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Cidades

Sete anos depois, assassinos de cacique vão a juri em SP

Redação | 05/04/2010 10:36

Na próxima semana vão a julgamento em São Paulo os acusados pelo assassinato do cacique guarani-kaiowá Marcos Veron.

Por solicitação do MPF (Ministério Público Federal), o júri foi transferido de Mato Grosso do Sul e vai ocorrer em 12 de abril. A justificativa, aceita pela Justiça Federal, é de que a pressão de ruralistas e interesses econômicos poderiam comprometer a lisura do julgamento.

No total, 24 pessoas foram denunciadas pelo crime, mas a Justiça aceitou a denúncia contra os quatro seguranças Estevão Romero, Carlos Roberto dos Santos, Jorge Cristaldo Insabralde e Nivaldo Alves de Oliveira.

"Entre os motivos levantados pelo MPF para pedir a transferência do Tribunal do Júri de Dourados (MS) para a capital paulista estão o poder econômico e a influência social do proprietário da fazenda, Jacinto Honório da Silva Filho. Proprietário de terras em Mato Grosso do Sul e outros estados, Jacinto Honório teria negociado com dois índios a mudança de seus depoimentos. Vítimas da agressão, eles teriam sido contratados para trabalhar em uma de suas propriedades na Bolívia.", argumenta o MPF.

Com a mudança, testemunhas também passaram a inocentar os seguranças contratados pelo fazendeiro e passaram a responsabilizar um outro índio, já morto.

O MPF acusa o fazendeiro de ter tentado mudar o depoimento até do filho de3 Veron.

O líder indígena foi morto em janeiro de 2003, por conflito fundiário em Juti, no interior de Mato Grosso do Sul.

Na avaliação do MPF, "nem mesmo a realização do Tribunal do Júri em Campo Grande seria suficiente para garantir a imparcialidade. Manifestações na Assembléia Legislativa sul-mato-grossense, condenando os acampamentos indígenas e relativizando a morte das lideranças, bem como opiniões desfavoráveis aos índios em diversos jornais do estado também foram juntadas ao processo, para mostrar que um júri federal realizado em qualquer subseção judiciária do

estado teria viés contrário aos índios."

A morte foi resultado de disputa pela terra indígena Takuara, na fazenda Brasília do Sul, sustena o MPF.

Nos dias 12 e 13 de janeiro de 2003, quatro homens armados atacaram índios guarani que ocuparam a área. "Armados com pistolas, eles ameaçaram, espancaram e atiraram nas lideranças indígenas. Veron, à época com 72 anos, foi encaminhado ao hospital com traumatismo craniano, onde faleceu", detalha o MPF.

Após o assassinato, o cacique foi enterrado o líder na própria área ocupada, por decisão da Justiça Federal.

Julgamento - Pelo Ministério Público, participam do julgamento o procurador da República Marco Antônio Delfino de Almeida, de Dourados, e o procurador regional da República Luciano Mariz Maia.

Em nota divulgada à imprensa sobre a decisão, o MPF lembra que hoje outros casos estão sob investigação envolvendo violência contra lideranças guarani.

Um dos casos é dos dois professores indígenas, desaparecidos em setembro do ano passado, após ocupação de uma fazenda em Paranhos, fronteira com o Paraguai.

Sete meses depois, apenas o corpo de um deles foi encontrado, com marcas de espancamento e perfurações a bala.

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