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Cidades

Som e silêncio, alegria e tristeza se misturam em homenagem a Silvio Nucci

Osvaldo Júnior | 06/08/2017 15:55
Gisele mostra o poema que escreveu durante o tributo (Foto: André Bittar)
Gisele mostra o poema que escreveu durante o tributo (Foto: André Bittar)

Vida e morte são feitas de contrários: alegria e tristeza, risos e lágrimas, música e silêncio, ausência e presença. Essas oposições se misturaram num só tempo e lugar: domingo, dia 6 de agosto, no Park's, em Campo Grande. E tiveram o mesmo propósito: fazer um tributo a Silvio Nucci, falecido há exatamente dois meses.

O poema de Gisele Marques, escrito no calor (humano, sobretudo) do Park's, traduz bem essas contradições. “O contraste da alegria desse domingo de sol maravilhoso e as lágrimas que a gente vê em várias pessoas nas mesas”, disse Gisele em resposta ao que a inspirou a destacar uma folha de um bloquinho e escrever algumas linhas sobre seus sentimentos e percepções do evento no Park's, bar que era de Sílvio Nucci.

Ela própria encerrava a contradição a que se referia. Durante a leitura de seu poema, que o fez a pedido da reportagem, Gisele sorriu e chorou. “Sei que você não quer ninguém triste. Alegrias e diversão são palavras que te definem. Se fosse para resumir você, seria o caso de um substantivo: amizade. Adjetivos são poucos para dar conta de um tributo ao Sílvio Nucci”, declamou.

Amigas do Silvio Nucci, emocionadas com o tributo (Foto: André Bittar)
Amigas do Silvio Nucci, emocionadas com o tributo (Foto: André Bittar)

Choros e risadas acompanhavam, de perto, dois outros pares de contradições: som e silêncio; ausência e presença. Enquanto a música rolava, muitos conversavam, sorriam, davam risadas, cantavam juntos, mas também, em alguns momentos, parte dessas mesmas pessoas eram vencidas pelo silêncio. Parecia que se calavam para ouvir as vozes das lembranças.

“Ele está aqui”, foi uma certeza repetida por alguns dos amigos de Sílvio Nucci. “Naquela mesa. Era onde ele sempre sentava, do lado dos músicos”, disse uma amiga do empresário. “Certeza absoluta. Ele está aqui”, reforçou Rosana Santin de Almeida, uma das organizadoras do tributo, que dividiu diversos momentos com Nucci por 23 anos.

Também idealizadora do tributo, Maria Eliza, mais conhecida como Liliza, considerou a homenagem com música a mais acertada possível. “Ele era muito alegre. Então, a música é a melhor homenagem. Ela ia gostar de estar aqui”, comentou.

Amigo, sócio e compadre de Silvio Nucci, José Rodrigues falou de alguns momentos com o empresário (Foto: André Bittar)
Amigo, sócio e compadre de Silvio Nucci, José Rodrigues falou de alguns momentos com o empresário (Foto: André Bittar)
Gutemberg afirma que festival de música era projeto do próprio Silvio Nucci (Foto: André Bittar)
Gutemberg afirma que festival de música era projeto do próprio Silvio Nucci (Foto: André Bittar)

Compadre, sócio, amigo desde os tempos do movimento estudantil, José Rodrigues de Souza, faz as contas e estima que a partilha de sua história com a de Sílvio perdura 37 anos. “Eu tinha 20 e ele 22”, lembra-se.

“O Sílvio é ímpar. Difícil até falar dele”, resumiu José. Depois, num ligeiro retrospecto, rememorou a época da faculdade e momentos que encurtaram os laços entre as famílias. Ele é padrinho de casamento de Nucci, que batizou um de seus filhos. “Um dia procurei o Silvio e disse que precisava de ajuda, porque... Aí ele me interrompeu e disse que não precisava saber o porquê. E me estendeu a mão”, conta.

Centenas de pessoas passaram pelo Park's neste domingo (Foto: André Bittar)
Centenas de pessoas passaram pelo Park's neste domingo (Foto: André Bittar)

De certa forma, o empresário foi um dos organizadores do próprio tributo. “Esse festival, que é o primeiro de muitos, era um projeto do Sílvio, que foi um grande incentivador de nossa cultura. Ele queria fazer isso há muito tempo. Era uma ideia também dele. E, agora, ele tá aqui com a gente”, disse o amigo Gutemberg Oliveira, frequentador do Park's há 20 anos.

Passaram pelo palco do bar artistas como Karina Marques e Banda, Maria Helena e Bugalu, Zé Geral, Carlos Lima, Jucy Ibanez, Banda Mestre, Beatles Band Club, Joe di Souza e Zezinho do Forró. A estimativa dos organizadores é que cerca de 800 pessoas passaram pelo bar.

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