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Em Pauta

Com a cobra enrolada na perna, o gaúcho levantou-se da rede

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 17/08/2025 07:00
Com a cobra enrolada na perna, o gaúcho levantou-se da rede

Nos tempos em que os primeiros povoadores se estabeleceram na fronteira do Mato Grosso do Sul com o Paraguai, as raríssimas moradias eram muito distantes umas das outras, afastadas de 40 a 80 quilômetros. Lá não havia mais do que a Colônia Militar de Dourados, restabelecida pelo capitão Rogaciano Monteiro de Lima.


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Contrabando com o Paraguai.

Alguns anos depois da Guerra do Paraguai, passaram aqueles brasileiros a comerciar com os paraguaios de Vila Concepción. Levavam boiadas e traziam sal e arame. Viviam isolados, sem contato algum com o resto do Brasil. A fronteira era apenas um marco ilusório, o contrabando era o único comércio.


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Uma região quase desértica.

Aquela parte do Mato Grosso do Sul era quase desértica. As lendas atuais da existência de imensa população indígena são apenas e tão somente frutos da ideologia. Anteriormente, havia por lá as tropas do alucinado Solano López ao mando de Resquín, do acampamento de Cerro-Corá.


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Com medo de salteadores, andavam em caravana.

Os nossos patrícios desbravadores organizavam-se em caravanas com carros de boi para irem até Concepción. Internavam-se naquela zona inóspita levando em lugar do dinheiro brasileiro - muito valorizado, mas quase inexistente - couros, crinas e algumas reses.


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Trindade, o gaúcho brabo.

Certo dia, uma dessas caravanas, em território paraguaio, armou suas redes para sestear. Um deles percebeu algo alarmante dentro da rede do “Trindade Brabo”, um gaúcho veterano de guerra que dormia em uma rede armada embaixo da carreta, rasteira ao chão, como era o costume. Uma grande cobra estava enrolada na perna do Trindade. Diante do perigo evidente, seus companheiros armaram-se de pequenos porretes para bater na cobra no pequeno espaço existente.


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O paulista calmo.

Escalaram o Atanásio de Almeida Melo, um paulista tido como calmo e de voz suave para, com jeito, acordar o Trindade. Em posição apropriada, o Atanásio, falando baixinho tentava tirar o gaúcho do sono: “Acorda, Trindade… mas não se mexa, porque correrá grande perigo”. E assim ia, quando o Trindade começando a acordar, pronunciou levemente: “O que está acontecendo?”. O paulista disse: “Não se mexa, por favor; é uma cobra em cima de você”. Trindade, gritando como um louco, saltou agilmente da rede, para exclamar: “Não tem perigo, Atanásio…eu me levanto sem mexer”. Nunca existiu gaúcho mais papudo!

 

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