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Interior

Quatro dias após reintegração, sem-terra voltam para fazenda de Bumlai

Reocupação é protesto contra juiz de Dourados, que multou líder do MSTB em quase R$ 1 milhão por descumprir decisão judicial

Helio de Freitas, de Dourados | 20/03/2017 10:24
Famílias sem-terra que ocupam a fazenda da família Bumlai em Dourados (Foto: Helio de Freitas)
Famílias sem-terra que ocupam a fazenda da família Bumlai em Dourados (Foto: Helio de Freitas)
Vanildo de Oliveira, multado em quase R$ 1 milhão por descumprir ordem judicial (Foto: Helio de Freitas)
Vanildo de Oliveira, multado em quase R$ 1 milhão por descumprir ordem judicial (Foto: Helio de Freitas)

Trabalhadores rurais ligados ao MSTB (Movimento Sem-Terra do Brasil) reocuparam a fazenda São Marcos, de propriedade da família do pecuarista José Carlos Bumlai, condenado na Operação Lava Jato e amigo do ex-presidente Lula. A área, de cinco mil hectares, fica na margem da BR-463, na saída de Dourados para Ponta Porã.

São pelo menos 270 famílias que na semana passada transferiram os barracos para a beira da estrada e no fim de semana voltaram a se instalar na fazenda, que pertence a Fernando Bumlai, filho de José Carlos Bumlai. Essa é a terceira vez que a fazenda é ocupada desde dezembro de 2015.

A propriedade é usada para plantio de cana destinada à produção de álcool e açúcar na usina São Fernando, que também pertence aos Bumlai.

Vanildo Elias de Oliveira, o Douglas, disse hoje (20) ao Campo Grande News que as famílias cumpriram a ordem judicial, mas decidiram voltar para a fazenda para reivindicar a destinação da área para a reforma agrária.

Multado - “Cumprimos a reintegração de posse na terça-feira (14) e deixamos a fazenda. No sábado as famílias decidiram retomar a reocupação”, explicou. Segundo Vanildo Oliveira, a invasão também é um ato de repúdio à decisão de um juiz de Dourados, que o multou em quase R$ 1 milhão por descumprir determinação judicial.

“Nós desocupamos a área, mesmo assim eu fui multado em quase 1 milhão de reais. Vou ficar com essa dívida ativa com a União. Então, se é para ficar com quase R$ 1 milhão de dívida então nós vamos continuar ocupando até que a fazenda tenha o destino certo”, afirmou o líder sem-terra.

O MSTB reivindica a aplicação de uma portaria do governo federal que determina a destinação, para assentamento de trabalhadores rurais, de terras cujos proprietários tenham dívidas acima R$ 50 milhões com a União.

Os sem-terra reivindicam a fazenda São Marcos com a alegação de que a usina da família Bumlai deve pelo menos R$ 1,5 bilhão – boa parte para bancos públicos, como o BNDES e o Banco do Brasil.

Advogado vai à Justiça – O advogado André Carvalho Pagnoncelli, que representa Fernando Bumlai, disse que já está tomando as medidas para cobrar da Justiça o cumprimento da reintegração de posse.

“Como vem ocorrendo constantemente, a decisão da Justiça está mais uma vez sendo descumprida por essas pessoas. Esse cidadão [Vanildo Elias] é descumpridor contumaz de ordem judicial. Vamos pedir que a ordem do juiz, que é válida, seja cumprida. Essa nova invasão revela bem o estilo de ação ilícito desses invasores”, declarou André Pagnoncelli.

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