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Cidades

Missionário de MS conta como ajuda vítimas em meio a tremores diários

Antonio Marques | 19/05/2015 07:32
Os vilarejos nas montanhas ficaram totalmente destruídos pelos terremotos (Foto: Yuri Breder)
Os vilarejos nas montanhas ficaram totalmente destruídos pelos terremotos (Foto: Yuri Breder)

O missionário de Campo Grande, Yuri Breder, que chegou ao Nepal no último dia 9, relatou ao Campo Grande News, como foi a primeira semana de trabalho voluntário na região destruída pelo terremoto. Ele conta que os tremores acontecem todos os dias e que foram três abalos fortes em cinco dias, o primeiro de 7,5º na escala richter, na terça-feira, outros dois de 4,9º e 5,7º, ambos no sábado.

Segundo Yuri, na semana passada, quando aconteceu o segundo grande terremoto, de 7,5 graus na escala richter, ele estava visitando uma das casas do projeto do “Meninas dos Olhos Deus”, com as crianças nepalesas. “O tremor foi muito forte mesmo e muito assustador. As pessoas entram em pânico e corremos para ficar em segurança", comentou ele por mensagem de voz no aplicativo WhatsApp.

Esse tremor deixou pelo menos 70 mortos e cerca de mil feridos, número bem inferior ao anterior em razão das pessoas estarem mais alertas e em segurança. "Muitos nepaleses não voltaram para suas casas. Eles estão morando nas ruas, com receio de novos abalos. Estão armando tendas e barracas nas plantações com medo de retornar para suas casas", contou o missionário, acrescentando que a a maioria dos edifícios que caiu estavam condenados por conta do primeiro tremor.

Os prédios que resistiram aos tremores estão condenados e o povo passou a viver nas ruas (Foto: Yuri Breder)
Os prédios que resistiram aos tremores estão condenados e o povo passou a viver nas ruas (Foto: Yuri Breder)

O pastor Yuri Breder, que está baseado na capital, Katmandu, disse que tem muitos brasileiros ajudando os sobreviventes. Ele está acompanhado de cinco brasileiros do seminário da Igreja Batista da Lagoinha. "Estamos trabalhando em conjunto e, graças a Deus, todos em segurança. Ninguém se feriu e sempre mantemos contato para saber como estão e onde estão durante os tremores", tranquilizou.

Conforme o missionário, na Capital do país não se observa tanta destruição, como nos vilarejos, "aonde tudo ficou destruído, tudo caiu, tudo condenado." Nestes locais, além das famílias precisarem de muita ajuda, são regiões de difícil acesso, por ficar em áreas montanhosas e nas encostas das montanhas.

O trabalho do missionário Yuri Breder é recolher as doações, comprar mantimentos e distribuir aos desabrigados nos vilarejos nepalês (Foto: divulgação/Yuri Breder)
O trabalho do missionário Yuri Breder é recolher as doações, comprar mantimentos e distribuir aos desabrigados nos vilarejos nepalês (Foto: divulgação/Yuri Breder)

Trabalho - "Nosso trabalho é recolher as doações que os brasileiros têm mandado. Compramos mantimentos, remedios, lonas e barracas, sacos de arroz e estamos distribuindo nessas vilas, que são de difícil acesso", relatou o missionário campo-grandense.

Conforme Breder, para esta semana sua equipe solicitou cerca de 400 cestas básicas, lonas e barracas para distribuir nos lugares carentes. Na quinta-feria, 21, eles devem seguir até uma vila do povo Chepang, local em que pelo menos 80 famílias, que perderam tudo, estão desabrigadas. Ele disse que conseguiram uma camionete para chegar às regiões mais distantes. “Junto com os alimentos temos levado uma palavra de conforto e esperança”, completou.

Para Yuri Breder, o terremoto da semana passada não significou grande prejuízo para ao povo nepalês, pois já haviam perdido quase tudo, mas foi um choque para quem estava tentando retomar a vida normal, que pensava que o pior já teria passado. "Eles voltaram a ficar mais assustados e traumatizados. Os tremores acontecem todos os dias, mas não são relatados", reiterou.

Segundo o pastor, no sábado, 16, houve mais dois tremores fortes. No primeiro, ele estava no alto de uma montanha e sentiu o chão tremer, de 4,9° na escala richter. Ao retornar a Katmandu sentiu outro tremor quando estava dentro de casa, desta vez de 5,7º. "Toda hora, as vezes de madrugada, sentimos os tremores e aí todos acordam e ficamos naquela tensão, se corremos ou se esperamos passar o tremor. Geralmente passa rápido."

Para chegarem às vilas nas montanhas os missionários brasileiros enfrentam muitas dificuldades por conta das encostas (Foto: Yuri Breder)
Para chegarem às vilas nas montanhas os missionários brasileiros enfrentam muitas dificuldades por conta das encostas (Foto: Yuri Breder)
Para esta semana, a equipe brasileira adquiriu 400 cestas básicas para entregar às famílias nos vilarejos (Foto: Yuri Breder)
Para esta semana, a equipe brasileira adquiriu 400 cestas básicas para entregar às famílias nos vilarejos (Foto: Yuri Breder)

Risco - Yuri relata que quando vai aos vilarejos passa por muitas dificuldades na estradas destruídas pelos tremores, por conta das encostas, que podem a qualquer momento ter deslizamentos. “Estamos sempre sob o risco, mas temos fé em Deus e Ele está nos guardando. Precisamos fazer isso porque as pessoas estão em necessidade.”

Em Katmandu Yuri e os brasileiros moram em casa que a missão alugou. Quando têm muitos tremores não dormem nos quartos dos andares de cima. Ficam no térreo, perto da sala e na saída, com a porta aberta para facilitar a fuga, em caso de precisar correr. "Descer escada com terremoto é tudo mais complicado porque treme tudo e fica tudo mais perigoso”, ressaltou.

Nos vilarejos eles dormem em barracas, uma vez que as casas que não caíram totalmente estão condenadas. Mesmo com tanta destruição, a comunicação é considerada boa. "Só quando vamos para lugares muito distantes que perdemos contato, mas avisamos quando nos deslocamos para essas regiões. De modo geral, mesmo em vilarejos mais distantes conseguimos um sinal de telefone e até mesmo sinal de Internet. Assim conseguimos manter a comunicação tanto com o Brasil, como o resto da equipe de trabalho no país”.

Solidariedade - Yuri Breder disse que deve ficar no Nepal até o final do mês. Ele lembra que os brasileiros podem ajudar o povo nepalês depositando dinheiro para a compra mantimentos.

Quem quiser colaborar deve se dirigir a uma agência da Caixa Econômica Federal e providenciar depósito de qualquer valor na conta poupança nº 179740-3, agência 0017-3, em favor da Primeira Igreja Evangélica Batista de Campo Grande, CNPJ: 03.025.400/0001-40.

Por segurança, os nepaleses estão dormindo em barracas com receio de novos tremores (Foto: Yuri Breder)
Por segurança, os nepaleses estão dormindo em barracas com receio de novos tremores (Foto: Yuri Breder)
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