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Em Pauta

Devo fazer o teste para o risco de Alzheimer?

Mário Sérgio Lorenzetto | 09/08/2018 09:10
Devo fazer o teste para o risco de Alzheimer?

Graças aos avanços nos testes genéticos, agora existe a possibilidade de descobrirmos se corremos o risco de, na velhice, termos nossa mente atacada por esse mal. A doença de Alzheimer é um distúrbio neurodegenerativo progressivo e fatal . É a causa mais comum de demência. Está na lista das maiores causas de morte. E vem se tornando o temor número um da população. Brevemente, ultrapassará o temor do câncer. A grande maioria dos casos de Alzheimer têm início após os 65 anos. Afeta uma em cada dez pessoas no mundo e dois terços são de mulheres. O avanço da idade é o maior fator de risco.

Além da idade, existe um gene denominado ApoE4 que está diretamente associado à doença.

Devo fazer o teste para o risco de Alzheimer?

Um pouco de genética para entender o ApoE4.

O gene ApoE4 fornece instruções para construirmos em nosso corpo uma proteína chamada apoliproteína E. Essa proteína se combina com gorduras em nosso cérebro para formar moléculas denominadas lipoproteínas. As lipoproteínas são responsáveis por envolver, embalar o colesterol e outras gorduras e transportá-las pelo cérebro.Os cientistas sabem desde há muito tempo que esse gene ApoE4 com o acumulo de gordura em volta de nossos neurônios. Mas um segundo estudo, bem recente, mostrou que o ApoE4 também está relacionado com o acúmulo de TAU, uma segunda proteína que há muito vem sendo implicada no desenvolvimento do Alzheimer.

Simplificando: o gene ApoE4 está muito relacionado com o Alzheimer.

Todos temos ApoE. Todavia, é importante saber que o ApoE têm três alelos (mutações): ApoE2, ApoE3 e o ApoE4. Nós temos dois alelos dentre os três citados. Pode ser ApoE2 e ApE2 (a melhor opção), talvez seja ApoE2 e ApoE3, ou ApoE3 e ApoE3....... e todas as demais variações. A mais indesejada e perigosa é a dupla ApoE4 e ApoE4.

Quem tiver um só ApoE2 já diminui o risco de Alzheimer em 40%, mesmo que o segundo seja um indesejável ApoE4. Quem tiver ApoE3 não têm significado algum, é inócuo, nem bom e nem ruim. O ApoE4 está presente em 10% a 15% das pessoas. Ter somente um ApoE4 significa ter dobrado ou triplicado o risco de Alzheimer. Quem têm dois ApoE4 tem o risco aumentado em dez a quinze vezes.

Devo fazer o teste para o risco de Alzheimer?

Testando para ApoE4.

O teste tornou-se incrivelmente fácil e rápido. Também barateou muito, custa algo próximo de R$600. Basta enviar um pouco de saliva para a empresa que faz e esperar o resultado por uma semana, aproximadamente. Mas uma questão muito mais difícil é: devo fazer o teste? Essa indicação vem dividindo a comunidade médica.

Os que são favoráveis aos teste afirmam que quem tiver um ApoE4 poderá mudar o estilo de vida, para mitigar o risco de Alzheimer fazendo mais exercícios e mudando a alimentação. Também afirmam que o teste de ApoE4 têm algum valor na predição de doenças cardiovasculares. Os contrários argumentam que uma vez que não há cura para o Alzheimer (existem uma dezena de novos medicamentos sendo testados para a redução dos danos), não há porque criar o estresse pessoal e familiar para aqueles que forem detectados com ApoE4. Haverá sofrimento emocional, dizem os contrários ao teste. Também poderá ter implicações financeiras a longo prazo e indesejáveis efeitos no trabalho. A decisão é exclusivamente de ordem pessoal.

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