As canoas de guerra para atravessar o Pantanal
Um século depois da derrota dos espanhóis que viviam nas imediações de Aquidauana, os paulistas começaram a aparecer no Mato Grosso do Sul. Para chegar à Fazenda de Camapuã, a única que funcionou por dezenas de anos no Estado, era um martírio. As canoas, feitas à moda indígena de um só tronco de árvore, eram instáveis. Os insetos, especialmente no Pantanal, devoravam literalmente os brancos. Existiam inúmeras cachoeiras, impossíveis de serem transpostas pela água, assim, pessoas e mercadorias tinham de sair da água e carregar as canoas até ultrapassá-las. E, para completar as imensas dificuldades, os Caiapós, Paiaguás e Kadiwéus, os matavam, principalmente à noite, frequentemente. Há uma hipótese de que foram mortos mais de 4 mil paulistas pelos indígenas.
Quem sair à noite morrerá.
A Fazenda Camapuã, primeiro objetivo dos paulistas, era pobre e constituída por poucas taperas. Mas, das dez fazendas iniciais, as primeiras a existirem no Mato Grosso do Sul, foi a única a continuar funcionando para albergar os paulistas. Seus moradores viviam semi-aprisionados, não podiam sair à noite. Quem descumprisse essa norma, seria morto pelos indígenas que estavam sempre de tocaia.
Os ataques da aliança Kadiwéu-Paiaguá.
De São Paulo à Fazenda Camapuã, os ataques constantes eram feitos pelos Caiapós. Quem conseguia vencer as atribulações dessa viagem, chegando à Fazenda, logo a seguir, teria de se desvencilhar da saga de uma poderosa aliança constituída por Kadiwéus e Paiaguás. Era raro. A imensa maioria sucumbia aos ataques indígenas.
As canoas de guerra.
À partir de 1.734, “por ordem de Sua Majestade”, com tropas embarcadas em S.Paulo, organizam um sistema pelo qual algumas canoas de guerra passam a escoltar as frotas de comércio dos paulistas. Dez anos depois, “se vão espaçando os assaltos” aos pacíficos comerciantes devido ao bom resultado da proteção ofertada pelas canoas de guerra. Elas não eram diferentes das usadas pelos comerciantes. Tinham o fundo chato, instável do modelo indígena, feitas de jacarandá ou peroba, escavado com ferramentas ou fogo. Transportavam, apesar das imperfeições, dezenas de “soldados” (brancos e indígenas aliados), provisões e equipamentos. Não tenho certeza, mas é provável que algumas levassem pequenos canhões.
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