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Interior

Perito fecha IML por falta de estrutura, mas não informa o governo estadual

Liana Feitosa e Aline dos Santos | 17/04/2015 12:50
Para secretário, problema se restringe à falta de muro que separe o IML da área de presídio. (Foto: PC de Souza/ Edição MS)
Para secretário, problema se restringe à falta de muro que separe o IML da área de presídio. (Foto: PC de Souza/ Edição MS)

O IML (Instituto Médico Legal) de Coxim, cidade a 260 quilômetros de Campo Grande, foi interditado por falta de segurança. De acordo com o perito criminal Wanderley Serrou Camy, que coordena o Núcleo Regional de Perícias e Identificações de Coxim, não existem condições de trabalho no local.

"Está bem difícil. Acho que nosso IML é o único do país que funciona dentro de um presídio", desabafa. Segundo o perito, a situação ficou mais complicada desde a instalação Estabelecimento Penal Masculino, que fica na mesma área provisória do IML, gerando problemas com a falta de segurança.

Ao Campo Grande News, o perito disse os detentos trabalham no pátio do presídio cortando lenha, utilizando machados e motosserras. "Isso deixa os funcionários inseguros", afirma.

Camy afirmou que, em fevereiro deste ano, procurou representantes de órgãos competentes para informar sobre a situação, mas nunca recebeu respostas.

Para ele, o local é insalubre e não apresenta condições para realização de exames, inclusive de necropsia, sem a luz do sol. Sem conseguir respostas, Camy decidiu interditar o instituto. Agora, casos de mortes violentas ou que necessitem de exames necroscópicos serão encaminhados para Campo Grande, estendendo o prazo para liberar de corpo para até 36 horas.

Transferência - "Na cidade de São Gabriel do Oeste (próxima a Coxim), tem IML, mas eles não têm médico legista. Por isso, ainda não sabemos se enviaremos médico pra lá, ou se mandamos os casos para Campo Grande", explica o perito ao Campo Grande News.

Existem alternativas que resolveriam os problemas do local, como murar a área onde são feitos os exames, mudar o instituto para o Hospital Regional Álvaro Fontoura, onde já existe um necrotério, ou construir nova sede em outro local.

"A Vigilância Sanitária já fez várias recomendações e vistorias também, mas a situação do local não muda por questões políticas", finaliza Camy.

Em entrevista ao Campo Grande News, o titular da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), Sílvio Maluf, afirmou que não foi avisado sobre o fechamento do IML de Coxim. "Não recebi comunicação do perito e nem a Coordenadoria de Perícia me comunicou sobre isso, estou sabendo por você, mas hoje à tarde mesmo vou procurar saber o que está acontecendo", disse.

Segundo Maluf, o perito não poderia ter tomado a decisão por vontade própria. "Será instaurado processo administrativo para averiguar essas informações", completa.

Problema simples - Apesar disso, o secretário considera que o problema se restringe à falta de muro que separe o IML da área do presídio. "Por conta da necessidade de atendimento à noite, já negociamos com o prefeito que faríamos um muro para isolar as áreas e abriríamos um portão no muro para permitir a entrada de veículo com corpo e a entrada de pessoas que necessitem passar por exames periciais", explica.

A ideia é isolar e fazer uma entrada a parte, sem que as pessoas precisem passar pelo presídio. "Além disso, o prefeito se comprometeu a construir, junto ao próprio hospital da cidade, uma unidade para a perícia, uma vez que já existe necrotério no hospital", amplia Maluf.

Agepen - O secretário ainda afirmou que a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) procurou a Sejusp para falar sobre o caso. "Essa semana a Agepen me procurou dizendo que ia fazer um muro, já que querem reformar a cadeia", detalha.

"Eu disse que não há problema em construir porque, por mais que a prefeitura tenha se comprometido a construir novo IML no hospital, isso ainda não avançou e a Agepen precisa de isolamento da área", analisa.

Por fim, Maluf reconheceu ter conhecimento acerca do problema de acesso ao local. "Mas da falta da condições para perícia, falta de estrutura, isso desconheço", finalizou.

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