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Em Pauta

Adrenalina e a mescalina eram drogas psicodélicas

Mário Sérgio Lorenzetto | 20/12/2018 06:35
Adrenalina e a mescalina eram drogas psicodélicas

Ainda que tenha se tornado célebre por narrar acontecimentos reais em forma de crônica, Hunter S.Thompson sabia que seus leitores se interessavam mais por mitos do que por verdades científicas. Talvez por isso, tenha escrito seu conhecido relato "Medo e delírio em Las Vegas", na primeira pessoa afirmando que estava sob os efeitos do "adrenocromo", uma substância mística dessa época.
Esse adrenocromo realmente existe, é um metabolito - um composto originário das reações químicas - da adrenalina. Outro importante - e mais conhecido dos brasileiros - guru dessa época, Aldous Huxley também havia construído hipóteses sobre esse adrenocromo. Aliou-se Huxley tinha como base de suas teorias o trabalho do psiquiatra britânico Humphrey Osmond o mesmo que indicou a Huxley as doses de mescalina necessárias para ativar o cérebro em ondas psicodélicas. Sim, a adrenalina e a mescalina - substância alucinógena obtida de um cacto - nessa época faziam parte do mundo dos psicodélicos, os gurus do uso das drogas pesadas, que conduziam o cérebro a alucinações.

Adrenalina e a mescalina eram drogas psicodélicas

Um quimico japonês descobre a adrenalina.

A adrenalina foi o primeiro hormônio a ser descoberto. O trabalho pertence ao químico japonês Jokichi Takamine, em 1901. Mas muitos anos antes, em 1748, o místico sueco Suedenborg, que em seus escritos visionários unificou a anatomia com a mística, já divulgava a existência de "um líquido marrom de gosto doce que protegia os rins". O sueco já imaginava a existência da adrenalina, mas não comprovava sua existência. E mais, a adrenalina já estava no mundo do misticismo. À exceção do químico japonês, assim permaneceria pelos séculos.

Adrenalina e a mescalina eram drogas psicodélicas

Estressar as pessoas, o segredo para obter adrenalina.

O jornalista de Las Vegas, Thompson, conta em seu livro como um advogado de nome Oscar Acosta, o convenceu a usar o líquido que estava em uma garrafinha marrom. Afirmava que só poderia ser obtida das glândulas supra-renais de um humano vivo. Se a tirasse de um cadáver, não produziria efeito. O advogado Acosta contava que havia adquirido seu vidrinho de adrenocromo, o tal metabolito da adrenalina, de praticantes de ritual satânico. Não se sabe se isso é verdade.
Todavia, algumas tribos australianas canibais costumavam estressar suas vítimas para manter as glândulas supra-renais com altos níveis de adrenalina e servir-se de suas vítimas como alimentos de alto índice energético.

Adrenalina e a mescalina eram drogas psicodélicas

O especialista em dependência a drogas Downing acaba com o mito da adrenalina alucinógena.

Eduardo Hidalgo Downing, um dos primeiros especialistas em dependência a drogas realizou as mesmas experiências de Thompson e Huxley. Administrou em seu corpo doses ainda mais elevadas do metabolito adrenocromo que as que a dupla havia experimentado. Escreveu um livro sob essa e outras experiências com drogas que ficou pouco famoso fora dos meios científicos. "O adrenocromo e outros mitos sobre as drogas" , livro do Downing, foi fundamental para os primeiros conhecimentos científicos sobre as substâncias alucinógenas. Downing afirmava, com razão, que a adrenalina não causa a alucinação, apenas uma leve euforia e nada mais. A história de Downing ainda continua pouco conhecida, especialmente no meio de esportistas que continuam conferido à adrenalina poderes mágicos.

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