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Manoel Afonso

Os desafios do candidato Jr. Mochi

Manoel Afonso | 17/08/2018 08:22

E AGORA? Inegáveis o bom conceito e a simpática imagem do deputado estadual Jr. Mochi – no exercício do mandato, fora dele ou ainda por onde passou ao longo de sua vida. Paulista de Itápolis, de fala fácil e gestos generosos que facilitam qualquer diálogo em situações distintas, não foi escolhido e nem aceitou por acaso esse desafio em circunstâncias tão peculiares.

JEITOSO Pode até ser fácil chegar à presidência da Assembleia Legislativa, mas difícil é saber lidar com tantos interesses conflitantes no plenário e fora dele. Neste período no exercício do cargo, Jr. Mochi demonstrou a qualidade de agregar de forma harmônica, sem perder a autoridade e conservando os atributos pertinentes. Foi ele interlocutor do Legislativo com o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) com quem sempre manteve relações cordiais desde a época em que era prefeito de Coxim e Maracaju – respectivamente.

CORAGEM Depois que a Simone Tebet (MDB) desistiu de enfrentar a batalha, Jr. Mochi surpreendeu aceitando o desafio. O olhar dele foi mais profundo: enxergou os eleitores espalhados pelas cidades interioranas onde o partido é consistente; confiou no eventual reconhecimento da população pelas administrações do MDB e finalmente confiou na sua própria capacidade para tentar reverter o quadro desgastado do partido em face dos escândalos que levaram à prisão o ex-governador Puccinelli inclusive. Esse é o seu desafio maior.

ENFIM...essa é mais uma eleição na vida de muitos políticos, mas para Jr. Mochi pode ser até a mais importante, ou quem sabe a última. Uma coisa é certa: a presença dele como um dos concorrentes ao pleito vai colaborar enormemente para reinar um clima de democracia gentil, sem situações degradantes comuns ao evento. Jr. Mochi também é partidário do bom combate.

1-RETROVISOR Reeleito em 2014 com 34.200 votos, contra os 31.882 votos de 2010, o deputado Jr. Mochi ganhou destaque no MDB e se elegeu presidente da Assembleia Legislativa em duas eleições. Em 2010 não foi votado em Japorã, Paranhos, Selvíria e Sete Quedas. Em 2014 só não recebeu votos em Ladário, Novo Horizonte do
Sul e Tacuru.

2-RETROVISOR Seus maiores redutos em 2014: Coxim 4547 votos, São Gabriel Doeste 4.342, Campo Grande 3.996, Rio Verde de Mato Grosso 2.323, Rio Brilhante 2.066, Sonora 1.653, Aparecida do Taboado 1.593, Costa Rica 1.344, Camapuã 1.261, Pedro Gomes 1.160, Laguna Carapã 697, Rochedo 641, Paraíso das Águas 610, Nioaque 598 Figueirão 596, Rio Negro 581 Chapadão do Sul 578 votos, Paranaiba 544.

CONSEQUÊNCIAS Esses redutos eleitorais onde Jr. Mochi foi votado em 2014 oferecerão espaço aos postulantes estaduais. A região Norte, onde ele manteve a hegemonia nos últimos dois pleitos, oferecerá oportunidades de votos. Evidente, o partido está atento a isso, mas o exercício do paraquedismo não está sujeito a regras partidárias. Quem for mais competente levará maior parcela destes votos sem dono, porque a maioria deles passa pela identificação do eleitor e o candidato.

A SITUAÇÃO do ex-governador Puccinelli (MDB) é grave, pois o Ministério Público Federal assim se reporta em trecho de denúncia na Justiça Federal: “Na condição de governador do Estado de Mato Grosso do sul, entre os anos de 2007 e 2015, por pelo menos 32 vezes, livre e consciente, no comando do esquema criminoso acima descrito, aceitou receber para si e para outrem, direta e indiretamente, em razão de seu cargo público, vantagens ilícitas pagas pela JBS”.

O LEGADO de Puccinelli, não pode ser visto exclusivamente pelas obras físicas que construiu, mas também pelo escândalo que culminou com sua prisão, junto com outras pessoas já identificadas pela mídia. Pena, é a primeira vez que temos um ex-governador nesta situação vexatória, indefensável até para seus companheiros nestas eleições. O MDB terá que lidar com esse fantasma que o estigmatizou pela corrupção de lideranças suas - que hoje desfrutam das ‘quentinhas’ nos presídios. Portanto será difícil colar o rótulo de vítima no ex-governador André.

