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Em Pauta

O segredo das "proteínas" que circulam nas academias.

Mário Sérgio Lorenzetto | 16/03/2019 07:13
O segredo das "proteínas" que circulam nas academias.

A proteína em pó ou em barra foi convertida em um dos grandes filões da indústria associada ao esporte. Nada menos de 56% daqueles que frequentam academias no Ocidente reconhecem ter consumido suplementos "ergonutricionais". Buscam, sobretudo, melhorar o rendimento esportivo, mais energia é massa muscular. Muitos o tomam, inclusive, porque seus oponentes ou amigos o fazem. E a principal fonte de informação é o personal training, travestido de medico e nutricionista. Nada entendem do que apregoam, mas vendem como poucos. Menos de um frequentador de academia vai a um médico indagar sobre o uso dessas proteínas. Os personal training e vendedores de lojas de suplementos proteicos estão se convertendo em curandeiros.

O segredo das "proteínas" que circulam nas academias.

Tentando aproveitar a janela metabólica.

O que justifica essa imagem do esportista de academia sorvendo uma batida de grandes dimensões? Uma equação simples: para criar massa muscular ou reparar a destruída durante os exercícios se torna necessário ingerir proteínas. Creem que há duas opções: a primeira é engolir uma barrinha tão logo termine o treinamento. A segunda, ingerir um copo de bom tamanho de uma batida instantânea. E por que tanta pressa? Tem de aproveitar a janela metabólica, esse precioso tempo que vai de 30 minutos a duas horas após os exercícios em que o organismo absorve, como águas de março, os nutrientes para a devida restauração. Um pouco de água, uma medida de pó de proteína, bater no liquidificador... e pronto. Ou assim deveria ser.

O segredo das "proteínas" que circulam nas academias.

Na biologia nem sempre dois mais dois dá quatro.

Mas na Biologia Humana nem sempre dois e dois soma quatro. Que dois indivíduos treinem no mesmo nível, não significa que se recuperem igualmente. Nem todos têm a mesma facilidade para converter essas barras e pós de proteína em proteínas musculares. Inclusive se usarem a mesma batida. É essencial que saibam que cada indivíduo tem uma capacidade anabólica diferente. Depende, principalmente, de seu perfil hormonal. Sobretudo de hormônios sexuais e de crescimento. Também depende de sua predisposição genética. Existem variantes humanos que os tornam mais propensos a hipertrofiar seus músculos. E é claro, há aqueles que têm imensa dificuldade nessa procura pela hipertrofia. Também é importante saber quais são os outros alimentos que costumam ingerir. Uma boa quantidade de carboidratos estimula a resposta da insulina, facilitando que os aminoácidos entre nas células musculares. Esse é um conhecimento típico dos médicos. O melhor balanço alimentar deve ser conhecido por cada indivíduo conversando com seu médico e com um nutricionista. E nesse balanço, há, ainda, a capacidade intrínseca dos músculos de sintetizar suas próprias proteínas à partir dos aminoácidos. Vale a repetição: só as consultas médicas e com nutricionistas podem esclarecer a quantidade necessária de proteínas a ser ingeridas por cada indivíduo.

O segredo das "proteínas" que circulam nas academias.

A síntese proteica não é a mesma para homens e mulheres.

Se você é mulher ou é jovem, saiba que a síntese proteica também está condicionada ao sexo e à idade. As mulheres, por seu perfil hormonal, tem menor capacidade hipertrófica. Ou seja, os músculos crescem menos. A idade também é determinante. Quanto mais anos, menor a capacidade de hipertrofiar os músculos. A verdade é que ocorre o inverso: há um aumento substancial nas possibilidades de atrofiá-los com o avançar dos anos.
Como se vê, o corpo humano põe suas regras e a indústria dos suplementos proteicos se esmera em enganar a muitos descuidados.

O segredo das "proteínas" que circulam nas academias.

A recomendação da OMS não é cumprida no mundo fitness.

Existe uma tendência crescente no mundo fitness de exagerar a relação entre o consumo de proteínas e os resultados esportivos ou musculares. Quase todos tomam muito mais do que o necessário. A OMS - Organização Mundial da Saúde - recomenda o maximo de 0,83 gramas por quilo de massa corporal por dia. É comum verem "receitar" nas academias e lojas até quatro vezes essa quantidade. Isso é um absurdo. Não sabem ou se esquecem que em suas alimentações diárias há muita proteína nas carnes e nos vegetais que consomem.

O segredo das "proteínas" que circulam nas academias.

Os danos pelos excessos no consumo de proteínas.

Há um dano bem claro. Ele está situado em um dos mais importantes órgãos de nosso corpo: na carteira. Essas barras ou vitaminas são caras e o consumo exagerado só serve para causar uma " doença grave" em suas finanças. Além de ser expelidas sem nenhum rendimento concreto para o corpo.
Em indivíduos sadios, a ciência não demonstrou efeitos prejudiciais - como danos renais ou hepáticos. Os testes chegaram a 4,4 gramas por quilo por dia sem obter qualquer dano ao organismo humano. O único senão a essa pesquisa é que só acompanharam os usuários por dois anos. Pouco tempo para uma medição de melhor qualidade. Ainda assim, só por precaução, deveriam evitar os exageros das dietas hiperproteicas. Além do mais, essas compras são integralmente desaconselhadas. Lembrem-se: não existem melhores proteínas do aquelas que estão nos alimentos comuns que engolimos diariamente. Se a dieta é bem planejada e balanceada, os suplentes proteicos não nos trazem uma só vantagem.

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