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Interior

Para filho, pai era um homem ativo e que merecia ter sido homenageado no funeral

Herivelton Marques conta um pouco sobre o pai, que foi homem público e primeiro prefeito de Brasilândia

Lucia Morel | 24/04/2020 15:18
José Francisco foi a sexta pessoa a morrer do novo coronavírus em MS. (Foto: Arquivo Pessoal)
José Francisco foi a sexta pessoa a morrer do novo coronavírus em MS. (Foto: Arquivo Pessoal)

Um homem ativo. É assim que Herivelton de Araújo Marques, 60 anos, lembra do pai, o farmacêutico e ferroviário, José Francisco Marques Neto, 87 anos, que morreu de covid-19 na última terça-feira, 21, em Três Lagoas. Ele foi o primeiro prefeito de Brasilândia e o filho fala com carinho da trajetória do pai.

“Ele tinha uma vida muito ativa. Ele ia para a fazenda direto, manteve uma farmácia em Três Lagoas de 1960 a1981 e recentemente, ia direto pro sítio, duas, três vezes por semana. Ele não parava”, relata.

O fato do pai ter falecido com o novo coronavírus, para Herivelton, é lamentável. Isso porque o velório e o sepultamento tiveram que ser rápidos e sem aglomeração de pessoas. “Meu pai era um homem que tinha história, conhecido no Mato Grosso e em Mato Grosso do Sul, e morreu assim, com a gente correndo para enterrá-lo, sem ninguém no enterro e sem nenhuma honra”, disse.

José Francisco ao lado de netos e bisnetos. (Foto: Arquivo Pessoal)
José Francisco ao lado de netos e bisnetos. (Foto: Arquivo Pessoal)

Apesar da idade avançada, segundo o filho, José Francisco não tinha outras doenças graves e o único problema mais aparente era a dificuldade em andar devido ter artrite e artrose.

Por conta dessa dificuldade, Herivelton conta que o pai ficou cerca de uma semana de cama antes de ser diagnosticado com covid-19. “Foi uma espécie de depressão, uma tristeza que o abateu, eu acho. Foi por conta disso que deu pneumonia nele, de ficar muito deitado”, avalia o filho.

Segundo Herivelton, o pai contraiu o novo coronavírus no hospital em que ficou internado, o Nossa Senhora Auxiliadora. O que o faz pensar isso é que a viúva de José, que o acompanhava em tudo, foi testada para covid e não apresentou a doença. “Depois que ele foi internado é que ele piorou”, afirma.

Além disso, no período anterior e durante ao que ficou acamado em casa, antes da internação, José Francisco não saiu para “nada” e também não teria recebido a visita de ninguém.

Para ele, outro agravante da situação, é o que avalia como despreparo do hospital para atender os pacientes. “Os médicos são todos novinhos. Não tem ninguém com mais de 50 anos lá. Eles estão lá tentando salvar as pessoas, mas não têm experiência”, sustentou.

A morte de José foi a segunda em Três Lagoas – que já contabiliza três óbitos pela doença - e a sexta em Mato Grosso do Sul, onde já há sete registros de falecimento pelo novo coronavírus. Ele é o único homem que morreu pela doença no Estado até agora.

Em pronuncimento, ao lado de Ramez Tebet. (Foto: Arquivo Pessoal)
Em pronuncimento, ao lado de Ramez Tebet. (Foto: Arquivo Pessoal)

Vida pública e familiar - Pai de cinco filhos, José Francisco, segundo Herivelton, que era um de seus melhores amigos, além de primeiro prefeito eleito de Brasilândia em 1965, também foi vereador por Três Lagoas, por dois mandatos, entre os anos de 1962 e 1972.

No ano de 1975 foi presidente da Câmara de Vereadores do município, enquanto Ramez Tebet era o prefeito. Na década de 80, foi secretário de fazenda também em Três Lagoas.

Nos anos de 66, 70 e 90, tentou vaga como deputado estadual ou federal, mas perdeu em todas as eleições. Em 1969 tentou ser novamente prefeito de Brasilândia, mas perdeu por nove votos.

Dos cinco filhos de José Francisco, apenas quatro ainda estão vivos. Ele ainda deixou 10 netos e 5 bisnetos.

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