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Em Pauta

A imerecida má fama das piranhas

Mário Sérgio Lorenzetto | 09/06/2017 07:11
A imerecida má fama das piranhas

Depois de perder as eleições em 1912, o ex-presidente dos Estados Unidos, Theodore Roosevelt, veio ao Brasil para dirigir uma expedição científica ao Rio Amazonas. Na longa viagem, encontrou, entre outras "bestas", a piranha, "o peixe mais feroz do mundo", como ele descreveu em seu livro "Through the brasilian wilderness" (Através da região selvagem brasileira).

O ex-presidente ficou apavorado com a capacidade da piranha para devorar carne: "Te arrancarão o dedo de uma mão ao deslizar-se descuidadamente na água, mutilam nadadores (em cada rio do Paraguai há homens que foram mutilados), desgarrarão e devorarão a qualquer homem ou animal ferido, porque o sangue na água as excita até a loucura". Estava propagada a má fama das piranhas, "essas vilãs da água doce". O norte-americano falou, está falado! Um mito virou verdade.

A verdade científica é outra. As piranhas muito raramente atacam, isso só ocorre em determinadas condições bem explicadas pelos cientistas: na época de seca, quando o nível de água é baixo e escasseia a comida ou quando molestam seus ovos enterrados no leito do rio. Basicamente, quando se sentem ameaçadas ou a fome aperta (agem como qualquer outro animal selvagem). Mas também há de se conhecer que seus ataques, via de regra, são mordidas que causarão ferimentos nos pés ou nas mãos. A possibilidade de devorar um homem inteiro é remotíssima, só ocorre quando a pessoa já estava quase morrendo ou morta há pouco tempo.

As piranhas vivem em bandos, mas não usam nenhuma estratégia coletiva de ataque. Pelo contrário, os bandos servem apenas para se defender de animais predadores, especialmente de jacarés e aves pescadoras. Essa defesa só é bem sucedida com as piranhas de ventre vermelho.
As piranhas ficaram famosas por sua capacidade de devorar carne, mas são onívoras, além de carne, alimentam-se de sementes e outros materiais vegetais.

A última pesquisa mais famosa sobre as piranhas foi a de descobrir o porquê de, apesar de sua forte mordida, não conseguir vencer a "armadura" de escamas de vários peixes. De fato, as escamas funcionam como armaduras, são fornadas por duas camadas, uma mais interna de colágeno e outra, mais externa, também de colágeno, mas cimentada com cálcio. A surpresa dos cientistas é que os dentes da piranha quebram quando tentam morder as escamas.

A imerecida má fama das piranhas

A morte da lagosta ou do dourado

Em certas manhãs, após tempestades, as pessoas acordavam e descobriam que centenas de lagostas tinham ido parar na praia. Centenas delas se contorciam e se beliscavam. Encalhadas por causa da maré. Arranhadas e cobertas de areia. Começando a cheirar mal. Formavam uma massa ondulante de crustáceos, às vezes em pilhas de mais de meio metro de altura, profundas o suficiente para que lagostas de 5, 8, 15 quilos ficassem tentando pegar seu joelho. Antes que apodrecessem. Antes que moscas e gaivotas fizessem a festa. Quem quisesse levava uma para casa: era o jantar.

Nos primeiros séculos, a lagosta, hoje o filé-mignon dos frutos do mar, era comida de gente simples. Eram tão abundantes que sempre se podia comer lagosta quando não havia nada de melhor à mesa. Elas se acumulavam. Era só esperar a maré baixar e recolher as que ficavam presas nas poças. Ou se postar onde a água era rasa e arpoar uma lagosta de 11 quilos. Mas não se podia servir aquilo em um restaurante. Era comida de presidiário. Era muita lagosta para que alguém pudesse de fato desejar uma.

A escassez cria o valor. Como estamos vendo com o dourado, o mais belo espécime de nossos rios do Mato Grosso do Sul. Ninguém imaginava ganhar dinheiro com a lagosta. Mas aí inventaram um modo de levar lagostas até lugares em que elas não existiam. E o mundo da lagosta mudou.

Em 1810, um francês inventou a lata de folha de estanho. Enlataram lagostas mortas. Foram enviadas a qualquer canto do mundo onde não havia lagosta. E aquilo não tinha um gosto bom. Mas servia para nutrir mineiros e lenhadores. A lagosta morta, aos milhões, continuava sua sina de comida de pobre. Foram os pecuaristas que inventaram a lagosta de rico. Cansados de bifes, todos exibiam seu status social comendo lagosta. Preço elevado. E a lagosta, como nós a conhecemos (e não comemos) dos cardápios modernos, então nasceu.

Essa não é uma história de extinção de uma espécie. Existem milhões de lagostas, mas não as belas, grandes e deliciosas de antigamente. Os estudiosos dizem que as atuais são muito fibrosas quando comparadas com as antigas.
Há alguns anos, a última lagosta gigante da terra, com meros 10 quilos, vivia em Massachusetts. No intervalo do Super Bowl, uma mulher ganhou em um sorteio a lagosta gigante que era chamada Golias. Ela enrolou Golias em toalhas encharcadas de água fria e salgada. E dirigiu por uma hora até um aquário. Duas semanas depois, Golias vivia em outro aquário. Afinal, uma lagosta de 10 quilos passou a ser superstar. Teremos, brevemente, um dourado-Golias?

A imerecida má fama das piranhas

Novos regulamentos para produtos de origem animal

O Brasil lançou um novo Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal - Riispoa. Ele introduz mudanças na legislação e multas mais pesadas em caso de irregularidade. O consumidor deve entender que a atualização é relevante para a melhoria na qualidade dos produtos, ou seja, não é uma medida apenas punitiva. Com o novo Riispoa as multas chegarão até a R$500 mil, antes o valor chegava apenas a R$15 mil. O antigo Riispoa datava de 1952, tinha 952 artigos e agora, são 542.

O conjunto de regras guia a fiscalização em unidades industriais que fabricam alimentos de origem animal - carnes, lácteos, ovos, pescado e mel. Entre as novidades, a obrigatoriedade de atualizar a rotulagem. Com isso, o ministério terá maior controle do que está sendo produzido no país. Em relação aos fiscais, o novo Riispoa torna obrigatória a realização de um checklist, o que evitará interferências e influencias indevidas. Também contêm a perda do selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF) em caso de três irregularidades em um ano.

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