica e vai investigar também a causa da morte

Helio de Freitas, de Dourados | 04/09/2019 13:19
Delegado Erasmo Cubas (centro) e agentes da Polícia Civil deixam a UPA após apreensão de documentos (Foto: Adilson Domingos)
Delegado Erasmo Cubas (centro) e agentes da Polícia Civil deixam a UPA após apreensão de documentos (Foto: Adilson Domingos)

Prontuário sobre a morte de uma menina de três meses foi adulterado na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Dourados, a 233 km de Campo Grande. Detalhes que não constavam no primeiro laudo foram incluídos ilegalmente no documento, caracterizando crime de falsidade ideológica.

A informação é do delegado Erasmo Cubas, da Polícia Civil, que nesta quarta-feira (4) cumpriu mandado de busca e apreensão de na UPA, localizada na Avenida Coronel Ponciano. Com apoio de agentes da 1ª Delegacia de Polícia, Cubas ficou pelo menos uma hora na unidade, de onde saiu levando documentos.

Em seguida o delegado conversou com jornalistas. Segundo ele, a investigação é sobre a morte da menina Ana Sofia, de três meses de idade, ocorrida em junho deste ano durante atendimento na UPA.

Segundo Erasmo Cubas, a princípio a família não se conformava com a morte e apontava erro médico. O laudo informa que a morte foi em decorrência de problemas de saúde. No entanto, denúncia anônima à polícia revelou que o documento de atendimento da criança na UPA tinha sido alterado.

“Nas buscas [feitas nesta quarta-feira], de fato encontramos documentos diversos. O documento apresentado para nós [polícia] não é o mesmo sobre o atendimento no dia dos fatos que estava na UPA”, explicou. Ele não deu detalhes sobre as informações adulteradas no prontuário.

Entretanto, segundo o delegado, não há por enquanto como apontar suposta negligência à morte da criança. “Ainda é muito primário para fazer essa ligação, mas há um crime contra a fé pública e falsidade ideológica porque as provas que colhemos no local e as provas que já tínhamos na delegacia são conflitantes”.

Segundo Erasmo Cubas, a criança foi encaminhada para a UPA com febre e dores. Foi atendida, liberada e dois dias depois levada de volta à unidade e encaminhada para o hospital, onde morreu. “Ainda é muito primário apontar ligação da morte ao atendimento. Precisamos analisar o prontuário médico, ver todos os documentos”.

O delegado não quis apontar quantos funcionários sãos suspeitos de adulterar o prontuário e disse que essas informações só serão esclarecidas no final do inquérito.

Segundo ele, agora serão intimadas para depor todas as pessoas envolvidas do primeiro atendimento até as que forneceram as cópias dos documentos à polícia. Cubas considerou ainda muito prematuro falar sobre a causa da morte da criança. “De fato houve atendimento médico. Agora, como esse atendimento foi feito, só a investigação vai revelar”.

Outro objetivo da polícia é descobrir quem praticou o crime de falsidade ideológica com a alteração dos documentos. “Esse crime está materializado porque há documentos conflitantes fornecidos pela própria UPA”. (Colaborou Adilson Domingos)

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