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Em Pauta

Vida, esquecimento e pirataria do Botox

Mário Sérgio Lorenzetto | 30/08/2020 07:00
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Até há pouco, o Botox era "coisa de mulher". Hoje, é usado em mais de 30 casos, além de apagar rugas. Evita espasmos musculares graves (causados por AVC), alivia enxaqueca persistente e interrompe alguns casos de arritmia. A empresa que produz o Botox criou um creme que será usado em casos de transpiração excessiva e acne severa. Outros 25 novos produtos estão sendo estudados. A Allergan é uma grande fábrica de Botox e de dinheiro. Rende mais de US$ 3 bilhões por ano.


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Feito para matar a população de uma cidade inteira.

O Botox é um veneno, ou melhor, é uma toxina. Descoberta em 1895, essa toxina produzida pela bactéria Clostridium tetani, consegue paralisar os músculos do corpo. Quem a descobriu foi um belga de nome Emile van Ermengem, que a encontrou em um presunto estragado. Esse presunto tinha matado 3 pessoas, por parada cardíaca e respiratória, e intoxicado outras 31. Caiu no primeiro esquecimento por mais de 40 anos. Durante a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos desenvolveram técnicas para cultivar a bactéria, extrair e purificar a toxina botulínica, com a intenção de usá-la como arma biológica para matar alemães e japoneses. Era a rival da bomba atômica. Como tinha de ser dispersada de maneira uniforme sobre as cidades da Alemanha e do Japão, o que na prática é muito difícil, acabaram abandonando a ideia. Mas verificaram que uma grama da toxina, o equivalente a uma ponta de um lápis, seria suficiente para matar a população inteira de uma cidade com 1 milhão de habitantes. Isso dá uma ideia da periculosidade dessa toxina. Caiu no segundo esquecimento.


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O Botox foi criado para resolver o problema do estrabismo.

Até a década de 1980, outros 40 anos depois da ideia da bomba de botox, uma das poucas pessoas que lembrava do Botox era um cientista denominado Ed Schantz, que havia participado das pesquisas da tal bomba. Ed Schantz encontrou com um oftalmologista de nome Alan Scott que procurava alguma substância para resolver o problema do estrabismo. Tiveram a ideia de injetar minúsculas porções da toxina nos músculos oculares dos pacientes para relaxá-los e, assim, curar o estrabismo. Deu certo. Patentearam a toxina com o nome de Oculinum. Em 1987, Alastair Carruthers, um médico canadense, percebeu que a toxina tinha um efeito inimaginável: as injeções eliminavam rugas. Recebendo essa informação, a empresa norte americana Allergan, comprou a invenção de Scott a preço de banana em fim de feira. E deu a ela um nome bem chamativo: Botox.


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Pirataria?

A toxina botulínica era produzida somente nos Estados Unidos, em um laboratório que só a empresa e o governo dos EUA sabem o endereço. É ultra top secret. Isto é: ultra top perigoso. Um vazamento teria consequência catastróficas. Desse lugar secreto é transportado de avião até a Irlanda. A coisa é tão braba que são obrigados a fazer 10 mil verificações ambientais por semana na fábrica irlandesa para checar que não houve vazamento. E o pior, essa fábrica fica dentro de uma cidade denominada Westport, a 250 km de Dublin.
Em 2013, a Allergan se associou à sul coreana Medytox para comercializar a toxina botulínica no país asiático. A parceria correu bem por alguns anos. Até que outra empresa sul coreana - Daewoong - lançou um concorrente do Botox. O Jeauveau, concorrente do Botox, está sendo usado mundialmente, obtendo os mesmos efeitos do Botox. A Allergan está acusando a Daewoong de pirataria. Afirma que um funcionário da Medytox teria roubado uma caixa da toxina e vendido para a Daewoong.  A sentença causou espanto. O juiz afirmou que só seria possível julgar caso a Allergan e a Daewoong revelassem o processo de produção de seus produtos. Seria algo como quebrar a patente. Dezenas de outras empresas farmacêuticas começariam a produzir essa toxina.

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