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Em Pauta

Nunca caminhe com o rebanho de ovelhas

Mário Sérgio Lorenzetto | 18/08/2018 09:23
Nunca caminhe com o rebanho de ovelhas

Os holandeses que mantiveram não uma, nem duas, e sim quatro guerras contra os britânicos pelo domínio das rotas comerciais, saíram muito contentes da assinatura do Tratado de Breda, em 1667. Haviam assegurado o controle do arquipélago de Banda, na Indonésia. A paz de Breda punha fim a mais de um século de guerras entre portugueses, espanhóis, franceses e, por último, ingleses e holandeses. Todos queriam as milionárias especiarias. Os holandeses deram aos britânicos um prêmio de consolação: um pedaço de terra, descoberto pelo inglês Richard Hudson a serviço da Companhia das Índias Holandesas das Índias Orientais. que o tempo conheceria como Manhattan. Essa é uma história de carneiros. Ou melhor, de rebanhos de carneiros. Todos dispostos a entregar qualquer coisa em troca das especiarias. Poucos ganharam, muitos perderam tudo.
Quem poderia prever a construção do canal que ligaria N.York aos Grandes Lagos? Quem teria apostado que N.York sairia vencedora, na corrida pelo protagonismo, frente a Boston e a Filadélfia? O arquipélago de Banda era a grande vitória pois lá era o único lugar do mundo onde cultivavam a noz moscada. Considerada o Viagra dos anos 1600, a noz moscada também era usada para aliviar as dores do parto, antisséptico, anti-histamínico, na conserva de alimentos e, é claro, em receitas culinárias. Uma especiaria que era vendida na Europa por 300% a mais do que pagavam em Banda. A história está cheia de transações, de intercâmbios, de compras e de vendas que o tempo tirou a razão.

Nunca caminhe com o rebanho de ovelhas
Nunca caminhe com o rebanho de ovelhas

Bolhas, bolhas e mais bolhas.

As bolhas são o caldo de cultura perfeito para as transações espertas, aquelas em que parece que um é mais tonto e outro mais esperto até que o estouro faz com que mudem de papel. Desde a entrega do Alaska pela Rússia para pagar um empréstimo, na ignorância do ouro e do petróleo que estava escondido sob o gelo. Os russos comemoraram a esperteza. Outros também haviam vendido suas terras e se dado "bem". Franceses, ingleses e mexicanos entregaram terras a preço "exorbitante", hoje, considerado vil. Foi uma das maiores e mais idiotas bolhas.
E o que dizer da pírrica transação pela qual o farmacêutico John Pemberton se desfez de seu invento, a Coca Cola, quando estava na "moda", vender patentes? Quase sempre por trás de uma vitória empresarial, há outro empresário que deu uma "cabeçada" na parede.
Duas medidas de trigo, quatro de centeio, oito porcos, doze ovelhas, dois odres de vinho, quatro toneladas de manteiga, um milhar de libras de queijo, uma cama e uma taça de prata. Esse foi o preço pago, entre 1636 e 1637, por uma tulipa. Havia estalada a mania das tulipas na Holanda. Uma das bolhas mais famosas da história. Estavam seguros que os preços das tulipas não deixariam de subir e sempre haveria um benefício na venda por mais disparatado que fosse o preço de compra. Boom. Explodiu. A Holanda faliu.
Não falemos das bolhas brasileiras. Nem mesmo da recente de São Gabriel do Oeste. Estão vivas em nossa memória. Relembremos de quando o Santander pagou US$528 milhões, no ano 2.000, a Wenceslau Casares, por 75% do Patagon, o maior portal financeiro da América Latina. As pontocom estavam em todo seu apogeu. Era tão moderninho surfar naquela onda... Tem certeza de que esta é a hora de investir no Brasil, com esses candidatos que concorrerão à presidência? Só há uma regra a ser respeitada: nunca caminhe com o rebanho de ovelhas.

Nunca caminhe com o rebanho de ovelhas

A estratégia dos endinheirados é aguardar os resultados das eleições.

O conceito de risco para os ricos surgiu com as grandes navegações do século XV. Não é algo novo e nem mudará nos próximos anos. Navegando ou não, risco é algo que o investidor brasileiro conhece bem devido aos solavancos do mercado e às mudanças abruptas de direção da economia.
Por muito tempo, quem tinha R$1 milhão para investir estava garantido pelos bancos. Afinal, uma taxa Selic no patamar de dois dígitos fazia com que mesmo alocações conservadoras rendessem 1% ao mês. A redução dos juros de 14% para pouco mais de 6% ao ano pelo Banco Central mudou esse cenário e estimulou os milionários a aceitarem mais riscos. Porém, isso durou pouco. A greve dos caminhoneiros, as incertezas na política e na economia, com o aumento da turbulência imposta por Trump no mundo, limitaram o raio de ação dos ricos brasileiros.
A maioria dos ricos brasileiros acredita que correr riscos é o mesmo que perder tudo. Uma pesquisa realizada pela excelente Fundação Dom Cabral revelou que a maior parte dos investidores brasileiros milionários são conservadores. Algo como 75% deles investem com objetivo de ganhar 10% acima da inflação. Pode parecer muito. Porém, o momento das incertezas com péssimos candidatos à presidência, não permite voos curtos nem longos. O momento é de aguardar outubro.

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