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Em Pauta

Colt, Winchester e Mikhail Kalashnikov

As armas impossíveis

Mário Sérgio Lorenzetto | 09/03/2019 07:04
Colt, Winchester e Mikhail Kalashnikov

Eles são os inventores das armas que revolucionaram o uso individual. Por motivos e caminhos diversos, criaram armas consideradas impossíveis. Três personalidades diferentes, dois inventores e amantes de armas e um empresário com enorme faro de lucro, estão entre os raros casos daqueles que saíram do tiroteio para a história, pois da criação de armas pouco se conhece.

Colt, Winchester e Mikhail Kalashnikov
Colt, Winchester e Mikhail Kalashnikov

Samuel Colt, observando um navio, criou o revólver mais famoso.

Colt era um homem do barulho, do fogo. Em 1829, aos 15 anos, explodiu uma jangada, usando explosivos submarinos. A explosão foi impressionante. Como castigo, foi enviado para um internato. Lá, divertia seus colegas com pirotecnia. Um ano de internato foi o bastante para que ele ateasse fogo no prédio. Seu pai o mandou embora, para aprender o ofício de marinheiro. Em uma viagem a Calcutá, na Índia, inspirado no cabrestante, que tinha um mecanismo de catraca e lingueta, imaginou um revólver que, até então, era considerado impossível de ser feito. Um revólver que conseguiria dar muitos tiros em sequência. Ainda no navio construiu um protótipo desse revólver, mas apenas feito em madeira.
Retornando aos Estados Unidos. em 1832, o pai financiou a produção de duas armas: um rifle e um revólver. O primeiro revólver explodiu quando foi disparado, mas o rifle funcionou bem. Seu pai não aceitava dar continuidade nos financiamentos. Todavia, Colt havia aprendido na fábrica do pai a usar o óxido nitroso - o denominado "gás do riso" - e ganhou a vida fazendo demonstrações de risadas não convencionais em pequenas cidades nos Estados Unidos e no Canadá. Apresentava-se nos shows como "O célebre Dr.Colt, de N.York, Londres e Calcutá". Sua habilidade de falar em público o levou a ser obrigado a "tratar" de uma doente com cólera administrando óxido nitroso.
Tendo economizado algum dinheiro, Colt retornou ao velho sonho de um revólver impossível. Fez alguns arranjos com armeiros de Baltimore e abandonou a ideia de um revólver com vários canos, optando com um de barril fixo com cilindro rotativo. Contratou um armeiro chamado John Pearson para construir esse revólver e patenteá-lo.
Com um empréstimo feito por um primo, organizou uma companhia com investidores dispostos a correr riscos e levar sua ideia ao mercado. Colt também foi inovador no campo do marketing. Travestiu-se de militar para apresentar sua arma para governantes de outros países e por vender armas para os dois lados das guerras por onde passou. A fábrica Colt criou uma lenda denominada Colt 1911, o revólver mais vendido na história.

Colt, Winchester e Mikhail Kalashnikov
Colt, Winchester e Mikhail Kalashnikov

Oliver Winchester, o empresário do rifle.

Oliver Fisher Winchester se tornou um sucesso mundial pela astúcia na compra e melhoria dos designes patenteados por outros projetistas de armas. Quando jovem, Winchester administrou uma loja de móveis em Baltimore, até 1848. Logo, montou uma fábrica de camisas sociais. O sucesso financeiro permitiu-lhe adquirir a Volcanic Repeating Arms Company, em 1857, que passava por dificuldades administrativas e financeiras na fabricação da espingarda de repetição chamada volcânica.
Um armeiro, superintendente da fábrica de Winchester, projetou e patenteou o rifle de repetição Henry e seu cartucho metálico autônomo. Esse foi o precursor direto de uma longa, e milionária, linha de rifles denominados Winchester, a arma que dominou o faroeste.
Aos a morte de Winchester, em 1880, a empresa continuou prosperando com a aquisição de mecanismos avançados de repetição criados por John Browning.

Colt, Winchester e Mikhail Kalashnikov
Colt, Winchester e Mikhail Kalashnikov

Mikhail Kalashnikov, o russo homenageado nos EUA.

Há cinco anos o mundo perdeu um dos nomes mais conhecidos da história das armas. Vilão? Mocinho? Você decide, desde que não esteja no lado errado de uma AK-47. Aí, quem decide é quem esteja segurando essa arma tida como infalível apesar de errar alguns tiros. Mais que uma arma, uma lenda.
De todas as armas do vasto arsenal soviético, nenhuma era mais lucrativa que o Avtomat Kalashnikova, modelo 1947, mais conhecido como AK-47. É o fuzil de assalto mais popular do mundo. Uma arma que os combatentes amam. Uma amálgama elegantemente simples de aço forjado e compensado. Não quebra, não engasga e não superaquece. Vai atirar se estiver coberto de lama, de água ou de areia. É tão simples que até uma criança pode usar. E elas usam. Os soviéticos colocaram essa arma em sua moeda. Moçambique, colocou em sua bandeira. Desde o fim da Guerra Fria, o Kalashnikov se tornou um dos maiores produtos de exportação dos russos. Depois dele, vem a vodca, o caviar e os escritores suicidas. Uma coisa é certa: ninguém faz fila para comprar carros da Rússia. Neste momento, há centenas de filas para comprar um AK-47 em vários pontos do mapa mundial. Como o venerável Colt 1911, é um design que resistiu à prova do tempo.
Mikhail foi reconhecido mesmo pelos "inimigos". Durante uma visita aos EUA, em 2009, foi convidado por um grupo defensor de armas militares a visitar um local onde haviam tanques de guerra. Mikhail ficou surpreso ao ver um tanque russo T-34 no meio dessa coleção. O tanque ainda fazia manobras, disparava o canhão e desfilava para os curiosos. Kalashnikov disse aos norte americanos que havia dirigido um desses na guerra. em certo momento o tanque virou a torre onde, em caracteres cirílicos, estava escrito Mikhail Kalashnikov. Os gringos tinham conseguido achar, comprar e restaurar o tanque que Mikhail havia comandado na guerra contra os nazistas.

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