ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram Campo Grande News no TikTok Campo Grande News no Youtube
JULHO, TERÇA  22    CAMPO GRANDE 20º

Interior

Paraguaia fica seis meses presa em MS sem denúncia formal

Flagrada em dezembro de 2024, mulher não falava português e desconhecia motivo da prisão

Por Gustavo Bonotto e Helio de Freitas, de Dourados | 22/07/2025 16:03
Paraguaia fica seis meses presa em MS sem denúncia formal
Interior de presídio sul-mato-grossense. (Foto: Arquivo/Campo Grande News)

Uma mulher paraguaia foi solta após permanecer presa preventivamente por mais de seis meses no Presídio Feminino de Ponta Porã, a 313 quilômetros de Campo Grande, sem que o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) apresentasse denúncia formal. Sem domínio da língua portuguesa, ela desconhecia o motivo da detenção.

RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

Paraguaia ficou presa injustamente por seis meses em Mato Grosso do Sul. A mulher, que não fala português, foi detida em dezembro de 2024 por roubo, incêndio e desobediência, em Ponta Porã. A prisão preventiva foi decretada, mas o Ministério Público não apresentou denúncia no prazo legal.A Defensoria Pública descobriu o caso durante inspeção e solicitou habeas corpus. A juíza Jeane Ximenes reconheceu o excesso de prazo e determinou a soltura com medidas cautelares: distanciamento da vítima, monitoramento por tornozeleira eletrônica e restrição de deslocamento. A vulnerabilidade da ré e a ausência de denúncia foram fatores decisivos para a concessão da liberdade.

A prisão ocorreu em 5 de dezembro de 2024, quando foi autuada em flagrante pelos crimes de roubo, incêndio e desobediência. A custódia foi homologada e convertida em preventiva para "garantia da ordem pública e acautelar o meio social".

A situação foi descoberta durante inspeção da Defensoria Pública na unidade prisional, localizada na fronteira com o Paraguai. Defensores constataram que a mulher respondia a dois processos na comarca de Porto Murtinho, ambos sem movimentações desde dezembro do ano passado.

De acordo com a decisão da juíza Jeane de Souza Barboza Ximenes, o inquérito foi distribuído em dezembro de 2024, mas o Ministério Público não apresentou denúncia, mesmo após ultrapassado o prazo legal de cinco dias previsto no artigo 46 do Código de Processo Penal. “Verifica-se a ocorrência de excesso de prazo, sem justificativa idônea nos autos, o que impõe o relaxamento da prisão”, escreveu a magistrada.

A juíza reconheceu que ainda persistem indícios de materialidade e autoria, mas entendeu que medidas cautelares seriam suficientes. “Faz-se imprescindível o juízo de razoabilidade para definir o excesso de prazo, não se ponderando mera soma aritmética de tempo para os atos processuais”, pontuou na decisão.

A mulher foi proibida de se aproximar da vítima, deverá manter distância mínima de 300 metros, não pode sair da comarca por mais de oito dias sem autorização judicial e passará a ser monitorada por tornozeleira eletrônica por 180 dias.

O habeas corpus foi solicitado pelas defensorias públicas de Ponta Porã, Bela Vista e Porto Murtinho. Os defensores argumentaram que a mulher era ré primária, não representava risco ao processo e se encontrava em condição de vulnerabilidade, conforme estabelece o Protocolo para Julgamento com Perspectiva de Gênero do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

A soltura foi condicionada à instalação da tornozeleira. A mulher deverá cumprir todas as medidas impostas, sob risco de ter a prisão decretada novamente em caso de descumprimento.

[ * ] Matéria alteeada às 17h para correção de informação.

Receba as principais notícias do Estado pelo celular. Baixe aqui o aplicativo do Campo Grande News e siga nas redes sociais: Facebook, Instagram, TikTok e WhatsApp.