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Em Pauta

Açaí e pirarucu, o desmatamento não é só uma questão policial

Mário Sérgio Lorenzetto | 24/06/2021 07:00
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O centro da colheita do açaí é um grande povoado denominado Puña, no Amazonas. É um dos lugares mais remotos do planeta. Há cultivos familiares junto com as densas matas cheias das palmeiras de onde colhem as sementes de açaí. Um lugar de contrastes, onde a dieta é sempre a mesma, mas os adolescentes têm Instagram e Tik Tok. Em quase todos barracos há grandes aparelhos de televisão. O açaí é o último grito daqueles que preferem comida sadia. Conquistou o mundo, mas não enriqueceu aqueles que o coletam.


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A revolução da eletricidade e das geladeiras.

O açaí estava presente em todos os pratos dessa região amazônica. Era misturado com peixes, frangos e até com a farinha de mandioca. Como sobremesa ou sem açúcar. E só com sal. Sempre fez parte do sustento popular, mas há alguns anos, virou negócio.... e transformou a vida. Criou uma prosperidade desconhecida desde a época da borracha.


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150 famílias e 500 povoados.

Puña é considerada um grande povoado, apesar de abrigar tão somente 150 famílias. É o centro "econômico" de mais de 500 pequeníssimos povoados. Todos vivem do açaí e do pirarucu.


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Como o pirarucu virou negócio.

O pirarucu é um grande peixe que estava em vias de extinção. Até que a Fundação Amazônia Sustentável (FAS) começou a trabalhar na escolha dos intermediários e no ensino dos ribeirinhos. Foram recuperar um conhecimento ancestral indígena denominado "recontagem". Nada mais é que a pesca do pirarucu apenas em 3 meses do ano com a escolha dos peixes adultos. Eles sabiam pescar os adultos, sem ferir os pequenos, e recuperaram esse conhecimento.


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Também foi essa entidade a encarregada de propagandear o açaí e o pirarucu.

O pirarucu virou delicatessen. Com o selo de preservação da floresta amazônica, entrou no cardápio dos melhores restaurantes de São Paulo, do Rio de Janeiro e de alguns países europeus. Sua pele suave foi convertida em bolsas de grifes internacionais que desejam ter algum produto com o selo preservacionista.


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Baru, Bocaiúva, Pintado e Dourado.

Tal como a Amazônia, o Mato Grosso dispõe em suas matas e rios de sementes como o baru e a bocaiúva que só não conquistaram mercados por falta de apoio. Há alguns anos, uma empresa de pescador se dispôs a estudar a criação de "fazendas" de pintado e dourado. E sumiu. Como ninguém foi atrás, nada aconteceu. E, logo, nada mais poderá acontecer, pois estão em processo acelerado de extinção.


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Preservação não é apenas uma questão policial.

Basta abrir os jornais para ler que o governo federal intenta destruir a floresta amazônica. As notícias de desmatamento e queimadas "queimam" nosso filme, destroem nossa reputação. Indicam que retiraram o policiamento e a fiscalização da Amazônia. Pode ser. Mas não há polícia e fiscal que consiga coibir dezenas de milhares de pessoas que vivem da venda ilegal de madeira e da mineração em terras protegidas. Só há uma grande alternativa: promover os negócios locais com produtos silvestres. As matas da região de Puña estão quase intactas.
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