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Interior

Polícia conclui inquérito e acusada de mandar matar médico vai para presídio

Bruna Nathalia de Paiva foi levada nesta quinta-feira para o Estabelecimento Penal Feminino de Rio Brilhante

Helio de Freitas, de Dourados | 17/08/2023 10:24


Bruna Nathalia de Paiva, 28, acusada de ser a mandante do assassinato do médico Gabriel Paschoal Rossi, 29, foi levada nesta quinta-feira (17) para o Estabelecimento Penal Feminino de Rio Brilhante em viatura da Polícia Militar (veja o vídeo acima).

Presa no dia 7 deste mês em Pará de Minas (MG), Bruna estava na carceragem da Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) de Dourados (a 251 km de Campo Grande), onde ocorreu o crime.

Apontados como autores materiais do crime, Gustavo Kenedi Teixeira, 26, Keven Rangel Barbosa, 21, e Guilherme Augusto Santana, 34, tinham sido levados na semana passada para a PED (Penitenciária Estadual de Dourados). Os três confessaram o assassinato e apontaram Bruna como mandante.

Segundo a investigação policial, Bruna e Gabriel faziam parte de quadrilha que aplica golpes de estelionato e ela teria mandado matar o médico por desacerto sobre a parte que o rapaz tinha a receber. A mulher se manteve em silêncio na fase investigatória e só deve se manifestar em juízo.

Também nesta quinta-feira, o delegado do caso, Erasmo Cubas, informou que concluiu o inquérito e encaminhou o procedimento ao Poder Judiciário. Ele não descarta necessidade de novas diligências, inclusive em Minas Gerais, onde os autores moram e foram presos.

O crime – Gaúcho de Santa Cruz do Sul (RS), Gabriel se formou em medicina na UFGD em março deste ano e trabalhava em hospitais e na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Dourados. No dia 27 de julho, após plantão, ele desapareceu.

Como não foi trabalhar nos dias seguintes, colegas mandaram mensagens pelo aplicativo WhatsApp. Uma pessoa que usava o celular se passou por Gabriel e respondeu que estava sofrendo ameaça de morte e que precisava ficar sumido por alguns dias. A polícia afirma que nesses dias o médico já estava morto e era Bruna de Paiva que estava respondendo às mensagens, para criar fatos e despistar a polícia.

Além de mandar matar Gabriel, Bruna teria ordenado que os assassinos pegassem o celular dele. A intenção era apagar provas que a ligavam ao estelionato. O aparelho foi levado para Minas Gerais, mas não foi localizado, segundo a polícia.

Presos quando chegavam à delegacia em Dourados, na madrugada do dia 8 (Foto: Adilson Domingos)
Presos quando chegavam à delegacia em Dourados, na madrugada do dia 8 (Foto: Adilson Domingos)

O corpo de Gabriel foi encontrado na manhã de 3 de agosto – uma semana após o desaparecimento – em uma casa de aluguel por temporada na Vila Hilda, região sul da cidade. Ele foi torturado e estrangulado e estava com os pés e mãos amarrados.

A perícia indicou que a morte ocorreu entre três e quatro dias antes de o corpo ser encontrado. Isso significa que o rapaz ficou agonizando por pelo menos 48 horas antes de morrer.

Os três homens confessaram a autoria material do assassinato e disseram que Gabriel foi atraído para a casa na Vila Hilda com a desculpa de que queriam contato de fornecedor de droga. Rendido sob a mira de duas pistolas de airsoft (réplica de arma de fogo de verdade) compradas pelo grupo em Pedro Juan Caballero, no Paraguai, Gabriel foi torturado, espancado, estrangulado e deixado para morrer.

Bruna também veio a Dourados, mas não foi ao local do crime. Ela permaneceu no apartamento que havia locado na Rua Monte Alegre, na região norte da cidade. De lá, os quatro fugiram para Campo Grande e na Capital embarcaram em voo para Belo Horizonte. Dez dias depois, foram presos em Pará de Minas por policiais douradenses.

Conforme a polícia, os dois imóveis foram alugados por Bruna através de aplicativo. O apartamento da Monte Alegre, onde ela permaneceu durante o crime, foi locado por um dia. Na casa onde o médico foi morto, a locação foi por 15 dias. A intenção era deixar a casa reservada nesse tempo, para dificultar a localização do corpo.

Perito analisa carro de médico em frente ao local onde ocorreu assassinato (Foto: Adilson Domingos)
Perito analisa carro de médico em frente ao local onde ocorreu assassinato (Foto: Adilson Domingos)

Entretanto, o corpo foi encontrado em menos tempo porque a vizinha desconfiou do carro de Gabriel parado por tantos dias na calçada e após sentir mau cheiro e perceber concentração de moscas na casa a lado. O corpo de Gabriel foi enterrado em sua cidade natal, no dia 5 deste mês.

Segundo a investigação, inicialmente, Bruna procurou Gustavo Teixeira para matar Gabriel. Foi ele que agenciou os outros dois criminosos. A proposta inicial dela seria R$ 50 mil para cada um, depois concordaram em R$ 30 mil, mas Gustavo teria recebido apenas R$ 10 mil e os outros dois, R$ 5 mil cada.

Conforme a polícia douradense, Bruna e Gabriel pertenciam a uma organização criminosa especializada em aplicar golpes através de cartões de crédito clonados e saques de benefícios do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social). Inicialmente, o delegado do caso informou que Gabriel cobrava R$ 500 mil de Bruna, mas depois recuou e disse que o valor ainda precisava ser confirmado.

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