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Em Pauta

1560: revolução das armas, parlamento e impostos

Mário Sérgio Lorenzetto | 29/07/2019 06:41
1560: revolução das armas, parlamento e impostos

As armas de fogo portáteis constituíram uma das maiores transformações no mundo. Em 1500, até as armas mais fáceis de carregar eram uma espécie de mini-canhão quase impossível de ser levantado por uma pessoa, que dirá disparado com rapidez e precisão. Essas armas eram raríssimas e inúteis. Quando um soldado conseguisse carregá-lo, mirar e acender a pólvora, já tinha sido dominado pelo adversário. Por isso, continuava a ser mais vantajoso usar a velha tecnologia das lanças e dos arcos e flechas. Se, em 1500, uma centena de atiradores se deparasse com cem arqueiros - como ocorreu no Brasil - não há dúvida de qual seria o resultado. Depois da primeira imprecisa saraivada de tiros de arcabuzes tivesse matado um punhado de arqueiros, o restante dos atiradores teria sido trucidado por flechas em questão de segundos. Por volta de 1560, houve uma inversão. Se as mesmas forças se encontrassem em um campo de batalha, os arqueiros é que teriam ficado apavorados.

1560: revolução das armas, parlamento e impostos
1560: revolução das armas, parlamento e impostos

Inovações nas armas de fogo portáteis.

Várias inovações tecnológicas causaram a inversão de poder entre armas de fogo e arqueiros. Uma das mais importantes foi a padronização das balas para armas de um calibre específico. Antes era uma balbúrdia. Essa mudança permitiu que se fabricassem projéteis a baixo custo e em grandes quantidades. Só assim puderam ser usados nas armas de quaisquer soldados. A introdução do mecanismo de disparo com "fecho de rodete" - mecanismo semelhante ao dos modernos isqueiros onde as fagulhas de uma pedra faziam a arma disparar - embora fosse caro, permitiu que armas de cano longo e pistolas fossem disparadas com eficiência, sem a necessidade de queimar gigantescos estopins (uma das principais causas da ineficiência das armas de fogo).

1560: revolução das armas, parlamento e impostos

A revolução militar, força do parlamento e impostos.

Alguns historiadores estudaram a denominada "revolução militar" do período compreendido entre 1560 e 1660. Foi nessa época que ocorreu a introdução da cobrança de impostos e da representatividade, acompanhada pela crescente força, do parlamento. Por mais que não imaginem, foi essa soma de impostos crescentes e parlamento forte que permitiram a sustentação de grandes exércitos equipados com armas de fogo. Por sua vez, foram esses exércitos que permitiram o desenvolvimento dos Estados nacionais modernos.
Na verdade, havia séculos que o desenvolvimento de tecnologia e estratégia militares ocorria de forma constante, pelo menos desde a criação do estribo, no começo do século VIII, para que os cavalos fossem usados nos combates. Mas, em 1560, as armas de fogo afetaram profundamente o mundo.

1560: revolução das armas, parlamento e impostos
1560: revolução das armas, parlamento e impostos

Nascem os exércitos que dominaram o mundo.

Uma das grandes transformações desse período foi o fato de que os soldados não mais precisavam ser treinados desde a infância para usar uma arma, fosse um arco, uma espada ou uma lança. Para disparar uma arma de fogo bastavam poucas semanas de treinamento. O tamanho do exército e seu equipamento com armas de fogo passou a ser decisivo para a conquista do poder. E os exércitos foram crescendo.
Para pensar apenas na Europa: na década de 1470, os exércitos da França e da Espanha chegavam a 40.000. Na década de 1590, os franceses tinham um exército de 80.000 soldados, e os espanhóis, de 200.000. Em poucos anos, o crescimento foi ainda maior. Os holandeses que tinham poucos homens em seu exército, passaram a contar com uma força militar de 100.000 homens. Os espanhóis foram a 300.000 e os franceses chegaram a 150.000.

1560: revolução das armas, parlamento e impostos

Aumento da carga tributária e domínio do mundo.

Reis e príncipes tinham que sujeitar seus povos a uma pesada tributação para financiar armas e soldados. Governos que lidavam com ameaças de invasões reconheceram que precisavam de um sistema totalmente diferenciado da época de domínio dos arqueiros. Findava a era em que as populações rurais se armavam de espadas ou foices ante o alerta de invasores. Construíram paióis para atender as necessidades de suprimentos bélicos. Algumas nações - Espanha, Inglaterra, França e Holanda - montaram exércitos enormes e varreram do mapa pequenas nações. O resultado de tudo isso foi o início da corrida armamentista que nunca cessou. A guerra já não era um acontecimento ocasional. Preparar-se para a guerra tornou-se um hábito na vida diária das pessoas. Os períodos de paz visavam fortalecer suas defesas e preparar-se para os conflitos seguintes. Os governantes, sempre espertalhões, mesmo com o crescimento da riqueza retirada de outros povos, raramente reduziam os tributos criados inicialmente para comprar armas e pagar soldados.

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