Menino que não falava terena hoje ensina o idioma e ajuda a impulsionar a aldeia
Thiago Souza tem trajetória marcada pelo aprendizado com anciãos e pelo engajamento comunitário

Thiago dos Santos Souza, de 38 anos, reúne funções que movimentam a vida cultural e econômica da Aldeia Cabeceira, na Terra Indígena Nioaque, a 200 km de Campo Grande. Professor de língua terena e de dança tradicional, músico, professor de capoeira e dono de uma pizzaria, ele é também membro do Conselho Gestor do projeto de etnoturismo que está em implantação na comunidade, um modelo de visitação voltado à cultura indígena e gerido pelos próprios moradores.
RESUMO
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Thiago dos Santos Souza, 38 anos, é uma figura central na Aldeia Cabeceira, Terra Indígena Nioaque, a 200 km de Campo Grande. Professor de língua terena, dança tradicional, músico, instrutor de capoeira e proprietário de uma pizzaria, ele integra o Conselho Gestor do projeto de etnoturismo local. De origem terena, aprendeu o idioma na adolescência e hoje é referência cultural na comunidade. Após experiências como condutor turístico em fazendas do Pantanal, participa da implementação do primeiro projeto de etnoturismo entre comunidades terena em Mato Grosso do Sul, coordenado pelo Sebrae, onde atuará em trilhas, observação de pássaros e experiências culturais.
De origem terena, Thiago nasceu em Campo Grande e chegou à aldeia aos 12 anos, sem falar o idioma. Aprendeu a língua na Escola Capitão Vitorino e a aperfeiçoou com os anciãos, convívio que considera ter sido essencial para seu aprendizado. “Eu gostava de sentar e conversar com os mais velhos”, lembra o professor do idioma no Ensino Fundamental.
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Antes de se tornar referência cultural na comunidade, trabalhou como pedreiro e auxiliar de serviços gerais na Fazenda Pequi. Foi ali que descobriu, quase por acaso, o turismo. Comunicativo, tornou-se condutor de grupos, recebeu formações financiadas pela fazenda e acumulou experiência. Também guiou visitantes brasileiros e estrangeiros em fazendas como Caiman e São Francisco, em Miranda, no Pantanal, conhecidas como referência em ecoturismo.
A vida ainda o levou de volta a Campo Grande, onde trabalhou na Ceasa (Central de Abastecimento do Estado) como auxiliar de carga. Mas o retorno à aldeia, hoje lar dele e sua família, reacendeu sua conexão com a cultura. Além de todas as funções acumuladas, atualmente, Thiago tem trabalhado também como cantor gospel e acabou de lançar um videoclipe de sua composição em língua terena, pela Lei Aldir Blanc.
Desde janeiro de 2025, Thiago e outros moradores participam de cursos e oficinas para organizar o etnoturismo. A iniciativa é coordenada pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), em parceria com o poder público, e é considerada a primeira do tipo entre comunidades terenas em Mato Grosso do Sul.
No modelo adotado, cada aldeia possui um coordenador e uma equipe responsável pelas ações, que vão da recepção e condução de grupos às apresentações culturais, gastronomia e comercialização de produtos locais.
Com experiência anterior em condução de grupos no Pantanal, Thiago pretende atuar nas trilhas, observação de pássaros e vivências culturais na Cabeceira, além de servir sua pizza artesanal, feita com massa enriquecida com farinha de jatobá e urucum, já bem popular na aldeia. Para isso, ele e outros moradores passaram por formações em primeiros socorros, comunicação, atendimento, hotelaria, informática, fotografia, segurança alimentar, entre outros cursos.
Para ele, o etnoturismo deve fortalecer financeiramente as famílias e, ao mesmo tempo, revitalizar tradições, o que considera fundamental. O sonho é “gerar renda sem perder a essência”, garante o professor.
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