SURPRESA O ex-governador André Puccinelli (MDB), segundo os bastidores, teria outra missão neste pleito: tentar uma vaga na Câmara Federal para também ajudar a eleição de outros emedebistas. A Resolução do TSE dispondo sobre o registro de candidaturas – no artigo 68 – faculta a substituição em vários casos, inclusive de renúncia de algum postulante do partido ou coligação. Além do mais o mandato é a escada rumo ao foro privilegiado que Puccinelli precisa

CHUMBO GROSSO Sob a presidência do juiz da 3ª. Vara Criminal de Campo Grande o processo por crime de ocultação de bens envolvendo o ex-deputado federal Edson Giroto (PR), sua mulher Rachel R. Jesús P. Giroto, além do cunhado Flávio H. Garcia Scrocchio terá novos atos (oitiva de testemunhas de acusação) em setembro vindouro.

Ao todo são 7 as denúncias ( ações penais) do Ministério Público Federal no caso conhecido como ‘Lama Asfáltica’, onde busca-se o ressarcimento do valor de R$300 milhões que teriam sido desviados dos cofres públicos.

É PENA A decisão do senador Pedro Chaves (PRB) em renunciar a candidatura foi outra novidade nesta semana agitada nos meios políticos. Ao seu estilo equilibrado entendeu que esse seria o melhor caminho para evitar desgastes e preservar sua imagem respeitosa. Mas até o final de seu proveitoso mandato continuará atuante em prol do país e do Estado. Realmente a vida pública partidária é desgastante, complicada.

NA MÍDIA O candidato Odilon de Oliveira (PDT) volta a ser notícia na grande mídia. A Época traz uma matéria revelando que a campanha eleitoral do ex-magistrado será acompanhada e aproveitada no documentário ‘Odilon – réu de si mesmo’ – que será produzido pela Your Mamma e HBO, com roteiro e direção de Leandro Lima.

PROCUREI e achei no dicionário o termo para definir a figura do Procurador Sergio Harfouche. Indômito – o mesmo que indomado, alguém que não se deixa vencer ou subjugar. Após a malfadada indicação a vice governador na chapa do MDB ele continua em pleno vigor candidato ao senado pelo seu partido PSC. Mas convenhamos: ele saiu chamuscado ao associar-se a um partido (MDB) marcado por tanta corrupção em todos os níveis. Vamos ver como ficará agora seu discurso moralista.

RICOS e REMEDIADOS Nem sempre as declarações do patrimônio de candidatos à Justiça Eleitoral correspondem à realidade devido aos ‘laranjais’, mas vale mostrar o quanto cada candidato ao governo estadual disse possuir. Reinaldo Azambuja (PSDB) R$38,6 milhões; João Alfredo Dainezi (PSOL) R$6,654 milhões; Odilon de Oliveira (PDT) R$ 1,599 milhão; Junior Mochi (MDB) R$1.453.722,52; Marcelo Bluma (PV) R$1,374 milhão; Humberto Amaducci (PT) R$ 447.423,48.

INTERNET Decisiva nas eleições. Mais de 127 milhões de usuários do Facebook e mais de 120 milhões de usuários no WatsApp. Provocações, difamações diversas, deformação de imagens e notícias falsas atingirão também o público antes excluído do debate político. Candidatos vão investir e cuidar bem deste setor da campanha. Será o fim da hegemonia da televisão.

ATENÇÃO O público sem tempo para cansar: teremos apenas 12 programas eleitorais no rádio e TV com os candidatos da chapa majoritária, além das inserções partidárias que pegam o telespectador de surpresa. Com as novas regras o pleito ficará engessado e as cidades mais limpas, com certeza. É preciso ver se todas as inovações resultem na escolha dos melhores candidatos.

A GUERRA nas ruas embora previsível, ainda desenha-se tímida por várias razões. Mas é bom a população ir se acostumando: já é permitida a circulação de veículos com serviço de som – das 8 horas às 24 horas. Também autorizada a tradicional distribuição de santinhos nas ruas e outros materiais de campanha. E o eleitor: aceitará ou rejeitará?

TRAMPOLIM As câmaras municipais continuam sendo o primeiro passo para a política partidária. Evidente que existem outros casos no interior, mas só da capital são 13 vereadores candidatos por partidos diversos. Cada qual com seus argumentos que vão de ‘nada a perder’, ‘aprendizado’, ‘chance divulgação do nome e imagem’, ‘contribuição ao partido’.

SÓ NO BRASIL O cidadão é processado, condenado e preso após tantas firulas jurídicas e agora quer ser candidato a presidente da república e ainda por cima participar dos debates entre os candidatos. Não foi por acaso que fui obrigado a ouvir no exterior tantas piadas e críticas sobre nosso país, suas instituições e sua gente metida a esperta. Vamos continuar no Terceiro Mundo até quando? “Eleições é o mais avançado processo para eleger futuros processados”. (Fraga)

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