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Em Pauta

A verdadeira crise da meia-idade: cuidar de pais e filhos

Mário Sérgio Lorenzetto | 08/08/2019 06:39
A verdadeira crise da meia-idade: cuidar de pais e filhos

Do jeito que ela imaginava, a meia-idade seria ótima. Contava os dias para a aposentadoria sonhando com o resto da vida em uma praia ensolarada. Mas não foi assim. Em vez de mais tempo dedicado ao sol e à cerveja, ela ficou presa cuidando de sua mãe com Alzheimer. Em vez das alegrias hedonistas, ela se sobrecarregou com o estresse e os desafios de cuidar da mãe com 84 anos e lidou com a demência. "Não foi assim que imaginei minha vida na meia-idade", diz Beatriz, com 63 anos.
Ela não está sozinha.
Os estudiosos estão descobrindo que a meia-idade, considerada como abrangendo as idades de 40 a 65 anos, está se tornando uma época de crises. Mas não é o tipo de crise que existe na imaginação popular - quando os pais, com seus filhos fora de casa, se sentem compelidos a recuperar o tempo perdido e reviver seus dias de glória. Em vez disso, a verdadeira crise da meia-idade é mais sutil e nunca discutida com a família e os amigos. Pode ser melhor descrita como uma época de "grande aperto" (big squeeze, como vem sendo denominada nos EUA e Europa). Um período em que as pessoas de meia-idade terão de dividir seu tempo e seu dinheiro com os filhos e com os pais.

A verdadeira crise da meia-idade: cuidar de pais e filhos

A obrigação de cuidar de pais idosos e filhos adultos.

Muitas pessoas de meia-idade sentem-se cada vez mais obrigados a cuidar de seus pais idosos e de seus filhos adultos. A média mundial é de 21 horas dedicadas aos pais idosos. As pessoas de meia-idade estão reduzindo seus tempos no serviço ou aceitando uma posição menos exigente. Estão fazendo malabarismos com o emprego enquanto cuidam dos pais. Estão prejudicando sua saúde física e mental.
Também se veem lutando com a dependência contínua ou parcial de seus filhos adultos. Comparado com 10 anos atrás, dobrou o número de crianças adultas dependente dos pais de meia-idade. Há menos oportunidades de emprego.
Juntos, cuidados com pais idosos e dependência dos filhos adultos, estão levando os adultos de meia-idade a um aumento explosivo de ansiedade e depressão.

A verdadeira crise da meia-idade: cuidar de pais e filhos

Vidas mais longas, menos oportunidades.

Por que esse "grande aperto" está acontecendo agora? Por um lado, os pais idosos estão vivendo mais do que nunca. O século passado viu ganhos notáveis na expectativa de vida. Opções para cuidar de pais idosos variam entre cuidados dentro da própria casa ou em uma clínica especializada. O que não varia são os custos. São elevados e estão subindo continuamente.
Por outro lado, viver em um país que está e continuará em crise econômica, não cria esperanças para que os filhos adultos casem, comprem suas casas e consigam a estabilidade.
Embora a meia-idade represente um ponto alto para os ganhos e para os picos de habilidades e tomada de decisões, os salários estão estagnados e a insegurança de investidores vem alimentando a insegurança do trabalhador. Além disso, as pessoas de meia-idade têm sua própria saúde para se preocupar. A saúde e a conta bancária estão se tornando inimigas para sempre. Os gastos com a saúde aumentam continuamente e as contas bancárias reagem com vermelhos e negativações constantes. Um relatório bancário recente - que era para ser confidencial - mostrou que as taxas de falência e de inadimplência crescem muito mais rapidamente entre os adultos de meia-idade do que em qualquer outro período de vida estudado.

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