Professor emérito lamenta falta de investimento e situação do HU
Integrante da ‘velha guarda da medicina’ e um dos fundadores do Hospital Universitário da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), o professor emérito e médico ortopedista Hélio Mandetta, 82 anos, se diz triste com o que o HU se tornou hoje. Em sua opinião, o que deveria ser um local de ensino para acadêmicos da área da saúde, na verdade, se tornou um hospital sempre lotado, sem estrutura e que presta um serviço que os próprios governantes "não dão conta".
“Toda vez que vou lá e fico sabendo de notícias, fico muito triste com o que vejo, principalmente pela superlotação nos corredores. É uma falta enorme de respeito com o ser humano e com os acadêmicos, que fazem um papel que não é o dele. Precisamos de condições para atuar na rede pública, com uma melhor direção, salas de cirurgias, raio-X, laboratórios e estrutura”, diz Mandetta.
Com uma carreira que contabiliza 34 anos de ensino para futuros médicos e ao menos quatro anos na academia de Medicina do Estado, ele garante que a melhoria na saúde somente ocorrerá com a realização de mais concursos públicos e um "plano de socorro" a nível municipal, estadual e federal.
“Fui para o Rio de Janeiro ministrar aulas assim que passei no concurso e então pedi transferência para a cidade onde nasci que é Campo Grande. E aqui operei gente que não tinha nenhum centavo, apenas por amor a medicina, sempre participei de manifestos e vou participar enquanto estiver vivo”, diz ele que estava junto com o pediatra Alberto Rubel, 74 anos e o obstetra Fauzi Adri, 79 anos, durante a manifestação na Capital, ocorrida na manhã desta terça (23).
Sobre uma das principais reivindicações da categoria, que seria a revalidação do exame para a vinda de médicos estrangeiros para o Brasil, o ‘Revalida Brasil’, ele cita uma experiência pessoal.
“Nos anos de 1960 e 1961 fui para os Estados Unidos realizar a residência médica, após fazer um teste de inglês e outro de conhecimentos médicos. E porque agora isso não é feito? Hoje em dia existe teste de qualidade para tudo, cadeira, manteiga e porque não o médico quando chega ao nosso país?”, avalia Mandetta.