Moradores ameaçam construir barracos se houver despejo
Os moradores contemplados do Residencial Gabura, no bairro Otávio Pécora, em Campo Grande, estão solidários à situação das cerca de 50 pessoas que invadiram 36 casas e não querem deixar os imóveis.
Eles ameaçam construir barracos de madeira e lona nos arredores da área caso os novos vizinhos sejam despejados. "Desde que o primeiro invadiu eu estou acompanhando, é gente que precisa", defende a dona-de-casa Elisangela Aparecida Cenocien, de 36 anos.
Ela garante que, se for necessário, irá ajudar a construir os barracos. A dona-de-casa tem levado água, comida e cobertores para as famílias e conta com o apoio dos demais moradores nessas ações.
"Se tirar ela daqui, para onde ela vai?", questiona a dona-de-casa Viviane Alves, de 31 anos, sobre a invasora que tem cinco filhos.
Ela reclama que um dos proprietários que foi hoje à casa tem uma caminhonete Hillux e mais condições de arranjar um lugar para morar. "Quem tem uma Hillux não precisa de uma casa dessas", diz.
Outro lado - "Eu levei um prejuízo de R$ 120 mil", reclama o morador Pedro Tomázio, de 73 anos. Ele e a esposa viviam em uma chácara no bairro Coophavilla, que foi desapropriada.
Para não perder "o pouco que restou", o casal fez plantão hoje na casa que recebeu no Gaburas. Eles dizem não haviam se mudado porque a chave não estava liberada e no local não havia ligação de água nem de energia.
Quando foram feitas as ligações, ontem, começaram as invasões aos imóveis. Nessa noite, o casal irá dormir na casa, mesmo sem os móveis, para garantir que ele não será ocupado de maneira irregular.
Sobre os contemplados que enfrentam esse problema, eles são solidários. "Não é justo, já tiraram essas pessoas de onde moravam e agora querem tirar daqui também", resume a esposa de Pedro, Mari Terezinha Tomázia.