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Em Pauta

O direito à Felicidade. A Felicidade Interna Bruta

Mário Sérgio Lorenzetto | 18/11/2019 06:31
O direito à Felicidade. A Felicidade Interna Bruta

No decorrer da história, muitos pensadores definiram a felicidade, e não a vida em si mesmo, como um bem supremo. Na Grécia antiga, Epicuro afirmava que a felicidade era o único propósito da vida. Essa ideia tornou-se a concepção-padrão. Para Epicuro, a busca da felicidade era uma procura pessoal. O Estado, o governo, nada tinham a ver com ela.

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O governo e a felicidade.

No final do século XVIII, o britânico Jeremy Bentham começou a mudar essa ideia. Afirmava que o bem supremo é "a maior felicidade para o maior número de pessoas". Bentham dizia que o único objetivo meritório de um governo, do mercado e da comunidade científica consistia em incrementar a felicidade. Políticos deveriam assegurar a paz, homens de negócio deveriam estimular a prosperidade e aos estudiosos caberia estudar a natureza - não para a glória de um mandatário - e sim para que possamos ter uma vida feliz.

O direito à Felicidade. A Felicidade Interna Bruta

Fortalecer a nação e não a felicidade.

Durante os séculos XIX e XX, governos, corporações e laboratórios focaram suas conquistas em metas bem definidas. Os países passaram a avaliar o sucesso pelo tamanho de seu território, o aumento de sua população e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) - e não pela felicidade de seus cidadãos. As nações mais avançadas como Alemanha, França e Japão estabeleceram sistemas gigantescos de educação e saúde com o objetivo de fortalecer a nação, em vez de assegurar o bem-estar individual.

O direito à Felicidade. A Felicidade Interna Bruta

O papel das escolas sem felicidade.

As escolas eram guiadas - e continuam - pela missão de produzir cidadãos habilitados e obedientes, que serviriam a nação com lealdade. Aos 18 anos, os jovens tinham não só ser patriotas, como também letrados, para que pudessem ler a ordem do dia do general e preparar os planos para a batalha do dia seguinte. Tinham de conhecer matemática para calcular a trajetória das balas na artilharia, ou para decifrar o código secreto do inimigo. Precisavam dominar razoavelmente eletricidade, mecânica e medicina, para estarem aptos a operarem equipamentos, dirigir tanques e cuidar de companheiros. Quando deixavam o exército, esperava-se que servissem à nação como funcionários, professores e engenheiros, construindo a economia e pagando impostos. No Brasil, essa continua sendo a essência da escola.

O direito à Felicidade. A Felicidade Interna Bruta

O papel da saúde sem felicidade.

O mesmo se aplicava ao sistema de saúde. No final do século XIX, a França, a Alemanha e o Japão começaram a oferecer assistência médica para o povo em geral. Financiavam a vacinação dos bebês, dietas balanceadas para as crianças e educação física para os adolescentes. Drenaram pântanos fétidos, exterminaram mosquitos e construíram sistemas de esgoto. O objetivo não era fazer o povo feliz, mas tornar a nação mais forte. Os países precisavam de soldados e trabalhadores robustos, mulheres saudáveis que dessem à luz mais soldados, mais trabalhadores e burocratas - e não de pessoas doentes e acamadas.

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As aposentadorias surgem na Alemanha...

Otto von Bismarck, o pioneiro na instituição de pensões e aposentadorias organizada pelo governo, na Alemanha do fim do XIX, tinha como objetivo principal garantir a lealdade dos cidadãos. Não pensava em incrementar o bem-estar, a felicidade. Lutava-se pelo país aos 18 anos, pagava-se impostos porque as pessoas contavam que o governo cuidasse delas aos 70.

O direito à Felicidade. A Felicidade Interna Bruta

Em busca da Felicidade Interna Bruta.

Atualmente, os melhores pensadores insistem que devemos substituir o Produto Interno Bruto (PIB) pela Felicidade Interna Bruta (FIB). Afinal, o que as pessoas querem? Elas não querem produzir ou morrer em uma guerra. Querem ser felizes. A produção é importante porque provê a base material para a felicidade. Mas ela constitui apenas o meio, não o fim. Esse tipo de lógica pode levar a humanidade a eleger a felicidade como o objetivo mais importante para o século XXI. Não há por que não sermos felizes.

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