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Cidades

Morre em SP bebê que, sem exame, teve diagnóstico tardio de doença cardíaca

Marta Ferreira | 15/01/2012 13:00

“Foi a burocracia que matou o meu neto”. Com essa frase, a professora Elizena Gomes Garcia, de 43 anos, avó do menino Lucas Samuel, de 21 dias, falou hoje sobre a morte do bebê, no Hospital Beneficiência Portuguesa, em São Paulo. Lucas foi levado para a capital paulista para uma cirurgia para corrigir um problema no coração, que poderia ter sido diagnosticado logo que ele nasceu, no dia 26 dezembro, mas não foi porque a criança deixou de ser submetida a um exame previsto em lei, o teste do coraçãozinho.

Diagnosticada a doença, por meio de outros exames após a criança passar mal, nova demora, dessa vez por vaga no hospital paulistano, referência no tratamento. Ele a mãe embarcaram só na quinta-feira e hoje cedo o bebê morreu, sem sequer ter feito a cirurgia necessária. “Ele lutou muito pela vida. Eu reaprendi a orar com o Lucas. Eu reaprendi o valor da vida”, disse a avó,

emocionada.

A família, agora, está se desdobrando para trazer o corpo do bebê para ser velado em Campo Grande. O traslado custou R$ 1,5 mil, após um abatimento conseguido pela avó, de um valor inicial de R$ 5 mil. Agora, explicou Elizena, falta a passagem para a mãe do menino, Priscila, poder vir.

Vítima da burocracia-Elizena disse que, por tudo que os médicos informaram, o bebê tinha chances de se curar, se tivesse sido diagnosticado a tempo e se a operação tivesse sido feita realmente de urgência. “Outras foram feitas aqui e deram certo, diz a vó.

Com diagnóstico tardio, bebê morreu sem fazer cirurgia. (Foto: Álbum de família)
Com diagnóstico tardio, bebê morreu sem fazer cirurgia. (Foto: Álbum de família)

O bebê nasceu com a Síndrome de Hipoplasia de Ventrículo Esquerdo, um grave problema que deixa apenas meio coração em funcionamento.

A cardiopatia poderia ter sido identificada por meio do exame de oximetria de pulso (Teste do Coraçãozinho), exigido em todos os hospitais de Mato Grosso do Sul, conforme lei vigente desde 6 de dezembro. Apesar disso, o exame não foi feito, privando Lucas do atendimento correto.

Em vez de ser encaminhado para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e fazer cirurgia o mais rápido possível, ele teve alta no dia seguinte ao nascimento. As cinco horas que passou em casa agravaram seu estado de saúde.

“Se ele tivesse tido o diagnóstico correto, não teria sofrido assim. Agora, tem que fazer diálise, está entubado e com infecção no fígado”, relatou a mãe, em reportagem do Campo Grande News na semana passada. Ela tem também uma menina de 2 anos.

O bebê nasceu no Hospital do Pênfigo e, após o agravemento do quadro, foi para a Santa Casa, onde fez novos exames que identificaram a doença. De lá, foi transferido na quinta-feira, de UTI Móvel, para o ospital de São Paulo, onde morreu esta manhã.

A lei estipulando que “todo ser humano nascido no Estado de Mato Grosso do Sul deverá ser submetido ao exame de oximetria de pulso”, o teste que identifica problemas no coração logo após o nascimento,foi sancionada no fim de 2011 e ainda depende de regulamentação, a ser publicada em 90 dias.

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