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Em Pauta

O único motivo de alguém não se defender quando acusado é não ter defesa alguma

Mário Sérgio Lorenzetto | 24/05/2015 08:07
O único motivo de alguém não se defender quando acusado é não ter defesa alguma

A "Paciência Zero" contra a "Tolerância Zero".

O Prefeito de Campo Grande anuncia que a partir de agora terá "Tolerância Zero" para com as denúncias que pululam a cada dia sob sua pessoa e seu mandato. Antes tarde, do que mais tarde, senhor prefeito. O único motivo de alguém não se defender quando acusado é não ter defesa alguma. Pelo menos algo minimamente consistente a dizer.

Esta coluna em suas quase 4.000 notas, jamais apresentou uma só denuncia sobre quem quer que seja. Não há a prática do famigerado "jornalismo marron" e nem a procura fácil do escândalo. Mas esta coluna, eventualmente, cobra melhores dias para nossa cidade, nosso Estado e o país. A questão que a todos importa não é sua "Tolerância Zero", e sim nossa "Paciência Zero" com tua administração bagunçada. A imensa maioria da população se impacienta a cada dia com tua total falta de competência para administrar esta capital e, principalmente, tua falta de credibilidade.

A população desta cidade não se interessa pelo que o senhor diz ou tem a dizer, mas pelo que tem a obrigação de fazer - consertar os rumos da pior administração da história. Faça muito e fale menos e terá nosso respeito. Demita todos os mil comissionados que estão pendurados nos cofres públicos. Reorganize seu primeiro e segundo escalão, eles não deram resposta alguma à cidade. Convoque entidades como o Gaeco para administrar junto com o senhor. Convoque a Polícia Federal para participar de tua administração. São entidades respeitáveis e lhe darão o suporte necessário para mostrar que deseja organizar a prefeitura. Esqueça as eleições que se aproximam, o senhor não é aceito em nenhum dos grandes e médios partidos existentes. Sonhar em disputar um pleito dessa envergadura é uma imagem que se perdeu no horizonte. Enfrente com tenacidade os vereadores, mostre à população o que muitos deles, quase todos, realmente desejam (ganhar eleições a qualquer preço). Perca a paciência pelos mesmos motivos que perdemos com tua péssima administração.

O único motivo de alguém não se defender quando acusado é não ter defesa alguma
O único motivo de alguém não se defender quando acusado é não ter defesa alguma

Nasce o banco dos Medici.

Em 1385, Giovanni Medici se tornou administrador da filial romana de um banco dirigido por um de seus parentes, Vieri di Cambio de' Medici, um agiota em Florença. Em Roma, Giovanni construiu sua reputação como negociante de moedas estrangeiras. Mas Giovanni enxergou claramente oportunidades ainda maiores em sua Florença Natal. Os novos negócios foram com as notas de câmbio (cambium per literas), que haviam sido desenvolvidas ao longo da Idade Média como um meio para financiar o comércio. Se um mercador devia uma determinada soma a outro mercador, e ela não pudesse ser paga em espécie até a conclusão da transação alguns meses depois, o credor podia emitir uma nota sobre a dívida e usá-la como meio de pagamento do que lhe era devido (ou para obter moeda), mediante um desconto, de um banqueiro disposto a atuar como agente intermediário. Essa foi a essência dos negócios dos Medici. Não havia cheques; as instruções de como agir com o dinheiro eram dadas verbalmente e registradas nos livros contábeis dos raríssimos bancos existentes. Não havia juros; os depositantes não tinham coragem de enfrentar a igreja católica que os proibia. Eles recebiam "discrezione" (em proporção aos ganhos anuais da firma) para compensá-los por arriscar seu dinheiro. O livro "segreto" - literalmente o livro secreto - de Giovanni di Bicci de' Medici joga uma luz fascinante sobre a ascenção dessa família. Era apenas um livro de contabilidade meticulosa.

