Sem acordo, pecuaristas classificam proposta de frigorífico como "indecente"
Reunião entre frigorífico e produtores terminou em bate-boca sobre divída que pode chegar a R$ 20 milhões

Pecuaristas negaram acordo com o frigorífico Golden Imex, em Paranaíba, a 408 quilômetros da Capital, para receber valores devidos pela empresa referentes a cabeças de gado. Os produtores conseguiram na Justiça o bloqueio de carnes e bens no valor de R$ 3 milhões e fazem guarda para impedir que os produtos saiam do local, desde que o frigorífico anunciou o fechamento e deu aviso prévio a 350 funcionários.
Eles querem que as carnes não saiam do local, pois acreditam que o produto pode ser usado como pagamento das dívidas em futura decisão judicial, caso a situação continue sem acordo.
O pecuarista Gilmar Macedo, que participou da reunião hoje (24), na sede da ACIP (Associação Empresarial de Paranaíba), reclamou da proposta feita pelo frigorífico.
“Não teve acordo, porque o frigorífico fez uma proposta indecente de pagar em 24 parcelas e não há garantia. Só queremos receber o que é nosso”, contou.
Segundo o advogado que conseguiu o bloqueio dos bens, Fredson Freitas, o valor da ação já subiu para R$ 10 milhões, pois agora são 69 pecuaristas representados por ele. A dívida com produtores, no entanto, pode chegar a R$ 20 milhões, conforme estimativa do Sindicato Rural de Paranaíba.
Para Fredson, nem houve uma proposta de fato, pois o representante do frigorífico apresentou diversas possibilidades de parcelamento, sem efetivar um compromisso.
“A reunião foi totalmente infrutífera. O advogado falou em vários número de parcelas, mudavam o tempo todo esse número e a reunião teve início, mas não teve fim. O pessoal foi se revoltando com a situação e saindo e virou bate boca. É uma situação lamentável. Agora, vamos continuar com as medidas judiciais para garantir o pagamento”, contou.
Fechamento - O frigorífico Golden Imex, comandado por um grupo iraniano, alega que por questões de mercado terá prejuízo se continuar com o frigorífico aberto e não pretende reabrir, mas estuda a possibilidade de buscar um arrendatário, segundo o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck.
A empresa começou a operar em 2020, em 2021, demitiu cerca de 400 funcionários e paralisou as atividades, mas reabriu no mesmo ano.
O Governo do Estado, que havia fechado acordos de incentivos com o frigorífico há alguns meses, está acompanhando a situação com objetivo de ajudar para que os produtores e 350 funcionários que já receberam aviso prévio não fiquem sem pagamentos.
A reportagem entrou em contato com o frigorífico Golden Imex, pelo número de telefone fixo da empresa, e aguarda retorno sobre quem poderia dar informações sobre o assunto. O jornal tentou também contato, por telefone, com o advogado do frigorífico, Diego Natanel, e deixou recado na caixa postal solicitando posicionamento sobre o assunto.