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Comportamento

Para livrar cliente de mau-olhado, Dona Hildinha benze colares à venda

Artesã e benzedeira une duas coisas na hora de vender os artesanatos que faz na aldeia Brejão, em Nioaque

Por Natália Olliver e Aletheya Alves | 08/12/2025 07:17
Para livrar cliente de mau-olhado, Dona Hildinha benze colares à venda
Hildinha, da aldeia Brejão, não vende um artesanato sem benzer antes (Foto: Aletheya Alves)

Aos 72 anos, Dona Hildinha, como é conhecida na aldeia Brejão, em Nioaque, não vende um colar sequer sem benzer as peças. Para a artesã e benzedeira terena, os adereços são mais que enfeites para o corpo, são proteção real que serve para afastar energias negativas, dar força e até evitar soluços.

Para fazer as peças, vendidas de R$20 a R$40, dependendo do tamanho, ela usa materiais comuns dos artesãos locais, mas o que muda é a intenção colocada nos materiais. Segundo ela, as sementes vermelhas simbolizam o sangue e afastam o mau-olhado. Já o jatobá é bom para as dores do corpo, ajuda a fortalecer e não dá câimbra. O fruto chamado de “chapéu de Napoleão” é para ajudar a parar o soluço.

Hilda também conta que faz mandalo e que esse é o nome correto porque ela manda as coisas ruins para longe. O artesanato ficou conhecido como mandala.

Para livrar cliente de mau-olhado, Dona Hildinha benze colares à venda
Para livrar cliente de mau-olhado, Dona Hildinha benze colares à venda
Artesanato entrou na vida de Hildinha junto com os benzimentos (Foto: Aletheya Alves)

“Tem a semente de saboneteira também e o bambu que uso. As pessoas procuram todos; eu benzo tudo; estão todos ungidos. Isso é uma prática minha mesmo. Faço benzeção desde os 30 anos. Inclusive, quando entrei no turismo, a comunidade me escolheu para expor aqui porque eu benzo e faço artesanato”, comenta Hilda Vicente Pereira.

Hildinha está falando das atividades de etnoturismo que estão sendo desenvolvidas na aldeia pelo Sebrae-MS. A ideia é tornar o lugar o primeiro destino turístico estruturado em território indígena no Estado. Inclusive, no último sábado (29), a comunidade recebeu a entrega oficial do Plano de Visitação, desenvolvido pela empresa em parceria com a Fundtur/MS (Fundação de Turismo de MS).

O artesanato e a benzeção entraram em períodos diferentes na vida de Hilda. Ela conta que o dom de dar bênçãos foi herança do pai e que custou a aceitar.

“Eu entrei no turismo como benzedeira, fazedora de remédio, construí uma capelinha para atender o turista que vai vir. E vou expor meus artesanatos lá. Eu aprendi com meu pai. Ele era um indígena benzedor. Aí, antes de ele ir embora, ele falou que isso ficaria comigo. Eu falei que era um compromisso muito grande, mas, para obedecer, eu peguei essa missão. Graças a Deus, tem gente que vem de longe para benzer comigo.”

Para livrar cliente de mau-olhado, Dona Hildinha benze colares à venda
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Material é natural da aldeia Brejão e servem para afastar energias negativas, dar força e evitar soluço (Foto: Aletheya Alves)

O artesanato começou depois, aos 57 anos. Hoje, além dos colares e pulseiras, ela pinta cestas terenas com bichos do Pantanal. Hildinha nasceu na cidade de Nioaque, mas foi morar em fazendas desde criança. Depois, voltou para acompanhar o filho nos estudos, e foi aí que a arte entrou na história.

“Meu filho precisava estudar e eu sou uma mãe ciumenta, queria acompanhar ele no estudo. Aí, morei aqui e, para não perder tempo, fui fazer curso, comecei a fazer artesanato e gostei muito. Cada vez eu queria fazer mais e aprender mais. São coisas que nos ajudam e entra um valorzinho.”

Apesar de gostar, ela conta que o dinheiro, que é bom, entra muito pouco. “Está difícil. Se a gente não fizer isso, a gente morre, passa fome. Mas a gente tem esperança de que virão coisas melhores na frente.”

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