O único motivo de alguém não se defender quando acusado é não ter defesa alguma
O único motivo de alguém não se defender quando acusado é não ter defesa alguma

As doenças psíquicas do Brasil entre muros. Os condomínios e o mal-estar.

Usar a psicanálise para pensar o país e para fazer a crítica social. Buscar a compreensão do mal-estar e do sofrimento no Brasil contemporâneo. Cristian Dunker, professor de psicologia da USP, sintetizou suas ideias em uma imagem poderosa: a vida em forma de condomínio.

O professor diz que há uma psicopatologia do Brasil entre muros e uma existência regida pelas determinações dos síndicos. "Aquilo que era o sonho de consumo de muita gente, a vida isolada, com a convivência apenas entre iguais, se transformou em um inferno particular", diz Dunker. A hipótese central de Dunker é a de que a vida em condomínio caracteriza o mal-estar dominante no capitalismo à brasileira, ou seja, ela é efeito e causa de formas específicas de sofrimento.

Mas, o que afinal de contas, o condomínio nos diz sobre o sofrimento? Esse modelo de moradia, surgido no país no início dos anos 1970, preconiza, entre outras coisas, o isolamento do "resto", a sociabilidade seletiva e a privatização do que antes era público - de segurança a praças. Exclui-se, assim, o que está fora dos muros. Acontece, porém, que, se convivemos apenas entre iguais, temos maior dificuldade de nos pôr no lugar do outro. Tendemos não apenas a ver crescer nosso narcisismo como a enxergar no outro uma ameaça, amplificando o medo. Mas do surgimento dos muros de proteção dos condomínios para hoje em dia o que mudou é que o isolamento se revelou impossível, seja pelos problemas de acesso, seja pelos delitos praticados no interior do condomínio. Os muros não bastam mais. O velho sonho está em crise. As novas gerações não querem nem pensar em uma vida totalmente administrável, controlável e fechada entre muros. O que vai ficando claro é que algumas manifestações da sociedade, como o Movimento Passe Livre ou a proliferação das bicicletas nas ruas, estão na mão oposta da ideia de condomínio.

O único motivo de alguém não se defender quando acusado é não ter defesa alguma
O único motivo de alguém não se defender quando acusado é não ter defesa alguma

Em busca da beleza eterna.

No princípio fez se a luz. A luz da beleza. Para preservá-la não basta dinheiro. Não existe tratamento, por mais caro que seja, que resista a hábitos alimentares ruins e noites mal dormidas. O Brasil, terceiro maior mercado global de beleza e cuidados pessoais, movimentou incríveis R$130 bilhões no segmento no ano passado, e a categoria de cuidados para a pele respondeu por R$ 12 bilhões desse montante. E tem mais: a consultoria Euromonitor Internacional aponta que, em 2019, um terço das vendas de produtos de beleza em todo o mundo será proveniente de produtos voltados para os cuidados com a pele (a propaganda usa o termo em inglês: "skin care").

Não é à toa que grifes do mundo fashion, como Hermès e Dior, investem na beleza. Outras como Lancôme, Kiehl´s, Shiseido e Carolina Herrera, ampliam seu mercado no Brasil ano a ano. Outra que vem ocupando espaços é a norte-americana SkinCeuticals. A australiana Aésop, comprada pela Natura, abrirá sua primeira loja em São Paulo. Os dermatologistas dizem que há necessidade de ter um sabonete facial, um tônico, um filtro solar, um creme noturno e um hidratante corporal, no mínimo. É preciso aliar a saúde da pele com as finanças. E isso não é uma tarefa fácil. A qualidade versus o preço tem importância nesse mercado. Os produtos mais caros não trazem apenas a marca como valor agregado; carregam alto valor de investimentos em pesquisas e desenvolvimento de novas tecnologias. E, no princípio fez se a luz, mas essa luz está cada dia mais cara.

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