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Em Pauta

A natureza do escorpião e a antiga sabedoria popular

Mário Sérgio Lorenzetto | 10/01/2019 08:41
A natureza do escorpião e a antiga sabedoria popular

Há uma conhecida fábula, atribuída a Esopo, que conta a vontade de um escorpião tentando atravessar um rio. O escorpião pede ajuda a uma rã.
- Não, diz a rã. Não é possível. Se deixar que suba em minhas costas, poderia picar-me e a picada de um escorpião é mortal.
- Onde está a lógica disso, respondeu o escorpião. Os escorpiões sempre tentam ser lógicos. Se eu te pico, você morre e eu me afogo.
A rã se convenceu e permitiu que o escorpião subisse em seu torso. Mas no meio do rio, a rã sentiu uma terrível picada e se deu conta de seu erro.
- Lógica, disse a rã. Onde está a lógica?
- Eu sei, afirmou o escorpião, mas essa é minha natureza.
A ideia é que o escorpião (como muitos humanos) não pode se livrar de sua natureza. Destrói a lógica, ainda que lhe custe a vida.
Cientificamente, o escorpião pica com seu ferrão no rabo e inocula veneno de efeito neurotóxico. A fábula não tem qualquer comprovação científica.

A natureza do escorpião e a antiga sabedoria popular

Escorpião, o suicida.

Há outra lenda que nos apresenta o escorpião como se ele tivesse instintos suicidas. Em numerosas ocasiões escutamos que quando rodeiam o escorpião com um círculo de fogo, ele acaba cravando o ferrão em seu próprio corpo, em um ato de dignidade. Mas isso está muito distante da realidade, ainda que possa enganar nossos olhos. A verdade é outra. O escorpião é incapaz de regular a temperatura de seu próprio corpo. Ele se desidrata perto do fogo e começa a ter convulsões, arqueando- se até a morte. Por isso, pode passar a impressão que crava o ferrão em si mesmo, convertendo seu suicídio em uma lenda urbana. Tanto o ferrão não passa pela sua armadura corporal, como seu veneno se fosse auto-inoculado, seria imune para ele, não lhe causaria mal algum.

A natureza do escorpião e a antiga sabedoria popular

O óleo de escorpião para curar doenças urinárias.

Há uma terceira história sobre escorpiões. É bem mais antiga que as duas anteriores e vem de Corfú, uma ilha grega. Conta que um jovem pastor foi festejar em um povoado vizinho. Na volta, o jovem embriagado, não resistiu ao porre e dormiu no mato. Azarado, um escorpião lhe picou uma orelha. O jovem morreu com a cabeça inchada. Tal como nos conta a história da Antiguidade, a picada de um escorpião pode ser mortal para um humano.
Mas surge um velho pastor. Leva em suas mãos um pequeno frasco com um escorpião morto e macerado em óleo de oliva. Essa poção serviria de antídoto para a picada do escorpião. Mas isso só seria possível se o jovem estivesse vivo. O velho pastor explica que basta esfregar a poção no local da picada, que não dói mais que a furada feita por um espinho.
Os antigos homens do campo sabiam dessa história. Não era rara uma casa que tivesse um fraquinho com escorpião macerado em óleo. Também servia para curar picada de abelha. O veneno do escorpião estava presente nas farmacopeia de muitos países. Além de curar picadas, servia para combater doenças das vias urinárias.
A receita era muito simples. Bastava macerar um escorpião em óleo de oliva, acrescentar um pouco de água, esquentar a mistura em fogo brando para evaporar um pouco da umidade e, em seguida, filtrar em um pano seco e limpo.
Afinal, qual a verdadeira natureza do escorpião? Traidor, suicida ou potente elemento de cura.

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