Faltando 4 dias, júri de assassino de major atacado na rua é suspenso
Paulo Setterval estava com a família em Bonito quando foi morto a facada, na calçada de uma rua central de Bonito
A juíza Adriana Lampert suspendeu o julgamento do pintor Bruno Rocha pelo assassinato do major da reserva do Exército Paulo Setterval, de 57 anos, ocorrido em abril do ano passado, em Bonito – a 257 quilômetros de Campo Grande. O réu deveria ir a júri popular na segunda-feira, 3 de março.
Conforme apurado pelo Campo Grande News, a mudança atendeu um pedido da defesa de Bruno, que tenta mudar a cidade onde o julgamento será realizado. Para isso, os três advogados do réu enviaram o pedido de alteração ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.
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No documento, os advogados Lucas Arguelho Rocha, João Ricardo Batista de Oliveira, Rodrigo Marques da Silva, alegam que há dúvidas sobre a “imparcialidade dos jurados bonitenses”, já que o caso mobilizou toda a população da cidade.
“A defesa requer ao Tribunal que o julgamento seja em comarca da região sudoeste, cidade próxima dos fatos, onde a sociedade não esteja contaminada ou influenciada a condenar previamente o suposto autor do homicídio, e ainda este recurso está pendente de julgamento na Corte Superior”, explicou os advogados em nota.
Na decisão, a juíza ainda levou em consideração que dois dos três advogados de Bruno não poderiam comparecer ao júri do dia 3 de março e que o assistente de acusação, José Roberto Rodrigues da Rosa, não se opôs a mudança.
“A decisão de suspensão do júri se fez prudente e cautelar, mérito da sensatez e justeza da juíza. A defesa entende que é preciso aguardar uma decisão final do TJ, pois somente assim poderemos realizar um julgamento justo, com base na lei, resguardando os direitos e garantias fundamentais ao acusado”.
O crime - Paulo Setterval estava com a família em Bonito quando foi morto a facada, na calçada de uma rua central, depois de se negar a dar um cigarro para o réu.
Conforme o inquérito policial, por volta das 21h50 do dia 14 de abril, a vítima estava em frente ao hotel CLH Suítes fumando um cigarro. Bruno, que seguia em uma bicicleta, encontrou Paulo e lhe pediu um cigarro, não sendo atendido. Em seguida, ele retornou “de maneira sorrateira e insidiosa” e abordou a vítima pelas costas.
Quando o major se virou para ver do que se tratava, Bruno atingiu a vítima com uma facada no tórax. O golpe foi fatal.
Bruno, que está preso, é réu por homicídio qualificado, por motivo torpe e uso de meio que dificultou a defesa da vítima. Ele chegou a ser submetido a exame de insanidade de sanidade mental, levantada pela defesa.
O perito responsável pelo laudo psiquiátrico, Rodrigo Abdo, identificou em Bruno capacidade plena de entender o “caráter ilícito do fato”. O laudo atestou que o pintor estava com a autodeterminação diminuída, “mas não abolida”, no dia do crime, 14 de abril. Por conta disso, foi diagnosticado com síndrome de dependência em grau moderado, de álcool e drogas.