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Em Pauta

Mulheres do MS, cuidado com os estupradores

Mário Sérgio Lorenzetto | 14/09/2019 08:33
Mulheres do MS, cuidado com os estupradores

Campeões em estupro. Vice em assassinatos de mulheres. Os homens de MS amam odiar as mulheres. E há tudo a temer. Eles estão próximos, são conhecidos. A maioria dos casos de estupro e feminicídios são cometidos por homens próximos às vítimas. São maridos, namorados, vizinhos, amigos e parentes. A misoginia, o ódio às mulheres, tornou-se corriqueiro, está sendo "normalizado".

Mulheres do MS, cuidado com os estupradores

O estupro é uma escolha.

Nunca é por acaso. O estupro é uma escolha. Os estupradores escolhem estuprar. Nós simplesmente não queremos pensar na verdade desconfortável de que um estuprador é apenas um cara, qualquer cara, que estupra. Nunca há consentimento. Não é admissível a ideia de que ela "provocou". O estupro é o mais profundo desrespeito a uma mulher.

Mulheres do MS, cuidado com os estupradores

Como elas lidam com o estupro?

Não há uma regra universal. Não é possível prescrever a maneira correta de lidar com a agressão sexual, porque é subjetiva. A violência sexual é sempre terrível, mas cada sobrevivente de estupro lida com isso de maneira diferente. Algumas perdoam o estuprador porque isso lhes dá paz. Algumas só conseguem sobreviver com tratamentos medicinais. Outras preferem falar, falar e falar. A vocalização desse trauma ajuda a lidar melhor com ele. Com a lembrança do sofrimento no momento da agressão. Mas, como viver com a raiva como a eterna companhia?

Mulheres do MS, cuidado com os estupradores

Não há motivo razoável para estuprar.

Você está fazendo isso explicitamente para causar danos. Faz porque deseja ter sexo e não entende ou não se importa que a mulher não o queira. Existe homicídio justificável (quando, por exemplo, matou um homem para impedir um estupro), mas não existe estupro justificável. Você precisa estuprar alguém para impedir qualquer outro crime? Os estupradores escolhem estuprar. Eles não podem sair ilesos.

Mulheres do MS, cuidado com os estupradores

Devemos falar sobre estupro.

Não podem passar impunemente. Devemos falar sobre estupro e estupradores. Mais ainda, devemos falar sobre como falamos sobre estupros. Essa é uma conversa difícil. Está gravada a fogo na memória da vítima. Dói. Dói muito. Terão de viver com o tédio de um trauma que continua e continua. A educação sexual de alta qualidade pode e deve equipar as mulheres com as armas da prevenção, de desconfiar daqueles que se aproximam insidiosamente como víboras.

Mulheres do MS, cuidado com os estupradores

O que a lei brasileira considera estupro?

Engana-se quem acredita que apenas a penetração forçada se enquadra no crime de estupro. A lei é bem mais ampla do que isso. As comuns "encochadas" no transporte público podem ser enquadradas como estupro. Mão na bunda também é considerada estupro pela lei. E tem outro ainda mais comum: o beijo forçado pode ser enquadrado como estupro. E também o chamado "estupro de vulnerável". Esse crime sexual considera como estupro os crimes envolvendo vítimas menores de 14 anos, aquelas que tenham deficiência mental ou que não tenham capacidade de reagir, como em casos de embriaguez ou de uso de droga. Também é "estupro de vulnerável quando a vítima está desacordada ou dormindo profundamente.

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O caso de estupro no MT que reafirmou a tradição brasileira.

Em outubro de 2016, o Tribunal de Justiça de MT voltou atrás na condenação, por estupro, de um homem que abusou de uma garota de 15 anos. Ele agarrou a adolescente pelas costas, jogou-a no chão, arrancou a blusa e começou a beijá-la enquanto pressionava seu abdômen com os joelhos. O ato só foi interrompido quando chegou alguém a tempo de acudir a menina. Inicialmente, o réu foi condenado a oito anos de prisão, mas recorreu e foi absolvido. O caso foi parar no STJ. O ministro Rogério Schietti deu o veredicto de que o homem deveria ser condenado por estupro. Segundo o ministro, os juízes do Mato Grosso foram levianos frente ao sofrimento da vítima e a decisão deles contribuiu para reafirmar a cultura do estupro no Brasil.

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